As artes podem ser um instrumento poderoso no enfrentamento ao preconceito. Militante engajada no combate à gordofobia em Pernambuco, Gdnia Sâmia Araújo Veras percebeu na literatura infanto-juvenil uma forma efetiva de divulgação da causa e conscientização da sociedade. Em maio, Sâmia fará o lançamento do seu sexto livro infanto-juvenil, sendo o primeiro voltado à temática da gordofobia no Nordeste, com o intuito de mostrar ao público infantil a importância da inclusão e respeito.
Além de escritora, também é pedagoga e mostra vocação para projetos sociais há algum tempo. Ela foi voluntária do Programa Paulo Freire, organizado pelo Governo Federal, onde alfabetizou jovens durante seis anos. Em 2015, Sâmia consolidou a carreira na literatura após seus livros serem distribuídos em escolas de todo o país. São cinco títulos no segmento infanto-juvenil: ”Márcia e o Macaco Bambam”, ”Megui e a Faxina no Céu”, ”João – Um Menino Esperto”, ”O Sapo Engraçado e a Perereca Ranzinza” e “Rayane e a Letra ”U”.
Depois, criou o Projeto Leitura, Conto e Arte, em que foram entregues 10 mil livros para 30 escolas da Região Metropolitana do Recife. Baseada em um artigo científico previamente lançado, a sexta publicação também servirá de apoio pedagógico. “De modo geral, esses materiais visam conscientizar a sociedade sobre a existência da gordofobia, seu impacto negativo na vida das pessoas e a necessidade de mudança social para combater este preconceito”, aponta.
Sâmia ainda esteve à frente da iniciativa As Mil Faces de uma Plus, que visa o empoderamento e inclusão da mulher gorda na sociedade. Em 2019, o trabalho da escritora foi reconhecido com o prêmio Mulheres que Mudaram a História de Pernambuco; e o prêmio Jurema Mulher, da Revista Jurema. No mesmo ano, recebeu Voto de Aplauso da Assembleia Legislativa de Pernambuco “por seus serviços prestados à sociedade no enfrentamento e combate à gordofobia quanto à sua representatividade feminina e no engajamento de trabalhos voltados para a autoestima da mulher, a inclusão social e o respeito às diferenças”.
Segundo ela, o acesso à literatura desde a infância expande o universo da criança e a prepara para conviver em uma sociedade diversa e plural. “A utilização da literatura como ferramenta educativa permite que as crianças tenham contato com realidades diferentes da sua, levando-as a refletir sobre como é importante tratar a todos com igualdade e respeito. Além disso, a leitura também contribui para o desenvolvimento da empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender suas angústias e dificuldades”, destaca.
Em maio de 2022, o protagonismo da pedagoga em ações afirmativas contra o preconceito foi coroado com a mudança da Lei do Bullying, que passou a se chamar Lei Sâmia Veras - além de garantir a criação de projetos internos nas escolas a partir do Projeto Político Pedagógico (PPP) para reduzir casos de gordofobia e disponibilizar tratamento para as vítimas em Pernambuco. Sâmia cobra ao Governo do Estado para que a legislação seja comunicada às secretarias de educação e suas respectivas gerências. “As autoridades devem implementar medidas que incentivem a promoção da diversidade e inclusão, proibindo a discriminação por causa do peso nas escolas, locais de trabalho, na mídia e na publicidade”.
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