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CINEMA

'A Morte do Demônio: A Ascensão' usa violência e iconografia da franquia em história de abandono e peso da maternidade

Publicado em: 20/04/2023 14:51 | Atualizado em: 20/04/2023 15:33

 (Warner/Divulgação.)
Warner/Divulgação.
Iniciada por Sam Raimi em 1981, a série de filmes derivados de A morte do demônio sempre teve a despretensão de grande saga como vantagem, tanto no tom que varia de acordo com a proposta (do terror direto ao trash absoluto) quanto na falta de uma conexão exata. Quase todas as sequências foram distribuídas por diferentes estúdios e lançadas com espaçamento considerável. E, apesar de se basearem de algum modo no legado deixado pelos antecessores, elas sempre se fazem entender como experiências isoladas. Foi o que aconteceu com a refilmagem homônima de 2013 e novamente em A morte do demônio: A ascensão, em cartaz a partir de amanhã.
Ellie (Alyssa Sutherland) é mãe de três filhos de quem cuida sozinha desde que o marido a deixou e está vivendo num prédio praticamente abandonado com risco de desmoronamento. Após um tempo sem ver a irmã e os sobrinhos, Beth (Lily Sullivan), que acabou de descobrir que está grávida, vai até o apartamento para fazer uma visita. Quando um dos adolescentes descobre um livro, revelado por uma rachadura no chão após um tremor, uma entidade demoníaca é liberta, possuindo Ellie e instaurando um pesadelo.

Dirigido e escrito por Lee Cronin, aqui no seu segundo longa, A ascensão deixa claro na sua cena de prólogo que seguirá os dois princípios centrais da franquia: a criatividade no trato do gore e a desinibição da fantasia. Ainda que esses dois últimos filmes de A morte do demônio disponham de orçamentos mais generosos e, portanto, efeitos muito mais realistas do que os fluidos de groselha rústicos dos originais, é bem-vindo que seus apelos continuem no choque gráfico franco e no apreço pelo absurdo.
Outra diferença fundamental entre esse longa de Lee Cronin e os primeiros filmes da série reside no componente dramático. Na versão de 2013, dirigida por Fede Alvarez, já havia a temática da abstinência, mas o contexto continuava se baseando na premissa clássica de “amigos numa cabana na floresta”. Em A ascensão, a escolha por localizar os personagens num edifício em ruínas pode ser vista como uma maneira de conciliar a iconografia de A morte do demônio (o livro, a possessão, a motosserra) com as correlações sociais que o gênero sabidamente tem feito desde meados da última década. Neste caso, o paralelo entre o desespero de ser uma mãe solitária por parte de Ellie e o medo puro e simples da maternidade por parte de Beth se refletem sem sutilezas neste mundo arrasado e nesse caos crescente de violência.

A boa notícia é que Lee Cronin dá tão pouca atenção ao possível subtexto de abandono que ele vira praticamente uma nota de rodapé. Nitidamente o que interessa ao filme é a dinâmica ultraviolenta que se desenrola com dinamismo notável. A má é que, mesmo ancorados em ótimas atuações (destaque para Sutherland como a mãe possuída), a direção e o roteiro não encontram espaço para essas relações ganharem de fato algum respiro de vida, já que todo o drama é estabelecido em pouco menos de 10 minutos. A ascensão sem dúvida faz o seu dever de casa ao não tentar expandir a mitologia e se concentrar no exercício de gore, mas carece de algum peso dramático para permanecer como um pesadelo vivo na memória.
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