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Crédito: Fernando Young |
Nesta quinta (21) e sexta-feira (22), Caetano Veloso irá se reapresentar no Teatro Guararapes com promessa de casa cheia, em Olinda, pela turnê 'Meu Coco'. Todos os ingressos esgotaram. O cantor veio a Pernambuco em maio último, mas a apresentação do dia 28 foi cancelada devido às tragédias das chuvas que assolaram o Estado. Portanto, a segunda noite de shows será reservada ao público que teve a oportunidade adiada de assistir ao cantor baiano. As entradas de 28 de maio valem para a sessão de 21 de outubro.
'Meu Coco', mais recente disco de inéditas de Caetano, chegou às plataformas digitais em outubro de 2021, dez anos após o lançamento de "Abraçaço". Aos 80 anos, com mais de cinco décadas de carreira e de 50 obras em sua discografia, Caetano escreveu uma carta na qual fala sobre o processo de criação do álbum, gravado em estúdio caseiro em decorrência do isolamento causado pela pandemia.
Leia a carta na íntegra:
Cada faixa do novo álbum tem vida própria e intensa. Se "Anjos Tronchos" tem sonoridade semelhante à de Abraçaço, o último disco que fiz antes deste, "Sem Samba Não Dá" soa à Pretinho da Serrinha: uma base de samba tocada por quem sabe - e a sanfona de Mestrinho, que comenta as fusões de música sertaneja com samba tradicional. Uma discussão sobre o (não) uso da palavra "você" pela brilhante jovem fadista Carminho virou o fado midatlântico "Você-Você", que ela terminou cantando comigo - e ganhou bandolim sábio de Hamilton de Holanda fazendo as vezes de guitarra portuguesa. Há "Não Vou Deixar", com célula de base de rap criada no piano por Lucas e letra de rejeição da opressão política escrita em tom de conversa amorosa.
"Pardo", cujo título já sugere observação do uso das palavras na discussão de hoje da questão racial, teve arranjo de Letieres Leite, baiano, sobre a percussão carioca de Marcelo Costa. "Cobre", canção de amor romântico, fala da cor da pele que compete com o reflexo do sol no mar do fim de tarde do Porto da Barra. Jaques Morelenbaum, romântico incurável, veio orquestrá-la. Mas também tratou de "Ciclâmen do Líbano", com fraseado do médio-oriente salpicado de Webern. Devo Lucas a meu filho Tom: os dois fazem parte da banda Dônica; devo a atenção a novas perspectivas críticas a meu filho Zeca; devo a intensa beleza da faixa "GilGal" a meu filho Moreno: ele fez a batida de candomblé para eu pôr melodia e letra que já se esboçava mas que só ganhou forma sobre a percussão. E eu a canto com a extraordinariamente talentosa Dora Morelenbaum.
Este é um disco de quantidade e intensidade. "Autoacalanto" é retrato de meu neto que agora tem um ano de idade. Tom, o pai dele, toca violão comigo na faixa. A nave-mãe, "Meu Coco", guardou algo da batida imaginada, agora com percussão de Márcio Vitor. Mas o arranjo de orquestra que a ilumina foi feito por Thiago Amud, um jovem criador carioca cuja existência diz tudo sobre a veracidade do amor brasileiro pela canção popular.
SERVIÇO:
Caetano Veloso com a turnê “Meu Coco”
Dias 20 e 21 de outubro, às 21h
Teatro Guararapes: Centro de Convenções de Pernambuco
Informações: (81) 3182.8020
Ingressos esgotados
* Os tíquetes do dia 28 de maio valem para a sessão de 21 de outubro, sem necessidade de troca do bilhete