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CINEMA

Segundo longa dirigido por Murilo Benicio, 'Pérola' traz atuação luminosa de Drica Moraes

Publicado em: 28/09/2023 10:30 | Atualizado em: 28/09/2023 10:49

 (H20 Films / Divulgação)
H20 Films / Divulgação
Assim que recebe a notícia do falecimento da mãe, Pérola (Drica Moraes), o poeta Mauro (Leonardo Fernandes) pega a estrada em direção ao velório em Bauru, interior de São Paulo, onde viveu a maior parte da sua vida antes de se mudar para o Rio de Janeiro. O caminho em direção às origens desperta uma série de recordações que vão desde a chegada na casa antiga até os últimos dias que passou ao lado da família. E é através dessas memórias alternadas entre o doce e o amargo que Pérola, em cartaz, estabelece sua espinha dorsal, mostrando os sonhos que a mãe que dá título ao filme tinha para a construção da casa e da piscina, seus planos de decoração do lar e as expectativas com relação aos filhos.

Este é o segundo longa-metragem de Murilo Benício como diretor e foi rodado em 2018, pouco antes do lançamento do seu primeiro, uma adaptação em preto e branco de O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues, que mesclava de forma surpreendente a ficcionalização com processo de gravações e leituras de mesa. Para Pérola, o ator/diretor também buscou suas fontes no teatro e adaptou a peça homônima de Mauro Rasi (seu amigo de longa data), originalmente estrelada por Vera Holtz.

Vista pelos olhos sensíveis Mauro, cujo carinho pela mãe é proporcional às angústias que sentia por não conseguir dividir com ela todos os seus segredos, como sua sexualidade, a narrativa de Pérola não esconde sua vocação teatral (quase todas as cenas do passado ocorrem dentro da casa e as atuações estão sempre dois degraus acima do naturalismo), mas comporta a proximidade do elenco em closes expressivos e usa a paleta quente de cores de modo bastante cinematográfico. Drica encarna essa personagem calorosa e expansiva com um equilíbrio excelente entre o verossímil e a caricatura, representando os anseios de prosperidade esperados de uma mãe de classe média combinados com uma forte intuição emocional que será determinante para o fechamento do filme (“ela sempre soube, Mauro”, diz uma personagem).

Ainda que tateie um pouco no começo antes de encontrar seu pulso (alguns enquadramentos parecem cortar personagens no meio), a direção de Murilo Benício tem bastante apreço pelo material base e transforma a relação de adoração e frustração de Mauro pela sua mãe num mote emotivo facilmente identificável. Ao Viver, o diretor comentou sobre o processo de adaptação do roteiro e sobre o processo de espera até o lançamento. “A gente teve a sorte de finalizar todo o filme antes da pandemia e, de lá pra cá, ajustes muito finos foram feitos, mas meu olhar sobre ele nunca mudou, acho que desde o começo a gente estava satisfeito com o projeto e depois também com o resultado. O mais importante pra nós era não mexer na essência da peça. Sempre quis fazer um filme que eu imaginava que Mauro faria se fosse filmar e, como convivi muito com ele, vejo que ele tem um lado meio Almodóvar, na atmosfera e no uso das cores, e queria trazer isso a Pérola”, explicou.

Drica Moraes também falou um pouco sobre seu processo na composição da protagonista. “Eu não falo uma língua estrangeira de um jeito que preste, mas sou boa de fazer sotaque, seja pernambucana, mineira, gaúcha ou, aqui, interior de São Paulo. No começo, Murilo até sugeriu que a gente fizesse tudo sem o sotaque, mas eu disse logo que, com a história ambientada em Bauru, a cada cinco minutos teríamos que ter uma prosódia. Nosso elenco é um melange de sotaques e foi através dessa mistura, junto com as coisas que eu fiz, que chegamos nesse resultado tão lindo”.
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