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Pernambucana registra experiência na Antártida

Em missão acompanhando a Marinha do Brasil, a jornalista Patrícia Azevedo relata, exclusivamente do Diario, vivência no continente gelado

Publicado em: 26/01/2019 12:44 | Atualizado em: 26/01/2019 13:18

Inverno antártico, sensação térmica de 54 graus negativos. Em outubro de 2017, uma equipe de 44 brasileiros desembarcou na Estação Antártica Comandante Ferraz, na Ilha do Rei George. Era uma missão da Marinha do Brasil. A bordo da aeronave Hércules C-130, militares, cientistas e biólogos brasileiros viajaram ao lado de 70 chineses encarregados de fazer a reconstrução da estação, que havia sofrido avarias após um incêndio, em 2012. No grupo, uma pernambucana: a jornalista Patrícia Azevedo. Ela e o cinegrafista paulista João Gundin registraram curiosidades, principais aspectos e o ecossistema do continente que ainda é misterioso para grande parte do mundo. O material será publicado em uma websérie em suas redes sociais Terra de Todos no Instagram, Facebook e YouTube, com reprodução também nas redes sociais do Diario. 

Foram cinco dias na brancura do ambiente gelado em uma operação que começou no dia 11 de outubro e terminou no dia 22 do mesmo mês. Antes disso, a aventura já havia começado em Pelotas (RS), com o recebimento da andaina (saco contendo botas com forro, casaco, máscara corta-vento, capuz, jardinesa chinesa e luvas de gorotex - membrana de teflon expandido). Na Cordilheira Darwin, caminho de Punta Arena (Chile) para Antártica, a experiência de retirar os óculos para olhar o celular e, ao voltar, a vislumbrar o branco ao redor, a dor lancinante nos olhos e na cabeça. 

No continente antártico, o intenso flagrante do espetáculo da natureza selvagem caracterizado pela luta entre um leão marinho e uma foca. O resultado de toda esta experiência estará em breve à disposição do público. O trailler da websérie do projeto Terra de Todos, lançado por Patrícia e João e disponibilizado no YouTube, Instagram e Facebook, já está no ar. O primeiro episódio começa a ser divulgado a partir deste sábado. Aqui, Patrícia conta um pouco mais desta experiência. 

Leia abaixo: 

Gente, eu vou para a Antártica! Quando eu disse essa frase em uma roda de amigos, pensei que fosse ser o assunto da noite, mas, ao contrário, ouvi duas opiniões: um lacônico “massa!” e outra, mais enfática que me questionava o porquê de eu ir para “aquela terrazinha, longe e fria, onde nem se sabe o motivo do Brasil, carente de escolas e hospitais, gastar dinheiro lá”. Responder aos meus amigos motivou- -me a pesquisar um pouco mais sobre o assunto. A Antártica guarda o passado do planeta. Suas condições inóspitas protegeram o continente da ação humana. Em alguns lugares possui uma camada de até 6 km de gelo que revela vestígios importantes de como foi o nosso lar no passado. A cartografia é cruel com o continente antártico.

Apesar dos avanços tecnológicos que envolvem essa ciência, o mundo ainda nos é apresentado com base na projeção de Mercator, de 1569, na qual rumos e azimutes são linhas retas, o que a tornou popular a partir das grandes navegações. Contudo, essa forma de ver o mundo traz consigo o inconveniente de transmitir uma imagem irreal da geometria do planeta, distorcendo e aumentando as distâncias próximas ao polo. Falo tudo isso para buscar alterar a visão geográfica da Antártica, que é um continente quase do tamanho da América do Sul e mais próximo de Porto Alegre do que aquela capital fica de Boa Vista, em Roraima. É verdade que lá é frio. E como é frio! A temperatura já chegou por lá a -89º C. Mas o aquecimento global pode fazer desse continente, daqui a alguns anos, o de clima mais ameno do planeta. Uma prova disso é que, em 2015, o índice atingiu agradáveis 17,5º C. Mas quando o assunto é clima, a importância do continente antártico vai além dos recordes de temperatura.

