MEIO-AMBIENTE
Coletivo denuncia agravamento de quadro ambiental de Barra de Jangada durante pandemia
Por: Vítor Aguiar
Publicado em: 04/06/2020 14:15 | Atualizado em: 04/06/2020 14:28
Cortesia/Eddie Rodrigues |
“Durante a pandemia, aumentou o nível de esgoto sendo jogado no mar porque as pessoas estão mais tempo em casa. Então, o nível de esgoto sendo jorrado com certeza é maior. Isso foi denunciado por moradores, que falam que na época da engorda, aqueles esgotos tinham sido encobertos e, agora, durante a pandemia, eles voltaram à superfície por causa da demanda”, afirmou Eddie Rodrigues, jornalista, ativista ambiental e fundador do Salve Barra de Jangada.
Eddie também explicou o processo de “encobrimento” dos esgotos, algo que é visto apenas como um disfarce. “Jogam areia em cima do esgoto para o botar o lixo embaixo do tapete. Não é a medida correta e não é o que a gente está pedindo. Até porque, se joga embaixo da areia, ele está indo para o subsolo e contaminando o Rio Jaboatão do mesmo jeito”.
Segundo os relatos dos integrantes do coletivo, a estuário do Rio Jaboatão é local de reprodução de diversas espécies animais, como o tubarão-de-cabeça-chata, além das praias serem pontos de desova de tartarugas-marinhas. Assim, o trabalhos do coletivo é voltado à cobrança da gestão municipal sobre a situação.
“A superintendente de meio ambiente respondeu alguns comentários de seguidores, falando que, por causa da pandemia, eles não estavam com trabalhadores suficientes para resolver a situação, mas já tinham passado nos prédios e tinham multado os responsáveis, mas a gente sabe que esse descaso e esses problemas não foram causados nem deixaram de ser resolvidos por causa da pandemia”, afirmou Eddie.
Cortesia/Eddie Rodrigues |
A PREFEITURA
Em resposta às denúncias, a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes afirmou que os esgotos são de responsabilidade de cinco imóveis, que já foram notificados e multados pelos despejos indevidos.
“A Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes informa que foram identificados cinco imóveis que despejam esgoto doméstico na canaleta própria para receber água de chuva. No final do ano passado, os proprietários foram notificados pela gestão municipal sobre a irregularidade e a eles foi dado prazo de seis meses para interromper o despejo. No entanto, foi verificado que continuaram realizando o despejo de esgoto e houve nova notificação. O caso está tramitando na Secretaria Executiva de Meio Ambiente e os proprietários dos imóveis receberão multas, que podem chegar a R$ 20 mil por crime ambiental”.
O COLETIVO
Eddie Rodrigues também explicou o surgimento do coletivo: “Foi por causa da via que a prefeitura tinha construído na praia, em janeiro. Eu tinha descido para caminhar e me deparei com a pista sendo construída. A primeira coisa que eu estranhei foi a necessidade dessa pista na praia, se tem várias outras ruas paralelas que dão conta do trânsito. Quando eu cheguei em casa, já criei o Instagram e comecei a postar e a repercussão foi imediata. E o Salve Barra de Jangada conseguiu, depois de 20 dias, suspender legalmente a pista e a gente começou a perceber que existiam outras pautas que a gente precisava travar”.