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MÚSICA

Cidadão jaboatonense, Martinho da Vila promete turnê no Recife e brinca: 'Capital de Pernambuco é Jaboatão'

Publicado em: 16/05/2023 11:16 | Atualizado em: 16/05/2023 11:35

Novo álbum do artista carioca faz referência à Abolição da Escravatura (Crédito Léo Aversa)
Novo álbum do artista carioca faz referência à Abolição da Escravatura (Crédito Léo Aversa)
Negra Ópera, novo álbum de Martinho da Vila, mergulha os ouvintes em um universo de experiências e sentimentos que ecoam a resistência da população negra desde a Abolição da Escravatura, celebrada em 13 de maio. Já disponível para apreciação, o disco comemora a data e evidencia a vitalidade artística do cantor que, aos 85 anos, transcende a música e faz um chamado pela valorização da identidade afro-brasileira. Em entrevista ao Viver, ele fez comentários sobre o lançamento e o relacionamento com Pernambuco, onde é cidadão honorário de Jaboatão dos Guararapes.

Negra Ópera leva o título do livro homônimo, escrito por Martinho e publicado em 2001. Em uma abordagem irônica e melancólica dos estereótipos e preconceitos raciais, o artista carioca explora a negritude e seus conflitos em 12 faixas, com arranjos do samba - ou não, como é o caso de Exu das Sete e Dois de Ouro, onde a sua voz solitária é protagonista em ambas as composições inéditas.

Durante uma leitura despretensiosa da versão literária, Martinho observou o potencial de uma adaptação para a música e, assim, acabou o intervalo de um ano e meio para o último lançamento, Mistura Homogênea (2022). “A gravadora Sony Music, da qual pertenço, falou pra eu fazer mais um disco. Não estava muito afim, mas já gravei muita coisa - eu faria se surgisse alguma ideia diferente. Folheando Negra Ópera, vi que dava pra fazer alguma coisa e saiu”, explicou em entrevista ao Viver.

Indagado se, à época, havia a pretensão de harmonizar Negra Ópera às melodias do samba, ele nega. “Eu não pensava nisso quando lancei o livro. Simplesmente aconteceu. Fiz quando estava recolhido na pandemia, aí comecei a planejar”. Por outro lado, Martinho reconhece as diferenças e a evolução do debate racial no Brasil.  “A discriminação hoje é muito menor do que há vinte anos, graças aos movimentos do segmento negro, que atuaram bastante nesse sentido, Naquele tempo você não tinha a figura do negro nas campanhas publicitárias. E hoje tem muito, né?”, destaca.
 
 (Capa do disco Negra Ópera)
Capa do disco Negra Ópera
 
Da voz afetiva de Chico César, convidado para regravar Acender as Velas (1964), à contemporaneidade do jovem Will Kevin, atuando como rapper em Timbó (1980), o disco mescla colaborações de amigos do carioca e nomes em ascensão no cenário musical brasileiro. Mas, naturalmente, os convites a quem é de casa são especiais. As filhas Maíra, no piano, e Mart’nália marcam presença em Malvadeza Durão, enquanto Preto Ferreira canta Exu das Sete. “Gosto de botá-los nos discos, não para dar uma força aos meus filhos. É o contrário: dar uma força para mim. Eles são talentosos e agregam muito”, conta, sob risadas.

Negra Ópera - Concerto, show inspirado na ópera francesa Pelléas et Mélisande, foi lançado no último final de semana, com três apresentações em São Paulo. Agora, Martinho planeja a turnê na Europa, onde vai misturar o novo álbum e sucessos da carreira. “Não vai ser um show como aqueles meus que são alegres, com muitos ritmos, sons e instrumentos musicais. Será mais compenetrado, mas creio que vai agradar porque é muito bonito”, afirma.

Ainda sem datas para o Brasil, ele confirma que pretende vir ao Recife e, ao citar trecho de Vai ou Não Vai (1977), lembra que foi condecorado cidadão jaboatonense. “Espero chegar a Recife, porque ‘sou cidadão pernambucano da cidade de Jaboatão’. Sou pernambucano que nem você, tenho título de cidadão jaboatonense. Gosto muito do Recife, Olinda, mas eu brinco que a capital de Pernambuco é Jaboatão (risos)”, conta. Bem-humorado, ele detalha os planos para quando passar na capital. “Espero retornar para comer uma boa carne de sol, rever alguns amigos e cantar um pouco.”
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