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Foto: Divulgação |
Mesmo figuras controversas, como Lampião, são capazes de experimentar o amor. É a partir desta premissa que O Massacre de Angico – A Morte de Lampião chega à sua 10ª edição, com novos personagens, cenas inéditas e tecnologias que enriquecem a imersão do público. Encenado em Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, o espetáculo será exibido a partir desta quinta-feira até o próximo domingo, sempre às 20h, na Estação do Forró. Não haverá cobrança na entrada.
O Massacre de Angico - A Morte de Lampião remonta ao histórico encontro entre os cangaceiros liderados por Lampião e Maria Bonita e as forças militares do governo Getulista. Em 28 de julho de 1938, Lampião e outros nove integrantes do bando perderam suas vidas na grota de Angico, em Sergipe, o que significou, em grande parte, o fim da Era do Cangaço. O texto dramatúrgico foi escrito pelo pesquisador do Cangaço, Anildomá Willans de Souza, natural de Serra Talhada, mesma cidade onde o palco será montado e Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, nasceu.
Dois novos personagens serão apresentados ao público nesta edição: Antônio Conselheiro e Benjamin Abrahão. Símbolo da Guerra de Canudos, Conselheiro é associado a uma profecia que menciona um guerreiro religioso, porém violento, que traria complicações aos governos. Alguns historiadores indicam que a previsão se referia a Lampião. “Nós pegamos a figura dele para abrir o espetáculo de uma forma profética”, explica Anildomá. Coincidentemente, o revolucionário cearense morreu de causas desconhecidas em 1897 - ano de nascimento do Rei do Cangaço.
De origem libanesa, Benjamin Abrahão é responsável pelo acervo das imagens mais famosas de Lampião. O fotógrafo se mudou para o Brasil em 1915, quando atuou como vendedor ambulante, primeiramente no Recife e, mais tarde, em Juazeiro do Norte. Foi lá onde ele conheceu o Padre Cícero, que o apresentou ao cangaceiro.
“É neste momento que Benjamin entra em cena”, afirma o diretor. Dentre as inserções mais comoventes desta edição, destaca-se a cena em que Maria Bonita se despede da sua filha, Expedita.
Firmado no posto de maior espetáculo ao ar livre do Sertão, O Massacre de Angico - A Morte de Lampião exige ainda mais do autor do que na estreia. “O compromisso é dez vezes maior porque nós vamos mostrar o mesmo espetáculo com uma nova roupagem. Se convencemos o público da qualidade, do sucesso e do compromisso com a fundamentação dos fatos, então a coisa triplica”, revela Anildomá. Em média, 50 mil pessoas se reuniram nos últimos anos para assistir a peça, que tem duração de 1h40min.
Para lidar com a dualidade complexa do protagonista, entre o herói popular e o fora da lei, Anildomá recorreu ao romance que pulsa no coração do Sertão. “Eu trago o espetáculo como uma história de amor, uma história de resistência, sem perder de vista momentos de tiroteio, de confrontos. A gente mostra que, apesar de toda a bravura, Lampião se emociona, tem medo, se assusta. Ele é apaixonado pela Maria Bonita”, pontua o dramaturgo.
O Massacre de Angico - A Morte de Lampião conta com 30 atores, 70 figurantes, além de 40 profissionais na equipe técnica e administrativa. A apresentação faz parte da programação do Tributo a Virgolino - A celebração do Cangaço, que tem a produção da Fundação Cultural Cabras de Lampião, com o incentivo do Funcultura; Fundarpe; Secretaria de Cultura e Prefeitura Municipal de Serra Talhada.