O bandolim da pernambucana Bia Villa-Chan se junta com a guitarra baiana de Armandinho para um show gratuito nesta quarta-feira, às 20h, na Praça do Arsenal, Bairro do Recife. O encontro celebra o título de Cidade Criativa da Música, certificado pela Unesco em novembro passado ao Recife - Salvador recebeu a mesma honraria, um ano antes.
No palco, serão apresentadas releituras de clássicos de ambos os estados. "Será uma conciliação geral da música pernambucana com a baiana, do frevo pernambucano com o frevo baiano, de sotaque baiano, com guitarra baiana. Eu sou neto de pernambucano e a gente herdou esse micróbio do frevo", comenta Armandinho.
A passagem do Clube Vassourinhas, do Recife, pela cidade de Salvador, em 1951, fez o frevo mudar o percurso da história do axé. Esse intercâmbio, muitas vezes pouco lembrado, deu destaque ao ritmo pernambucano no carnaval da Bahia com uso da guitarra baiana. "Armandinho foi precocemente contaminado pelo micróbio do frevo e levou a guitarra distorcida para o ritmo. Existia um mito de que o frevo só poderia ser tocado em grandes orquestras. Ele tira o frevo dessa redoma, colocando-o em cima de um trio. Ele torna o frevo pop", diz Bia Villa-Chan.
Nascida no Recife, Bia Villa-Chan é neta do bandolinista Heitor Villa-Chan, um dos fundadores da troça Pirilampos de Tejipió. A instrumentista toca guitarra, contrabaixo, bateria, clarinete, sax e piano, sendo o seu principal instrumento o bandolim, e já gravou com nomes como Alceu Valença, Luiz Caldas e Maciel Melo.
Já Armandinho é filho de Osmar, da dupla Dodô e Osmar, que, inspirada pelo Vassourinhas, passou a tocar frevo em cavaquinhos (ou paus elétricos) que produziam sons distorcidos através dos potentes alto- falantes dos trios elétricos.
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