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Samba Recife 2023 terá mistura de gerações do samba (Crédito: @kaiocads) |
Parada obrigatória para sambistas de todo o país, o 19º Samba Recife será realizado neste sábado (23) e domingo (24) em uma festa à altura das expectativas do público. O line-up deste ano apresenta mais de 20 atrações, entre nomes consagrados, ícones da nova geração e artistas pernambucanos, que vão performar em uma superestrutura montada na área externa do Centro de Convenções. Sensação mais recente do pagode, a cantora Marvvila canta pela segunda vez no evento após se apresentar no The Town e no Rock in Rio. Ela concedeu uma entrevista exclusiva ao Viver, disponível na íntegra no fim do texto.
A programação no sábado vai agradar, especialmente, o público mais nostálgico. Belo, Sorriso Maroto, Alexandre Pires, Ferrugem, Pixote, Tiee, Turma do Pagode, Kamisa 10, Marvvila, Grupo Clareou e Envolvência vão ecoar seus principais sucessos no maior palco já visto no Nordeste. Já no domingo será a vez de Ludmilla, Leo Santana, Menos é Mais, Dilsinho, Mumuzinho, Xande de Pilares, Thiago Soares, Gica, Pique Novo e Cajú pra Baixo agitar a plateia.
Sob o tema “Samba dos Sambas”, o Samba Recife caprichou na estrutura da sua 19ª edição e contará com três palcos: Palco Externo, Palco Experimenta, além do palco Pernambuco. Este último, armado na área ‘Samba Lounge’, foi reservado para artistas locais com objetivo de valorizar a produção do samba pernambucano. O público vai poder conferir as seguintes atrações: Beleza Pura, Quintal do Tocha, Taiguara, Sambar&Love, Grupo Terra, Junior Santos, Diego Dias, Balanço Black, Ali Souza, Long Neck, Afinasamba, Gabi do Carmo, Aqui de Novo, Samba Black e Rodrigo Farias.
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Banda Beleza Pura, formada por Ítalo Costa, Poca e Arthur, se apresenta no Palco Pernambuco (Crédito: Divulgação) |
Com assinatura da Festa Cheia Produções, os ingressos variam de R (1 dia - Samba Lounge) a R$ 310 (Gold Stage - Open Bar, sábado). Para quem deseja o ingresso “casadinha”, os dois dias juntos custam R$ 200 (Samba Lounge) e R$ 450 (Gold Stage). Uma novidade nesta edição são os gazebos à disposição para 12 pessoas: R$ 5.000 (um dia) e R$ 10.000 (dois dias). As entradas podem ser adquiridas no site da Bilheteria Digital ou nas lojas Adidas dos shoppings Recife, RioMar e Tacaruna.
Contrariando a norma machista que historicamente caracteriza o cenário do pagode, composto em sua maioria por artistas masculinos, Kassia Freire Marvilla firma cada vez mais seu nome artístico no gênero e também desafia paradigmas dos festivais dominados pela música pop e internacional. Marvvila chega em Pernambuco com duas criações fresquinhas: o segundo álbum intitulado Só Vvamo, lançado em agosto; e o single feminista Respeita as Mina, disponível a partir desta sexta-feira (22). Ao Viver, a cantora compartilhou a ansiedade de cantar novamente no Samba Recife, ao mesmo tempo que reconheceu a responsabilidade de pavimentar o caminho para outras mulheres no pagode.
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Marvvila se estabeleceu na música em um gênero majoritariamente mascullino (Crédito: Divulgação) |
Entrevista - Marvvila (cantora)
VIVER: Marvvila, durante uma entrevista você revelou que chegou a gravar um funk por causa do machismo no pagode. Agora você é uma referência para mulheres pagodeiras. Como você enxerga seu papel para o pagode mais inclusivo?
Eu morria de medo de entrar no pagode. Como não via muitas mulheres cantando, parecia um lugar muito distante. Cheguei a gravar funk, gostava de cantar sertanejo. Mas eu achei a minha verdade no pagode mesmo. E é um lugar desafiador. Em qualquer área que a gente trabalhe, estamos sempre sendo julgadas, nosso talento é sempre analisado. Mas ao mesmo tempo que tem alguns jogando para baixo, tem muito mais gente torcendo pelo nosso sucesso e se inspirando na nossa caminhada. E sinto que esse é o meu papel, seguir firme para ser um exemplo para meninas pretas e jovens cantoras de pagode.
VIVER: Você também rompe com a narrativa machista através das letras. Por que você decidiu cantar sobre a liberdade feminina num gênero predominantemente masculino?
O samba e o pagode é um gênero conhecido por cantar a malandragem, a festa, a alegria. Só que sempre foi o homem que falou disso, né. É importante ouvir uma voz feminina cantando sobre liberdade. É bom para o homem rever seus conceitos e para outras mulheres se inspirarem.
VIVER: Apesar de uma hegemonia masculina, você se empoderou e se fortaleceu como mulher através da música. Qual a importância do pagode no seu desenvolvimento pessoal?
Foi através da música que encontrei minha voz e minha força como mulher. O pagode me deu a oportunidade de me expressar e de compartilhar minhas experiências e sentimentos com o mundo. E ele me fez encontrar apoio e solidariedade em muitas mulheres que também estão chegando, sempre uma puxando a outra. E sou muito grata por isso.
VIVER: Depois do Rock in Rio, você se apresentou no The Town na semana passada. Como você encara esse novo momento do pagode, com mais espaço entre os principais festivais de música?
O Rock in Rio foi um momento incrível na minha carreira e a apresentação no The Town também foi muito especial. Eu vejo esse novo momento do pagode, com mais espaço entre os grandes festivais de música, como uma oportunidade única de mostrar que o pagode é um gênero que merece ser celebrado. É um reconhecimento do trabalho de tantos artistas que transformaram esse estilo em um dos maiores do país. Feliz demais em fazer parte desse movimento, ocupando cada vez mais espaços e conquistando novos públicos.
VIVER: Samba Recife é um dos maiores eventos do samba e pagode no país. Como está a expectativa para cantar no festival? Pode adiantar o que foi preparado?
O Samba Recife é realmente um dos maiores eventos do samba e pagode no país e sempre sonhei em estar lá. Fui chamada a primeira vez no ano passado e estou super animada para cantar de novo. Posso adiantar que preparamos um show especial, com muita energia, alegria e, é claro, muita música boa. Conto com a presença de todos vocês para curtirmos juntos.