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MÚSICA

Após 'era de ouro', Pernambuco enfrenta escassez de megashows internacionais

Publicado em: 10/04/2023 11:10 | Atualizado em: 10/04/2023 11:37

Paul McCartney fez show memorável no estádio do Arruda em 2012 (Crédito: Marcos Hermes/Divulgação)
Paul McCartney fez show memorável no estádio do Arruda em 2012 (Crédito: Marcos Hermes/Divulgação)
Paul McCartney, Iron Maiden, Aerosmith… a lista de shows de grande porte nos últimos anos no Recife carrega nomes de quilate mundial. Contudo, essas lembranças ficam cada vez mais distantes, uma vez que a expectativa para a capital pernambucana se consolidar como o polo da música internacional no Nordeste se esvaiu em meio à alta do dólar, o empobrecimento da população e a crise das produtoras de eventos. A avaliação é de que a frequência dos ‘megashows’ passa diretamente pelo contexto social e econômico do estado, enfrentado desde a década passada e agravado pela pandemia.

“É preciso muita coragem para trazer uma atração de renome”, afirma Lincoln Costa, diretor comercial do Classic Hall - palco de memórias inesquecíveis dos pernambucanos, onde aconteceu os shows de Ringo Starr (2011), Elton John (2013), Guns N’ Roses (2014) e Laura Pausini (2018). Mais recentemente, a casa de espetáculos recebeu Information Society e, no próximo sábado, entra na rota da turnê ABBA: The Show - um tributo que reúne a Orquestra Sinfônica de Londres e músicos que acompanharam o grupo sueco em gravações. Ano passado, A-ha e Guns N’ Roses foram os principais nomes da janela de shows internacionais no Recife.
 
Tributo 'ABBA: The Show' é atração no Classic Hall neste sábado (Crédito: Divulgação)
Tributo 'ABBA: The Show' é atração no Classic Hall neste sábado (Crédito: Divulgação)
 
Em 2012, quando Paul McCartney emocionou 50 mil pessoas no estádio do Arruda em duas noites, o futuro do entretenimento em Pernambuco parecia promissor. “A gente rompeu toda e qualquer barreira para mostrar que é possível. Mas existe, realmente, uma barreira econômica - o dólar precisar cair um pouco mais para viabilizar esses megashows internacionais”, pontua Lincoln. Segundo ele, pesquisas de mercado estão em andamento com o intuito de incluir Recife na turnê de um artista renomado em 2024. Outra possibilidade já pode acontecer no segundo semestre. “Só posso divulgar quando estiver concretizado”. Uma escala quantitativa inferior do que já foi vista em outros anos.

Houve uma euforia provocada pela avalanche de shows na capital entre 2012 a 2014. Mas a conjuntura favorável da época não é mais uma realidade. Em abril de 2013, a cotação do dólar esbarrava em R$ 2. Dez anos depois, é avaliada em R$ 5. “Trazer uma atração internacional ao Brasil passou a custar mais que o dobro, num cenário que se divide em crises de trabalho e financeira, onde a população tem menos disposição para investir em entretenimento. Então esse é um ponto: as pessoas estão mais pobres e os artistas estão mais caros”, explica Bruno Nogueira, professor da UFPE e doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea.

A reclusão derivada da pandemia foi prejudicial para o segmento do entretenimento e ainda repercute negativamente, mas na visão de Rodrigo Mathias, CEO do grupo DCSet - promotor de eventos que trabalhou com Michael Jackson e Rod Stewart no Brasil - a tendência é de um ‘boom’ até ano que vem. “A alta demanda pós pandemia gerou uma expectativa alta no consumo de entretenimento ao vivo, fomentando com que os artistas e empresas realizadoras acelerasse o mercado. A partir do segundo semestre deste ano e para 2024, acreditamos numa consolidação e normalização do setor”, diz.

Atualmente, a maioria das atrações internacionais aterrissam no Recife por meio dos festivais locais, ainda que seja uma presença tímida. Na 30ª edição do Abril Pro Rock, agendado para maio, consta apenas uma banda estrangeira no line-up: Incantation, dos Estados Unidos, de volta a Pernambuco após 30 anos. Em 2022, o Festival No Ar Coquetel Molotov, que também dá prioridade à cena local, importou nomes do Reino Unido e Venezuela. “A cidade atrai, sim, artistas internacionais. Mas dentro da capacidade de produção das iniciativas locais”, sublinha Bruno Nogueira.

Para o pesquisador, uma eventual retomada da ‘era de ouro’ do setor cultural dialoga com incentivo de políticas públicas. Ele exemplifica com o show de Paul MccCartney, subsidiado em parte pela Prefeitura do Recife. “Não imagino que em curto prazo a gente volte a ter algo, por exemplo, como um show de Elton John, que cobrou na época ingressos de R$ 400. Porque nem as pessoas têm esses R$ 400 e porque isso já não pagaria mais o cachê dele.”

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