A Antártica é um importante regulador do clima do planeta capaz de influenciar, segundo os cientistas, fenômenos tão distantes como o florir das cerejeiras no Japão ou a clareza dos céus do Deserto do Atacama. No Brasil, sentimos sua influência diariamente ocasionando frentes e correntes frias que são determinantes para o clima do nosso país, produzindo chuvas que favorecem a agricultura e abastecem as nascentes dos nossos rios. No final do século 19 e início do 20 esse continente foi alvo de reivindicações territoriais, e de modo a impedir as iniciativas da sua internacionalização, foi assinado, em 1959, o Tratado da Antártica que reserva aquela área para fins pacíficos e o desenvolvimento de pesquisas.

O Brasil aderiu a esse tratado em 1975 e, em 1982, realizou sua primeira expedição científica ao continente. Tivemos eu, Patrícia Azevedo e o filmmaker João Gundin a oportunidade de participar do voo de apoio da 36ª Operação Antártica do Brasil, que apoiou 12 universidades. A logística para este apoio é complexa. Coordenados pela Marinha do Brasil, dois navios e dois helicópteros estão exclusivamente dedicados à pesquisa nesse continente gelado, enfrentando ventos de até 200 km/h e mares com ondas às vezes superiores a 9 metros. A Força Aérea Brasileira apoia o programa com transporte de carga e pessoal em suas valentes aeronaves Hércules C-130.

Ao longo da existência do Proantar 365 projetos investigaram e investigam diversas áreas do conhecimento. Sem preocupação com a ordem de importância, cito os voltados para a biodiversidade da região, assunto que despertou interesse da Fundação Oswaldo Cruz, que apresentará projeto para o edital de pesquisa recentemente lançado pelo MCTIC, e que abrangerá os anos 2018-2021. As investigações daquela importante Instituição Científica abordarão os impactos dos ecossistemas da região sobre a saúde na América do Sul, além da biodiversidade que pode revelar substâncias a serem aplicadas no desenvolvimento de biotecnologia, novas enzimas e fármacos. Estamos acostumados a ouvir que o Brasil é o grande manancial de água doce do planeta, contudo, o país dispõe apenas de doze por cento deste item vital.

Setenta por cento da água doce da Terra se encontra no continente antártico, que guarda essa e outras riquezas imprescindíveis para o futuro do planeta. O Brasil conseguiu em 1983 o direito de voto nas reuniões do Tratado da Antártica e poderá, dessa maneira, proteger este espaço do globo que influencia o nosso país e decidir sobre o seu futuro. A manutenção deste status depende de realização de pesquisas consistentes, suportada por um grande esforço logístico. Gente, eu fui para a Antártica! Estive naquele lugar que não é tão distante quanto pensamos e nem pequeno como imaginamos. Vi paisagens lindas, mas também conheci o continente que influencia o nosso clima e nos dá de comer e beber. Fui como convidada da Marinha que, mesmo com as dificuldades financeiras reinantes, gerencia com prioridade um programa que apoia universidades na busca de conhecimento e auxilia instituições de pesquisa na área de saúde a descobrir a cura de doenças que conhecemos e até das que ainda não conhecemos. Conheci a última reserva mineral inexplorada do mundo, e o local a ser preservado para o bem do planeta.

Quando lá estive, pensei: vou escolher um terreno, perto do mar, para construir minha casa quando aqui for o único lugar habitável da Terra. Você, leitor, pode acompanhar minha aventura com a Marinha do Brasil - Voo Operatar, lá no meu canal no YouTube terra de todos, Instagram @terradetodos.canal e Facebook terra de todos.canal. Essa primeira viagem foi uma parceria da Azevedo Produções com o Diario de Pernambuco, apoio Coach Fernando Martinez, Vanutti Studio e Clínica Dra. Adeiza Branco. Siga o canal, curta o trailer, os episódios e toque no sininho que muita coisa legal vem pela frente! Quem sabe você poderá ser convidado a embarcar comigo na próxima aventura ao continente gelado!!!!! Se liga nas minhas redes sociais!”.
 
Confira o trailer da Websérie  
 
 

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