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MÚSICA

Casa cheia para celebrar três décadas do festival Abril Pro Rock

Publicado em: 14/05/2023 20:44 | Atualizado em: 15/05/2023 00:42

Crypta, banda capitaneada pela baixista/vocalista Fernanda Ribeiro, foi uma das mais aguardadas da noite do sábado (13) (Rafael Vieira/DP)
Crypta, banda capitaneada pela baixista/vocalista Fernanda Ribeiro, foi uma das mais aguardadas da noite do sábado (13) (Rafael Vieira/DP)
Um dos mais longevos, expressivos e importantes festivais para a divulgação da cena underground nacional, o pernambucano Abril Pro Rock chegou à sua trigésima edição com um cast que preservou a principal marca do evento: a pluralidade. Idealizado pelo produtor Paulo André, o festival, realizado neste sábado (13) e domingo (14), no Clube Português, no Recife, reuniu 21 bandas do Brasil e dos Estados Unidos em uma celebração à música pesada e à união de estilos como punk rock, hardcore e heavy metal.

A reportagem do Diario de Pernambuco compareceu ao festival na noite de sábado. Os portões foram abertos ao público às 17h e, pontualmente, às 17h30, a pernambucana Imflawed subiu ao palco e deu início aos trabalhos, tendo sido bem recebida pelos fãs de groove metal. Em seguida foi a vez dos veteranos do Torture Squad, banda fundada em 1990, em São Paulo, destilar clássicos de uma carreira consolidada como um dos mais importantes expoentes do thrash/death metal nacional.

Em sua primeira passagem pelo estado, The Troops Of Doom, banda de Jairo “Tormentor” Gedz, um dos fundadores do Sepultura, reuniu o público no gargarejo e demonstrou o porquê de, mesmo com pouco tempo de estrada - o grupo foi formado em 2020 - tem sido apontada como uma das grandes promessas do death metal. “É uma grande honra para cada um de nós poder fazer a nossa estreia em Pernambuco em um festival com a relevância do Abril Pro Rock para a cena underground nacional. Só temos a agradecer à produção e ao público que nos prestigiou”, disse o baixista/vocalista Alex Kafer.

A quarta banda a subir ao palco foi a pernambucana Karnyficina e, apesar de um show curto, manteve reunido o público e evitou a dispersão, evento comum em festivais de longa duração. A primeira atração de hardcore veio logo em seguida - formada em 1995, na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, o Mukeka di Rato desfilou clássicos de uma carreira permeada por críticas políticas e postura declaradamente antifacista.

A polarização política que permeou as últimas eleições foi evidenciada em alguns momentos da noite. Durante a apresentação da Crypta, banda capitaneada pela baixista/vocalista Fernanda Ribeiro, uma das mais aguardadas da noite, houve manifestações contrárias ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ex-Nervosa, em entrevista ao Diario de Pernambuco, comentou a estreia no festival e como encara a responsabilidade de estar à frente de uma banda que tem aberto portas para a representatividade feminina nas vertentes mais extremas do heavy metal.

“O Abril Pro Rock é um festival com uma energia única, com um público incomparável, que comparece em peso e torna a experiência muito diferente. Quando a gente foi confirmada fiquei muito feliz porque esse é um dos eventos que fica na listinha de toda banda do rock e do heavy metal brasileiro. Tinha muita mulher no público e isso é algo muito legal. Nos alegra ver não somente essa crescente, mas perceber que isso vem acompanhado por uma naturalidade que vem sendo apoiada cada vez mais. Nós vimos o festival abrindo portas para que mulheres músicas possam se apresentar, então ponto para o Abril Pro Rock. Consigo, sim, entender a importância que a Crypta tem para essa representatividade pelo feedback que a gente recebe das mulheres que conversam com a gente após os shows ou por meio das redes sociais”, analisou Fernanda.

Headliner da noite, os norte-americanos do Incantation, um dos maiores pilares do death metal mundial, banda capitaneada pelo guitarrista/vocalista John McEntee, apresentou um setlist relativamente curto nesta terceira passagem por Pernambuco, mas que contemplou todas as fases de uma carreira iniciada em 1992. O ponto alto do repertório ficou por conta do clássico “Impeding The Diabolical Conquest”, última música do show. “Há muito estávamos planejando esse retorno ao Recife e é com grande honra que digo que pudemos fazer isso durante a celebração dos 30 anos do Abril Pro Rock”, contou McEntee.

O sábado ainda foi palco de apresentações do The Damnation (SP), Open The Coffin (RN), Devotos (PE), Obskure (CE) e Dorsal Atlântica (RJ). Já no domingo foi a vez das apresentações de Edu Falaschi (SP), Gangrena Gasosa (RJ), Wizards (SP), Hatefulmurder (RJ), Helliwsh War (SP), Inherence (SP), Corja (CE), Frygia (PE) e Surt (PE).

“O Abril Pro Rock é um projeto que teve início em 1993 e que, ao longo dos anos, se consolidou por uma trajetória longa e difícil, mas muito gratificante. Ver o festival completando três décadas em plena atividade é algo que sinaliza que estamos no caminho certo, de que todo esforço e toda dedicação valeram a pena”, observou Paulo André, criador do festival.
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