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CINEMA

Cinebiografia 'Pureza', com Dira Paes, entra em cartaz nesta quinta-feira (19)

Publicado em: 19/05/2022 19:41 | Atualizado em: 19/05/2022 20:00

 (Longa traz a saga de uma mãe, que se tornou símbolo na luta contra o trabalho escravo no Brasil, em busca do filho. Donwtown Filmes/Divulgação. )
Longa traz a saga de uma mãe, que se tornou símbolo na luta contra o trabalho escravo no Brasil, em busca do filho. Donwtown Filmes/Divulgação.
Uma aventura biográfica, uma saga investigativa e um manifesto abolicionista. Esses são alguns dos pilares do longa Pureza, protagonizado por Dira Paes, que entra hoje no circuito comercial. O filme é inspirado na trajetória verídica de uma trabalhadora de olaria do Pará que, em 1993, cruzou o país em busca de um dos seus cinco filhos, Abel, que saiu de casa à procura de emprego e não retornou. Pureza Lopes Loyola chegou até uma fazenda, onde ganhou confiança do chefe como cozinheira e testemunhou de perto o trabalho escravo sofrido pelos trabalhadores rurais. Em 1997, ela foi premiada pela Anti-Slavery International, em Londres, a mais antiga associação contra o trabalho escravo do mundo, ainda em atividade.
 
Dirigido e escrito por Renato Barbieri, o filme acompanha a trajetória de Pureza desde o momento que seu filho resolve deixar aquela vida na olaria até o momento em que ela foi apadrinhada pela Comissão Pastoral da Terra e conseguiu o contato com o Ministério do Trabalho, em Brasília, para libertar os trabalhadores da fazenda e encontrar seu filho desaparecido.
 
Para este projeto, fica claro que a prioridade de Renato Barbieri - de As vidas de Maria (2005) e Cora Coralina (2017) - está na proporção entre a composição maternal da protagonista e sua imensa coragem de enfrentar não apenas a violência na fazenda, mas também todo o sistema político que, em princípio, a desacredita. Pureza, uma mulher que se alfabetizou já adulta para poder ler a Bíblia e que mal conhecia o mundo para além da terra dos filhos, atravessou obstáculos colossais com o objetivo simples de reencontrar Abel. Mas sua jornada transformou esse objetivo numa causa social.
 
Barbieri traz, do seu trabalho em documentário, uma verossimilhança considerável nas cenas da fazenda, que compõem a primeira metade de Pureza - sobretudo devido aos trabalhadores rurais de verdade que se misturam a atores profissionais como Flávio Bauraqui, Sérgio Sartório, Mariana Nunes e Guto Galvão. “É uma honra e uma responsabilidade interpretar o personagem Maranhão porque é através dele que se demonstra como ocorre a escravização contemporânea”, afirma Guto.
 
Ainda que mantenha o engajamento emocional, no entanto, muito da segunda metade do filme soa mais pedagógica do que poderia, especialmente pela quantidade de informações que têm de ser transmitidas em pouco tempo. As elipses quebram um ritmo que vinha cuidadoso e cadenciado, e as resoluções parecem apressadas ou simplesmente fáceis demais, comprometendo muito da autenticidade dos primeiros atos do longa.
 
Dira Paes, já experiente em equilibrar doçura com obstinação, teve um contato próximo com Pureza (a verdadeira) no processo das filmagens e dá vida à personagem como se também ela estivesse numa missão: a de fazer jus à importância daquela jornada. “Foi muito interessante notar essa transformação de Pureza desde a primeira saída, quando foi em busca do filho, até o momento em que de fato ela foi contar o que viu. Acho que o filme alcança esse objetivo de mostrar visualmente - e através das interpretações - todas essas distâncias e o cansaço delas na personagem”, comenta a atriz, em entrevista ao Viver.
 
“Para mim, foi um filme muito especial, já que ele ainda por cima se passa no meu estado e foi filmado com a participação de pessoas da região que conhecem aquela realidade. Aconteceu, então, essa convergência entre a nossa experiência técnica da interpretação e a vivência que eles têm. Quase não precisávamos interpretar e, sim, ser aquilo por tudo ali ser tão real, só precisávamos ser aquilo”, completa.
 
Falando sobre a organização das filmagens, o diretor destaca a importância do trabalho dos atores para a construção dramática de Pureza e da maneira como espera que os espectadores recebam o filme. “A gente tenta filmar numa certa cronologia para conseguir criar aquele ‘crescendo’, aquela rampa de emoções. Lidar com atores altamente profissionais é uma vantagem enorme para dar o tom e a intensidade de cada cena, independente da ordem em que aquilo foi filmado”, diz Barbieri. “Nada melhor para um diretor do que a possibilidade de dirigir um elenco maravilhoso, liderado por Dira, mas que também conta com vários grandes atores com os quais eu sempre quis trabalhar. Minha intenção maior é que o público se concentre totalmente nessa incrível história de Pureza.”
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