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CINEMA

Crítica: 'King Richard' coloca Will Smith na corrida pelo primeiro Oscar em cinebiografia

Publicado em: 02/12/2021 16:05 | Atualizado em: 02/12/2021 16:06

A história é baseada na vida do pai de Venus e Serena Williams, duas das maiores tenistas da história (Foto: Warner Bros./Divulgação)
A história é baseada na vida do pai de Venus e Serena Williams, duas das maiores tenistas da história (Foto: Warner Bros./Divulgação)
Por trás de muitas histórias de sucesso no esporte, existem figuras de apoio que foram essenciais na trajetória. King Richard: Criando Campeãs homenageia uma dessas figuras ao colocar os holofotes sobre Richard Williams, pai que dedicou sua vida a transformar as filhas Venus e Serena Williams em ícones mundiais do tênis. Com estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (2), a Warner Bros pretende emocionar o público com uma cinebiografia motivacional e colocar o astro Will Smith na disputa pelo seu primeiro Oscar como Melhor Ator.

Ambientado na cidade de Compton, na Califórnia dos anos 1990, o filme acompanha a história real de Richard Williams (Will Smith) na luta para cuidar da família enquanto segue o plano de carreira idealizado por ele para suas filhas antes mesmo delas nascerem. Apesar da falta de condições ideais de treinamento, o talento das irmãs conquista a atenção de treinadores e patrocinadores, que enxergam um grande potencial econômico na carreira das atletas. Além da jovem dupla Saniyya Sidney e Demi Singleton, que interpretam respectivamente Venus e Serena, o longa conta com Jon Bernthal e Tony Goldwyn como os principais técnicos responsáveis pelo treinamento de ambas durante a juventude.

O problemático contexto racial e de violência presente na época e nos lugares por onde a família passa ajuda a dar materialidade ao universo, porém não leva a grandes pontos de virada dramática. Assim, questões como representatividade, condição social e a ocupação de espaços de maioria branca - como um esporte elitista - são levantadas como base fundamental para as ideias e atitudes dos personagens, mas não se tornam força motriz do filme, que continua sendo mais sobre os indivíduos e suas conquistas pessoais.

Enquanto cinebiografia de esporte, a direção de Reinaldo Marcus Green (Monsters and Men) consegue de forma eficiente engajar o público a torcer e se empolgar com as partidas disputadas. Contudo, para os não habituados ao tênis, o filme não se ocupa em explicar regras ou sistemas de pontuação, o que se torna prejudicial para construir a tensão de uma virada ou o desenrolar de um jogo. Nesse momento, Venus recebe um destaque maior que Serena pelo trecho temporal abordado, antes da profissionalização das tenistas, mas o conflito que poderia surgir disso é interrompido. Afinal, diferente da maioria das histórias de esporte, o real protagonista aqui está do lado de fora das quadras.

Richard está constantemente equilibrando suas ambições com a superproteção das filhas (Foto: Warner Bros./Divulgação)
Richard está constantemente equilibrando suas ambições com a superproteção das filhas (Foto: Warner Bros./Divulgação)


Ainda que já tenha sido indicado duas vezes - por Ali (2001) e Em Busca da Felicidade (2006) -, Will Smith integra o hall de grandes astros de Hollywood sem a estatueta do Oscar entre seus prêmios. O arquétipo do pai dedicado já foi repetido outras vezes pelo ator, mas é visível o esforço para incrementar características próprias ao personagem, principalmente em trejeitos de fala. A atuação de Smith vai do sentimentalismo contido visto no melodrama de 2006, até trechos mais efusivos quando ocorrem os embates de visão com a mãe das meninas, Oracene Price, interpretada por Aunjanue Ellis.

A interpretação se enriquece também pela aparente complexidade do protagonista. Apresentado como um pai carinhoso e protetor, ele se torna uma figura ambígua quando tenta ensinar sobre humildade ao mesmo tempo em que revela constantemente ser uma pessoa com enorme ego e orgulho. Os reais objetivos de Richard, seja fama, dinheiro ou apenas a superproteção da sua família, ficam então dúbios pela maior parte do tempo. Essa postura não nos impede de empatizar com o personagem, pois é possível enxergar os esforços do pai em se responsabilizar pelas próprias expectativas criadas sobre o seu papel familiar.

Todo o seu plano e controle sobre as filhas não chega, porém, a ser problematizado de fato. Como seu título sugere, o filme traz uma abordagem heroica e idealizada de Richard Williams. O biografado é tratado como alguém que fez o certo independente dos métodos, pois tudo havia sido “como ele planejou”. A representação, inclusive, gerou polêmica recentemente ao receber críticas de Sabrina Williams, filha do casamento anterior de Richard. O treinador abandonou a esposa e cinco filhos antes de conhecer Oracene, mas essa parte é omitida e relegada a uma breve menção no filme.

Apesar das polêmicas, King Richard: Criando Campeãs é um agradável e envolvente passeio pelo passado de dois dos maiores ícones do esporte. Existe a adrenalina suficiente para um filme de esporte e a emoção suficiente para arrancar algumas lágrimas como drama biográfico. Em uma das atuações mais tocantes da sua carreira, Will Smith certamente se coloca como um forte candidato para finalmente subir ao pódio no próximo prêmio da Academia. Dedicação, ao menos, é algo que não falta.

Confira abaixo o trailer:


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