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Professora da UFPE lança livro sobre a relação dança e guerra nos grupos de caboclinhos do Recife e de Goiana

Publicado em: 01/12/2022 13:35

 (Foto: Ernesto Rodrigues.)
Foto: Ernesto Rodrigues.
Livro de autoria da pesquisadora e professora de Dança da Universidade Federal de Pernambuco, Maria Acselrad, "Avança Caboclo" é um convite para entra na antropologia dos caboclinhos de Goiana, Zona da Mata Norte do estado. Desde 2016, as agremiações culturais conquistaram o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Lançada pela Editora UFPE, a publicação tem o incentivo do Funcultura/Governo de Pernambuco.

Com 378 páginas, desenvolvidas a partir da tese de doutorado de Acselrad intitulada "Dançando contra o Estado: a relação dança e guerra nas manobras dos caboclinhos de Goiana/Pernambuco, o livro traz imagens, ensaios, apresentações e rituais de preparação em uma etnografia que compreende as relações de aliança e inimizade que definem os caboclinhos. Segundo a autora, o estudo se deu em duas etapas. A primeira foi uma “fase preliminar”, em que ela pode conviver com os integrantes da Tribo Canindé do Recife, na Bomba do Hemetério, Zona Norte da cidade, onde dançou por sete carnavais., na época sob a liderança da saudosa Juracy Simões. A segunda, já no doutorado, se deu entre disciplinas, trabalho de campo, realização de entrevistas, sistematização do material reunido, consulta de acervos pessoais, arquivos e bibliotecas públicas, exercícios de escrita e criação e participação em grupos de pesquisa.

Todos esses anos de pesquisa e intensa convivência com os grupos de caboclinho são descritos por Acselrad ao longo de cinco capítulos. No primeiro capítulo, ela se dedica a compor uma espécie de paisagem coreográfica para a discussão; no segundo, ganha lugar uma análise etnocoreológica das manobras dos caboclinhos, observadas as diferenças entre ensaios e apresentações, durante o Carnaval; no terceiro, o tema é o ritual da caçada do bode, que acontece apenas em Goiana, no período que antecede os festejos de momo; no quarto capítulo, é discutida a relação dos caboclinhos com a jurema; no quinto capítulo, por fim, são analisados experimentos metodológicos, chamados pela autora de “registros em primeira pessoa”, com o objetivo de testar novos pontos de vista para a realização de uma descrição etnográfica da dança. O livro ainda contém um apêndice onde a autora aborda o tema da dança e da guerra, no mundo indígena andino e mexicano, mostrando como um dualismo em perpétuo desiquilíbrio constrói relações entre metades por oposição e enfrentamento, presentificadas no ritual e nas performances dançantes.

“O Carnaval é uma batalha. Na parte invisível, os caboclos não se dão. E eu tenho que trabalhar pra não deixar passar, pra não deixar eles ganhar, pra me livrar. E eu me livro com a dança”, disse em um depoimento Seu Nelson, o saudoso Ferreirinha, mestre do Caboclinho União Sete Flexas de Goiana. Testemunhei a extrema pobreza, a precariedade e a violência a que estão expostos seus moradores, seja por descaso ou por inoperância do poder público. Lá também me deparei com os fortes laços de amizade que unem os caboclinhos, além do sentimento de disputa que os fortalece, com as táticas de ajuda mútua e a criatividade, decisivas no enfrentamento de parte das dificuldades com as quais são obrigados a lidar”, relata sobre o mergulho na cultura dos caboclinhos na introdução do livro. 
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