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Crédito: Divulgação |
O Teatro Barreto Júnior, no Recife, recebe nos dias 14, 15 e 16 de abril a peça "Në rope - A fertilidade da nossa origem". Inspirada no pensamento de autores indígenas, a obra narra uma jornada pela espiritualidade ancestral e os dilemas políticos da América Latina. A curta temporada será no mesmo palco da estreia ocorrida no 29° Festival Janeiro de Grandes Espetáculos (JGE), quando o trabalho obteve indicações aos prêmios de melhor espetáculo e de melhor ator para Jr. Aguiar, que também dirige o espetáculo.
A partir do encontro entre um jornalista independente e um pajé que teve o filho assassinado, “Në rope” denuncia a política oficial de extermínio dos povos originários latino-americanos, ao mesmo tempo que reverencia o xamanismo ameríndio. Durante as apresentações, o músico Breu da Selva cuida da música ao vivo com instrumentos nativos que completam a atmosfera ritualística de cada apresentação.
Com roteiro e atuação de Jr. Aguiar e André Zahar, o espetáculo dividido em três atos se funda numa pesquisa iniciada com as obras do xamã yanomami Davi Kopenawa, do escritor Ailton Krenak e outros pensadores indígenas.
O título da peça foi extraído do livro “A queda do céu”, em que, a partir da entrevista com Kopenawa, “në rope” é traduzido como o “princípio da fertilidade da floresta” pelo antropólogo Bruce Albert. Ao longo do processo e de criação, Aguiar e Zahar fizeram entrevistas com pensadores e lideranças como o escritor Kaká Werá Jecupé, o cacique Marcos Xukuru, o cineasta Hugo Fulni-ô e o líder espiritual e artista Nawa Siã Huni Kuin.
Foram revisitados ainda episódios como a Guerra dos Bárbaros no Sertão do Nordeste, o Massacre de Haximu, o bombardeio aos Waimiri Atroaris na construção da Transamazônica, além de crimes mais recentes envolvendo os mesmos atores políticos. A ascensão de Evo Morales na presidência da Bolívia e a luta dos zapatistas mexicanos, por outro lado, trouxeram novas perspectivas e significados aotema do espetáculo. Paralelamente, o espetáculo integra-se ao movimento neoxamânico, que busca a expansão da consciência e o resgate de uma prática espiritual ancestral indissociável da natureza.