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Cânone do teatro, agora no Recife

Celebrando os 60 anos da principal montagem realizada no Brasil de um dos grandes textos dramáticos, %u2018O Dybuk%u2019 chega com apresentação única no Teatro Apolo, neste fim de semana

Publicado em: 20/02/2024 06:00

 (Nelson Kao/ Divulgação)
Nelson Kao/ Divulgação
Durante muitos anos considerada uma das peças mais importantes da história, O Dybuk, escrita pelo autor russo Sch. An-Ski, ganha nova montagem com leitura dramática no Recife com elenco de diversas gerações do teatro pernambucano, em sessão única realizada neste sábado, dia 24, às 16 horas, no Teatro Apolo. Celebrando os 60 anos da principal montagem brasileira do texto, o projeto reúne veteranos do teatro local, como José Mário Austregésilo, Albemar Araújo, Germano Haiut, Renato Phaelante e Samuel Hulak, que confluem suas experientes trajetórias artísticas em função desse enredo popularmente tratada por muitos como o 'Romeu e Julieta judaico'.

A montagem da peça realizada em 1963, pelo Teatro de Arte Israelita Brasileiro (TAIB), foi um sucesso gigantesco na Casa do Povo, em São Paulo – espaço de orientação progressista e antifascista que, durante os anos de ditadura militar no Brasil, resistiu às perseguições do regime e representou um dos pilares fundamentais na história do teatro paulistano entre os anos 1970 e 1980. Na sinopse da obra, contada a partir do relato de parábolas do folclore judaico e de uma forma poética sob o clima místico da Cabala, a história fala do amor entre Hanã e Léa. Ela, forçada a um casamento arranjado por seu pai, recusa tal destino e morre, mas não antes de ser possuída pelo Dybuk, figura que, conforme lendas judaicas, é uma alma penada condenada que vaga pela Terra por não ter encontrado seu lugar em vida ou na morte.

Ao lado dos atores veteranos que estarão nessa leitura dramática sobre o exorcismo de uma alma sem rumo, estarão os pernambucanos Ricardo Mourão, Daniela Travassos, Roseane Tachlitsky, Ivo Barreto, Arilson Lopes, Domingos Soares, André Lombardi e Marcos Gandelsman. E, integrando o elenco diretamente de São Paulo, chegam à cidade Fortuna, Ayala Band e Sylvio Band, que, 60 anos atrás, interpretou o papel principal e fez a codireção do Dybuk brasileiro junto ao dramaturgo carioca Graça Mello, voz importante no teatro pernambucano do período.  

"Sou judeu tradicionalista, não religioso, e sigo, portanto, vários pricípios éticos do judaísmo e sou bastante ligado às questões místicas da Cabala. Conheci o texto ainda jovem, quando estava estudando arte dramática, vindo a me formar depois em teatro. Me marcou profundamente", conta Sylvio em entrevista ao Viver. "A realização dessas leituras, 60 anos depois, só prova a perenidade e eternidade dos valores da obra. O Dybuk sempre vai ser atual, importante do ponto de vista estético e ético. Um texto que, apesar de se passar no estreito mundo religioso, tem um aspecto universal ao tratar da moral, da crítica social. Foi escrita por um ateu que tinha conhecimento profundo sobre a Cabala. Mesmo que seja frequentemente reduzido a um Romeu e Julieta passado num ambiente ortodoxo judaico, é muito mais do que isso. A história de amor é um meio pelo qual o autor encontrou para fazer valer o núcleo dramático, dos conflitos. Eu não queria morrer sem antes remontar o Dybuk. Não podendo remontar na íntegra, me satisfaço com uma boa leitura dramática”, completa o ator, veterano dos palcos e também do cinema. 

No elenco paulistano da leitura de novembro, estavam nomes como Dan Stulbach, Miriam Mehler, Eliana Guttman, Ariel Moshé e Hugueta Sendacz, atriz, maestrina e bailarina de 97 anos que, para a versão de 1963, criou figurinos e música. Um ator e uma atriz de Pernambuco foram convidados a se juntar àquela equipe de 2023: Roseane Tachlitsky e Germano Haiut. "Décadas atrás, o Teatro do Estudante Israelita de Pernambuco, do qual eu fazia parte, tentou montar o Dybuk. Não deu. Naquela época, assisti à peça do TAIB e fiquei maravilhado. Ver, hoje, tantos colegas de diversos grupos do Recife juntos, nesta leitura que envolve filosofia, Cabala, tradição, me deixa muito satisfeito", comentou Germano.  
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