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CINEMA

'Batem à Porta', de M. Night Shyamalan, usa dilema de fim do mundo para eficaz exercício de suspense

Publicado em: 02/02/2023 10:00 | Atualizado em: 02/02/2023 09:56

 (Estrelado por Jonathan Groff, Ben Aldridge e Dave Bautista, longa é adaptado do livro 'O Chalé no Fim do Mundo'. Universal/Divulgação.)
Estrelado por Jonathan Groff, Ben Aldridge e Dave Bautista, longa é adaptado do livro 'O Chalé no Fim do Mundo'. Universal/Divulgação.
De férias numa cabana isolada na floresta, a pequena Wen (Kristen Cui) está sozinha caçando gafanhotos no mato quando avista, de longe, um estranho se aproximando lentamente. O homem se apresenta gentilmente como Leonard (Dave Bautista) e diz querer fazer amizade, mas ela logo percebe que ele está acompanhado de três pessoas que carregam armas brancas pesadas e vai avisar aos seus dois pais, Andrew (Ben Aldridge) e Eric (Jonathan Groff). Os desconhecidos insistem em entrar para conversar, mas ao encontrarem resistência, invadem o local e fazem os três de refém, afirmando que estão ali para executar o trabalho de convencê-los a sacrificar um membro da família e, assim, impedir o apocalipse.

Em cartaz nos cinemas, Batem à porta leva a dúvida sobre a veracidade do que aquelas pessoas falam por tempo suficiente para o espectador não tirar os olhos da tela. Com uma carreira vasta em ideias novas, célebre pelos altos e baixos na sua receptividade, o diretor e roteirista M. Night Shyamalan (cujos esforços mais aclamados incluem O sexto sentido, Sinais e Fragmentado) vem fazendo exercícios de gênero francos e diretos desde seu retorno às graças do público com A visita. Nessa nova fase, é sintomático que ele tenha decidido filmar tropos batidos como o “filme de cabana” e a “invasão domiciliar” para dar as doses certas de complexidade ao dilema moral que os protagonistas terão de enfrentar.
 (Universal/Divulgação.)
Universal/Divulgação.
Adaptado do livro O chalé no fim do mundo, o filme parece um projeto tematicamente sob medida para Shyamalan, que se especializou não apenas em suspense, mas em narrativas em que o sobrenatural se mistura ao mundo real de forma quase indivisível. Em alguns deles, é a própria crença coletiva no místico que corrobora sua existência. Aqui em Batem à porta, o assunto se repete com maior intensidade, já que o cineasta concentra nossa visão no espaço fechado, e, com a pandemia, ganha sobretons de contemporaneidade ao trabalhar a tensão na possibilidade constante do fim do mundo.

Shyamalan não ignora a interpretação de que tudo se trata de uma “punição” àquela família por ser constituída de um casal homoafetivo. Na voz do personagem Eric, de longe o mais proativo e resiliente, o filme reitera a percepção de toda aquela suposta necessidade de sacrifício recair justamente sobre as costas de pais gays, mas frequentemente joga essa hipótese fora com diferentes desculpas (algumas colam, outras não). 
 (Universal/Divulgação.)
Universal/Divulgação.
Ainda que os assuntos clamem por debates, a força de Batem à porta está na praticidade da resolução dos conflitos e na objetividade inventiva da câmera enquanto desliza por esse único cenário. A maneira como o diretor sugere a estranheza através de uma luz no espelho é gloriosa e a ambiguidade criada pelo tratamento dos antagonistas deixa a situação com boas doses de ansiedade. É provavelmente seu trabalho mais prático e regular em muito tempo – a falta de brilho e impacto do desfecho certamente tem a ver com isso –, mas também um dos mais bem resolvidos em suas ambições. 
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