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Artes plásticas

Generator é a primeira instalação de Marina Abramovic ao ar livre no Brasil

Instalada em uma área recém-expandida do Parque, %u201CGenerator%u201D potencializa as reflexões de Abramovi%u0107 sobre a transformação de expressões materiais da natureza em curas humanas

Publicado em: 05/02/2024 06:00

 (Andréa Rêgo Barros/ Divulgação)
Andréa Rêgo Barros/ Divulgação
Após a hegemonia da cultura canavieira, na antiga Usina Santa Terezinha, a população do município de Água Preta, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, testemunhou o início de uma safra que redesenhou o cenário socioeconômico local. A prática da moagem de cana deu lugar às 40 obras e instalações que compõem o acervo do Parque Artístico-Botânico Usina da Arte. No último sábado (3), o terreno de 43 hectares se provou novamente como solo fértil de cultura e arte após a inauguração da obra “Generator”, assinada pela sérvia Marina Abramovi%u0107. É a primeira exibição da artista em espaço aberto ao público no Brasil.

Instalada em uma área recém-expandida do Parque, “Generator” potencializa as reflexões de Abramovi%u0107 sobre a transformação de expressões materiais da natureza em curas humanas. A conexão com o público se dá por quartzos rosas - conhecidos por transmitirem calma e serenidade. A obra traz um muro com 25 metros de comprimento, 3 de altura e 2,5m de largura, no qual estão aplicados 12 conjuntos com três almofadas do mineral que veio de Minas Gerais, para que o público encoste a cabeça, o coração e o estômago.

Inspirada em sua performance na Grande Muralha da China, em 1988, a artista propõe uma troca: “eu lhe dou o trabalho, você me dá seu tempo”, conduzindo as pessoas ao encontro da conexão profunda.”A função do Generator não é apenas uma escultura. Destina-se à interação pública com os cristais e a sua energia, na esperança de restaurar a nossa capacidade de nos conectarmos com a natureza através da quietude e da presença no aqui e agora", defende a sérvia radicada em Nova York.

Marina Abramovi%u0107 retornou seu olhar à Mata Sul pernambucana há mais de um ano, quando iniciou um processo de residência artística remota. Seu diretor artístico, Hugo Huertas, passou uma temporada na Usina para processos de pesquisa em março do ano passado. Por fim, em setembro, houve uma reunião de trabalho com os fundadores do equipamento pernambucano, o casal Ricardo e Bruna Pessoa de Queiroz, e o curador do espaço, Marc Pottier, para afinarem os detalhes do projeto “Estabelecemos um cronograma de pesquisas e trabalho para os meses seguintes”, relata Bruna.

Admirador do trabalho da artista, com quem trabalhou pela primeira vez em 1995, Marc Pottier exalta o alinhamento entre o seu pioneirismo performático e a meditação. “Não podemos esquecer que se trata de uma artista mulher, e isso é algo bastante complicado. Principalmente trabalhando com o limite do corpo, e o limite humano. Então é um estilo de performance único que não existe tanto no mundo. Ao lado dessa performance ao vivo, também há o trabalho de colocar o público em contato com a energia das pedras, fazendo da arte um balanço que vai a dois extremos. Assim, acima de tudo isso, ela é uma figura única, com ecos bem fortes aqui no Brasil”, comenta. 

A instalação de “Generator” no Parque remonta ao protagonismo global da Usina Santa Terezinha nos anos 1950, quando foi considerada a maior fabricante de álcool e açúcar do país. Ao invés do comércio, os estrangeiros estão sendo atraídos pelo chamariz da arte, cultura e meio-ambiente. “Entendemos como o caminho natural a internacionalização do acervo da usina, crescemos com essa troca, ampliamos o olhar, oferecemos à nossa comunidade e ao nosso visitante a oportunidade desse contato”, explica a presidente. Abramovi%u0107 se junta a Alfredo Jaar e Anne e Patrick Poirier entre os nomes internacionais do espaço.

Antes da estreia de 'Generator' no Brasil, Marina Abramovic foi destaque no início de janeiro na Royal Academy, em Londres, com uma exposição retrospectiva que celebrou meio século de sua carreira. Ela se tornou a primeira mulher, em 255 anos, a ocupar todas as salas do museu com uma exposição individual. Por mais de cinco décadas, a artista performática nascida em Belgrado, na antiga Iugoslávia, tem explorado a interação entre o ser humano e os elementos naturais através de performances que testam os limites físicos e mentais do corpo.


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