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Crédito: Ashlley Melo |
O Itaú Cultural, em São Paulo, recebe de 20 a 30 de abril (sempre de quinta-feira a domingo) o grupo pernambucano Magiluth na estreia de Miró: Estudo Nº 2. O poeta Miró da Muribeca (1960-2022), também de Pernambuco, é o ponto central do espetáculo, que leva ao palco reflexões do grupo sobre a criação de um personagem teatral. Para tanto, partem da vida e trajetória de João Flávio Cordeiro da Silva, o poeta Miró da Muribeca, importante nome da literatura marginal, que usou sua escrita para falar sobre a periferia de Recife e o cotidiano da população subalternizada.
Como toda programação do Itaú Cultural, a temporada é gratuita. Os ingressos devem ser reservados pela
plataforma INTI. Eles são disponibilizados semanalmente a partir da quarta-feira anterior à apresentação (no serviço, ao final do texto, estão todas as datas de início das reservas).
Miró: Estudo Nº 2
O espetáculo dá continuidade à proposta do Magiluth de repensar a construção do teatro a partir das vivências pessoais e profissionais vividas durante a pandemia. Se em Estudo n°1: Morte e Vida, estreado em 2022, o grupo explicitou os caminhos possíveis para a construção de um espetáculo teatral a partir da obra Morte e Vida Severina, do escritor também pernambucano João Cabral de Melo Neto, agora a nova montagem volta o pensamento à construção de um personagem, a partir das complexidades e do universo que essa figura compreende.
A nova peça vem sendo idealizada desde 2015, quando o Magiluth começou a passar por reformulações. Uma das mais importantes foi a mudança da sede do grupo para o bairro da Boa Vista, no centro do Recife, onde se instalaram no Edifício Texas. Nesse local, que funcionou como um centro cultural, o grupo teve um intenso fluxo de intercâmbio com vários artistas, entre os quais Miró da Muribeca, um dos mais importantes poetas pernambucanos da contemporaneidade.
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Miró: Estudo Nº2 (Crédito: Ashlley Melo) |
“Miró não era somente um poeta. Era um poeta que trazia toda uma vivência que ele tinha da rua, da periferia, da Muribeca, da figura desse homem que estava o tempo todo se mudando – por várias questões e não apenas pela vontade. Tudo isso foi sendo para gente material de construção para esse personagem”, detalha o ator Giordano Castro, um dos fundadores do grupo.
Estudo na prática
Após a experiência profissional vivida durante a pandemia de Covid-19, com trabalhos realizados on-line e distante do público, o Magiluth começou a repensar a teatralidade, levando para a cena espetáculos como “estudo”. “Quando voltamos para os palcos, depois da pandemia, essa ideia de pensar como fazer uma peça ou como criar um personagem ficou muito forte para a gente. É quase como se a gente voltasse para o teatro e pensasse: como a gente fazia isso aqui?”, observa Castro.
Mas engana-se quem pensa que Miró: Estudo Nº 2 se trata de uma montagem voltada apenas para quem é do universo teatral. “Nesse processo de construção do personagem, a gente busca trazer o questionamento de como essa ‘rua’ de Miró reverbera na gente”, complementa o ator.
Usando de muito material poético em cena, Giordano Castro revela que um dos compromissos que o Magiluth traz na peça é o de fazer com que a obra de Miró vá além do poeta. “A obra dele vai morrer porque ele morreu? Ela só existia quando ele falava? A obra dele consegue ser plural e isso pode se tornar teatro também. A palavra de Miró vira teatro, música, vira trampolim para uma reflexão política sobre moradia. Está tudo ali”, finaliza.
O processo de criação de Miró: Estudo Nº 2 tem uma ligação estreita com o Itaú Cultural. Foi durante a atividade Ensaios de Fruição, realizada pelo IC em 2021, que o Magiluth começou a abrir o processo de criação do espetáculo para novos ou habituais públicos das artes cênicas, como propunha a atividade. “A estreia da peça é o fechamento desse ciclo proporcionado pelo Itaú Cultural e que foi muito importante para a gente”, pontua Giordano Castro.
SERVIÇO
Miró: Estudo N°2
Com Grupo Magiluth (PE)
De 20 a 30 de abril (sempre de quinta-feira a domingo)
Quinta-feira a sábado, às 20h.
Domingos e feriados às 19h
No feriado do dia 21 de abril (sexta-feira), será às 19h.
Sala Itaú Cultural (Piso Paulista)