BOLSA DE VALORES

B3: investidor estrangeiro segue seletivo, mas começa a voltar olhos para País

Por: AE

Publicado em: 17/09/2019 14:08

Foto: Reprodução
O investidor estrangeiro segue seletivo em relação ao Brasil, diante das notícias vindas do mercado internacional, e esse cenário acaba afetando países emergentes, como é o caso do Brasil. No entanto, caso o País faça a sua lição de casa, seguindo com as reformas estruturais, a visão é de que o investidor estrangeiro direcionará fluxos maiores para cá, disse nesta terça-feira, 17, o presidente da B3, a maior bolsa de valores da América Latina, Gilson Finkelsztain. O executivo destacou, ainda, que tais investidores ficaram, ao longo dos últimos anos, cansados com as promessas que foram feitas e não cumpridas e que, assim, aguardam indicadores mais firmes em relação à economia brasileira.

"Acho que o investidor estrangeiro vem acompanhando a evolução, a efetividade das reformas, está esperando as entregas, como compromisso fiscal, para aí sim entrar com investimentos mais fortes", disse ele. 

O presidente da B3 afirmou que, apesar dessa seletividade, muitos gestores globais, que estavam nos últimos anos afastados de Brasil, começaram a observar o País com mais interesse. "Tenho clareza que se fizermos a lição de casa o investidor estrangeiro vem."

Segundo o executivo, esses investidores estão também atentos, neste momento, sobre o andamento da economia global, preocupados sobre a possibilidade de recessão global e eventual escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. As notícias de outros países emergentes, como Turquia e Argentina, também são fatores que trazem cautela para esses gestores, afetando o Brasil.

Em um momento em que o investidor estrangeiro ainda mantém olhar cauteloso em relação ao Brasil, o investidor brasileiro vem ocupando um espaço maior. O executivo destacou que a participação dos investidores locais nas ofertas de ações vem crescendo diante do ambiente de juros baixos no Brasil.

Ao todo neste ano, destacou, a bolsa brasileira foi palco de mais de R$ 53 bilhões em ofertas de ações, entre subsequentes (follow ons) e iniciais (IPO, na sigla em inglês). "É uma nova realidade marcada pelo poder transformacional do juro baixo e os indicadores mostram que isso faz o investidor sair da zona de conforto" disse.

O presidente da B3 destacou que os dados já mostram essa tendência. O número de investidores pessoas físicas na bolsa saiu da faixa entre 500 mil e 600 mil, patamar observado por muitos anos, para mais de 1,3 milhão atualmente. Além disso, nos últimos anos o giro diário no mercado acionário passado de uma média de R$ 8 bilhões antes de 2017 para um patamar de R$ 15 bilhões atualmente.

O executivo disse que diante do cenário de baixas taxas de juros, ambiente que deve se manter, a visão é de continuidade de ofertas na bolsa. "Os investidores começam a ficar cientes de que o CDI está a caminho de 5%", disse. Ele lembrou que mensalmente, nos últimos 12 meses, a entrada de novos investidores na bolsa brasileira tem sido da ordem de 30 mil a 50 mil. "Isso ocorre por juro baixo, mas não vejo uma mudança", disse.

Preparada

Finkelsztain disse que nos últimos seis anos a B3 investiu R$ 1,8 bilhão, considerando aportes realizados pela então BM&FBovespa e Cetip, visto que no "começo da década a companhia percebeu que o mercado brasileiro poderia crescer". "Antecipamos a renovação de toda a nossa companhia", disse. 

Esses investimentos incluíram o sistema de negociação da companhia, integração das clearings, data center e desenvolvimento de novos produtos e serviços, por exemplo.

O presidente da B3 frisou que hoje o ambiente de competição da bolsa brasileira é global, visto que os diferentes mercados dividem liquidez, especialmente no mercado de ações. Isso porque empresas brasileiras podem emitir ADRs, que são recibos de ações emitidos nos Estados Unidos, ou ainda que escolhem se listarem exclusivamente nas bolsas americanas. 

Na outra via estão os BDRs, que são os certificados de ações representativas de empresas estrangeiras listadas no exterior, negociadas no Brasil, mas que ainda é desproporcional. Segundo o executivo, hoje 75% da liquidez das empresas brasileiras está no Brasil e os 25% restantes no exterior.
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