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Notícia de Divirta-se

ENTREVISTA

Kleber Mendonça Filho reflete sobre o lançamento de 'Retratos Fantasmas'

Diretor reflete sobre o lançamento do seu novo filme

Publicado em: 14/08/2023 08:49 | Atualizado em: 14/08/2023 09:02

 (Edison Vara)
Edison Vara
 

Quando foi que você começou a efetivamente reunir o material e trabalhar com Retratos fantasmas?

 

Por volta de 2016, no auge de Aquarius. Muita coisa foi filmada entre 2017 e 2019. E depois da pandemia, fizemos algumas imagens em 2021. O filme foi se desenvolvendo a partir de materiais encontrados, então eu achava coisas e elas me davam novas ideias e eu tinha que reorganizar o filme para que ele pudesse receber essas novas imagens. Já cheguei a encontrar coisas incríveis mas que não caberiam bem nele e já separei para outro possível trabalho.

 

O filme é um documentário que lida com a linguagem a partir de vários elementos diferentes, inclusive de ficcionalização. Sempre foi parte da ideia fugir do documentário clássico?

 

Eu não costumo colocar meus filmes em definições tão claras de gênero ou dividindo entre ficção e documentário. Retratos fantasmas eu sempre pensei como um filme e ponto, inclusive por conta desses momentos filmados como ficção. Ele é, essencialmente, um documentário de fantasia. E, como cinéfilo, sempre gostei muito da experiência de filmes que me deixam um pouco sem saber como reagir – e isso acontece de alguma forma em alguns dos meus filmes, eu acho. O som ao redor tem momentos de suspense e terror, por exemplo, apesar de ser classificado como drama.  

 

Uma vez que o filme estava pronto, você questionou a si mesmo se ele iria ter uma repercussão forte para além do seu público conterrâneo que conhece bem todo esse cenário?

 

Essa é uma preocupação que eu sempre tenho de alguma forma, não no sentido de medo, mas de me questionar sobre qual vai ser a de cada filme, se ele vai ou não se comunicar e com quem. Nesse processo é muito bom mostrar o filme aos amigos, porque a reação deles é muito importante para a gente entender mais ou menos em que direção o filme está indo. ‘Retratos fantasmas’ é, evidentemente, muito forte por uma perspectiva local, mas me parece que, mesmo com uma reação diferente, ele teve um diálogo bom mesmo fora do Brasil. Mas é claro que você mostrar a Ponte da Boa Vista a um recifense tem um valor afetivo gigantesco, enquanto na França é uma ponte de ferro muito interessante. 

 

Seus filmes costumam colocar atores profissionais, veteranos ou estreantes, misturados com não-atores em participações às vezes de mesmo peso. Isso também fez parte do projeto de ‘Retratos fantasmas’?

 

Com certeza. Recentemente achei interessante, inclusive, ouvir de um jornalista que eu dava o mesmo tratamento para pessoas famosas e desconhecidas. Então isso está presente aqui também, não apenas em imagem mas com presenças em vida. O jeito de algumas pessoas e o que elas fazem ou faziam é colocado para que você lembre de todo mundo como figuras marcantes, desde alguém que a sociedade considera famosa a alguém que ela não considera. 

 

 

 

 

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