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'Ciranda Feiticeira' tem direção de Lula Gonzaga e trilha sonora com Lia de Itamaracá (Crédito: Reprodução) |
Ciranda Feiticeira, dirigido por Lula Gonzaga e Tiago Delácio, é o mais novo curta-metragem pernambucano de animação. O filme, finalizado no primeiro semestre de 2023, teve sua estreia internacional no 13º Supertoon International Animation & Comics Festival, em Sibenik, na Croácia, na última quarta-feira (26). Agora, a obra percorre um circuito de festivais na Itália, Bósnia-Herzegovina, Trinidade e Tobago, Canadá, Espanha e Índia. A estreia nacional também já tem data: será na última semana de agosto, no 14º Festival de Cinema de Triunfo, no sertão pernambucano.
O filme foi produzido a partir de um primeiro roteiro que estava guardado desde 1983, época em que o casal Lula Gonzaga e Silvana Delácio viveram com seu filho Tiago, na Ilha de Itamaracá, no litoral norte de Pernambuco. Lá, eles conviveram com histórias de vida dos pescadores e com os cantos de Lia. Lula tinha acabado de voltar da antiga Iugoslávia, onde fez especialização em desenho animado, “começamos a rabiscar o storyboard sentando na areia da praia, ouvindo as histórias ribeirinhas e escutando a ciranda de Lia”, afirma o Mestre. Passados 40 anos, uma equipe de animadores, coordenada por André Rodrigues (ex-aluno de Lula), se debruçou sobre os desenhos originais, ressignificando a ideia original a partir de um novo roteiro que conta a história de uma família de pescadores. A obra trata de um drama do cotidiano, a partir de desenhos carregados de poesia, encanto e simbolismo.
O curta tem como trilha sonora a música “Ciranda Feiticeira”, que deu nome ao filme, gravada por Lia de Itamaracá originalmente em 1977, no álbum “A Rainha da Ciranda” e depois remasterizada no disco/coletânea “Ciranda de Ritmos”, de 2008. Lia também emprestou sua voz a uma das protagonistas.
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Tiago Delácio também trabalhou no curta animado (Crédito: Divulgação) |
“O projeto teve início em 2017, após uma pesquisa de catalogação da obra de Lula para o Museu de Cinema de Animação, o MUCA, que leva seu nome. Lá, encontramos desenhos de cenários originais e um storyboard da primeira ideia do filme, chamado “O jangadeiro”, explica Tiago Delácio. A partir dessa descoberta, a roteirista Silvana Delácio, junto com Ana Porto, desenvolveram a versão atual do roteiro do filme.
A história é contada a partir de Janaina e sua mãe. Amadurecer é uma tarefa difícil e para Janaína não é diferente. Ela tem 7 anos e a passagem dos ciclos da vida já é uma realidade para ela. O filme traz o componente feminino, retratado pela protagonista, que diante das circunstâncias só lhe resta levantar a cabeça e lutar. Essa relação de parceria e apoio permanece para sempre entre mãe e filha.
Segundo o diretor de produção, Rafael Buda, “Ciranda Feiticeira é um filme que reflete a importância da cultura da pesca tradicional passada por gerações até hoje no litoral norte de Pernambuco, que conseguiu unir Lula Gonzaga e Lia de Itamaracá, dois mestres e patrimônios vivos, nessa história incrível sobre o ciclo da vida.”
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História é centrada na relação entre Janaína e sua mãe (Crédito: Reprodução) |
O filme foi produzido pela Partilha Filmes e A Saga Audiovisual, e tem direção de animação de André Rodrigues, montagem de Eduardo Padrão, desenho de Som e Mixagem de Justino Passos e é distribuído pela Arapuá Filmes. O projeto tem incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
Além da exibição no 13º Supertoon International Animation (Croácia), o filme será exibido no mês de agosto em três Festivais, o 21º IMAGINARIA - International Animated Film Festival (Itália), no 17º Neum Animated Film festival (Bósnia-Herzegovina) e no 15º International Documentary & Short Film Festival of Kerala (Índia). Em setembro estará na programação do Ottawa International Animation Festival (Canadá) e no 18º Trinidad+Tobago Film Festival (Trinidade e Tobago). Já em outubro, o filme será exibido no 11º MICE Film Festival (Espanha). Aqui no Brasil, além do 14º Festival de Cinema de Triunfo (PE), o filme já tem exibição confirmada no 30º Festival de Cinema de Vitória (ES), no 22º Goiânia Mostra Curtas (GO), na 22ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis (SC), no 6º Festival de Cinema de Jaraguá do Sul (SC). Os produtores ainda aguardam os resultados das seleções de diversos outros Festivais e Mostras nacionais e internacionais.
O autor
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Lula Gonzaga integra a vanguarda do cinema animado pernambucano (Crédito: Divulgação) |
Lula Gonzaga é um dos pioneiros do Cinema de Animação em Pernambuco, com seu primeiro filme “Vendo Ouvindo” de 1972. Já o filme “A saga da asa branca” de 1979, se destaca entre os 100 principais filmes de animação do país, segundo a ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Atualmente, Lula se dedica a ensinar e formar novos jovens para o cinema de animação através do seu método OCA, que consiste na montagem de um estúdio com ferramentas de baixo custo voltadas para o desenvolvimento artístico e profissional de crianças e jovens. Por toda sua trajetória Lula recebeu em 2016 o título de Patrimônio Vivo do Estado e de Mestre da Cultura Popular pelo MinC.