Pernambuco.com
Pernambuco.com
Notícia de Divirta-se

ARTES VISUAIS

Dança-exposição promove reflexões sobre maternidade no Mercado Eufrásio Barbosa

Público poderá assistir gratuitamente às apresentações da instalação performada pela artista Iara Sales

Publicado em: 24/07/2024 06:00 | Atualizado em: 24/07/2024 14:37

 (Foto: Tonlim Cheng)
Foto: Tonlim Cheng
Gerar e cuidar de um ser humano desequilibra as múltiplas camadas que formam a identidade feminina. Com o tempo e a energia dedicados exclusivamente à maternidade, mães artistas enfrentam o desafio de inserir sua arte na rotina caótica, seja ela no estado de gestação, puerperal ou na criação de um ou vários filhos. Iara Sales, que é mãe, artista, pesquisadora e educadora da dança e da performance, apresenta reflexões e desabafos para restabelecer a divisão dessas camadas na instalação performática “Pequeno manual de sobrevivência para mães artistas”, de hoje à sexta-feira, sempre às 20h, no Mercado Eufrásio Barbosa. O acesso é gratuito ao público acima de 12 anos.

Durante o ciclo de apresentações, o público verá a artista se mover entre dança, performance e artes visuais .A instalação será formada por oito ‘pedaços-obras’ que revelam a intimidade de Iara, refletida também nas experiências de outras mulheres. “São obras como cenas de um espetáculo de dança, ou capítulos de um livro. No caso, agora estou chamando de pedaços-obras, que juntos compõem essa dança-exposição, um casamento entre meus fazeres artísticos profissionais”. Iara, em sua performance, mergulha em emoções que ecoam as vivências das mães artistas, dentre as quais ela cita: “Um desabafo, um grito, um choro compartilhado, um afeto, um abraço e um colo".

As apresentações estão dispostas na seguinte sequência: 1- Grito (Suporte: vídeo); 2- Eu não estou aqui! Estou? (Suporte: fotografia); 3- Áudio-dança “Tutorial para começar a mover” (Suporte: áudio); 4- Dança caseira (Suporte: Corpo); 5- Colo (Suporte: filme-dança e corpo);  6- Dança-livro (livro de artista falado), com os capítulos performados Umbigo, Garatujas, Soterrada e Invisibilizada ou cancelada;  7- Pequeno manifesto coletivo; e 8- Divinas tetas (Suporte: corpo). 

Iara Sales sofreu retaliações por alguns artistas e colegas de profissão enquanto conciliava a maternidade e a profissão. As dores se converteram em combustível para seu projeto, que busca iluminar e refletir sobre as experiências e desafios das artistas mães. “A partir dessa experiência comecei a vivenciar cancelamentos, tentativas de boicote e invisibilidade. Isso pelo fato de estar gestante e com isso ser taxada de não poder exercer plenamente minhas funções. Foi um gatilho para fincar o pé e começar a pensar na condição do corpo que gesta e do corpo-mãe”.

Ainda em período de puerpério, Iara participou de uma residência artística em Cali, na Colômbia, acompanhada pelo filho de 1 ano e 4 meses, seu companheiro Tonlin Cheng e o parceiro de trabalho Sérgio Andrade. "Essa experiência me fez perceber que realmente minha vida nunca mais seria a mesma e eu teria que fazer um esforço para ‘sobreviver’. O que fazer com tudo isso? Criar. Criar um filho, criar experiências e trabalhos artísticos. Daí vem a pandemia e exacerba tudo”, conta. Em 2021, surgiu a iniciativa “Mãe-artista ou Artista-mãe?”, uma residência artística remota voltada para mães artistas da dança, com apoio da LAB PE. O projeto reuniu mães de todas as cinco regiões do país."

O primeiro eixo de “Pequeno manual de sobrevivência para mães artistas” ocorreu em 2023, com realização do “2º Semina%u0301rio Conversas sobre Artes e Maternagens – Mãe, deixe a peteca cair!” e da “2ª Residência artística da Coletiva Mãe Artista”. Desta vez, o processo de pesquisa, além da triangulação dança-performance-artes visuais, envolveu estudos de filosofia sócio-política. A artista também estimula o público a pensar sobre o que é ser mulher, mãe-artista invisibilizada e “cancelada” pelo sistema capitalista patriarcal que exige uma rotina de produção acelerada, incompatível com o tempo puerpério da maternidade.

Iara descreve sua abordagem como uma tentativa de "desacelerar o tempo" e "convidar à suspensão". Ela incentiva mães, pais, filhos e filhas a participar da instalação performática para um momento introspectivo, como uma alternativa às exigências produtivas do sistema capitalista. "Que tal pararmos para dançarmos uma dança caseira? Meu grito mudo será ouvido e ecoado, porque ele se faz no coletivo."
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Estudantes brasileiros simplificam a linguagem científica sobre a China
Deputado brasileiro   E possivel o Brasil ser uma China da America Latina
Para Luciana Santos, reindustrialização brasileira necessita do apoio da China
Wellington Dias: Brasil coopera com a China para criar aliança global contra fome e pobreza no G20
Grupo Diario de Pernambuco