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Pianista carioca Jonathan Ferr é destaque no festival Panela do Jazz

Publicado em: 26/08/2022 12:38 | Atualizado em: 26/08/2022 13:41

O músico tem uma trajetória marcada pela proposta de democratizar a arte, oxigenar e popularizar o jazz (Renan Oliveira/Divulgação)
O músico tem uma trajetória marcada pela proposta de democratizar a arte, oxigenar e popularizar o jazz (Renan Oliveira/Divulgação)

O pianista Jonathan Ferr tem revolvido as entranhas do jazz brasileiro com a peculiaridade de um som instrumental temperado com elementos do hip hop, R&B e de outros gêneros - uma combinação artística e sonora captada, sentida e digerida como urban jazz. O artista íntimo desse estilo com trânsito pelo pop é uma das atrações do último fim de semana da mostra do Panela do Jazz, no Plaza Shopping, realizada nestes sábado e domingo na área externa do centro de compras em Casa Forte, a partir das 16h. A grade conta ainda com o Teatro de Bonecos Quero Mais, o uruguaio Fecundo Estefanell, Trio Sotaque com Lígia Fernandes e Spok Quinteto.  

Jonathan sobe ao palco no sábado, às 19h, para apresentar ao Recife uma musicalidade em cuja essência está não apenas o talento artístico, mas os reflexos de uma trajetória marcada pela proposta de democratizar a arte, oxigenar e popularizar o jazz - caminho percorrido por ele, cria do subúrbio carioca de Madureira e um "pianista afrofuturista" por autodefinição. “Comecei a trabalhar com o urban jazz, urbano, que circula a cidade, atravessa, conecta, para pensar de uma forma afrofuturista, de um jazz que caminha para um futuro, e o futuro é democrático, popular, inclusivo. Uma música que busca devolver às ruas o que nunca deveria ter saído de lá”, explica.

Jonathan acaba de lançar o single e o clipe Lá fora - com participação de Coruja BC1 e Zudizilla -, primeira faixa do álbum Liberdade (previsto para este ano), homônimo do novo show a ser apresentado no Recife. “Será minha primeira apresentação na cidade, com um show incrível, lindo, digo sempre que é o melhor da minha vida. A cultura de Pernambuco me interessa muito. Quero me conectar com a cidade, com o estado, conhecer a cena de rap, hip hop”, diz ele, fã do cantor e compositor recém-falecido Paulo Diniz e do homenageado do Panela do Jazz em 2022, o maestro Moacir Santos, ambos pernambucanos.

O ímpeto da conexão é a linha central da atuação do pianista, para quem criar música é “linkar lugares não apenas geográficos, mas afetivos, um espaço de nutrição de afeto, para proporcionar um mergulho para dentro”. A produção e a compreensão musical de Jonathan confrontam uma percepção consolidada e generalizada do jazz como gênero elitizado e intelectualizado - a despeito da origem popular nos guetos norte-americanos.

“Quando começo a escutar jazz e ele me impacta profundamente, começo a conversar e a tentar entender por que não está na favela, nas zonas periféricas. Dialogo com outras músicas, que também são urbanas e que trazem um lugar de aproximação e pertencimento. Por isso, o hip hop fazia muito sentido  para mim. Comecei a ouvir os dois ao mesmo tempo: o jazz emancipava a minha música e o hip hop, o meu pensamento”, diz o pianista.

O percurso contracorrente de um espaço cultural demarcado por divisões calcadas em preconceitos e exclusões artísticas, ele ressalta, já tem provocado aproximação com o jazz de outros jovens periféricos acostumados a ver esse tipo de música como algo distante e velho. “Muitos dizem ‘jazz é coisa de antigo, do meu avô, de consultório de dentista. Mas aí começam a frequentar meus shows uns jovens do hip hop e essa fusão mostra que é possível criar uma música disruptiva, inclusiva, que aponta para novos caminhos, uma música preta, já que o jazz se embranquece nas mãos e uma certa elite”, afirma.

PROGRAMAÇÃO
O Panela do Jazz terá ainda apresentação da companhia pernambucana Teatro de Bonecos Quero Mais (às 16h) e do uruguaio Facundo Estefanell (18h). No domingo, Trio Sotaque convida Ligia Fernandes (19h) e o encerramento será com Spok Quinteto (19h). O festival tem uma praça de alimentação com bebidas diversificadas. O acesso é gratuito.
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