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Festival Varilux de Cinema Francês volta a ocupar salas de cinema do país

Publicado em: 30/11/2021 18:27

O longa 'Um Conto de Amor e Desejo' é um dos destaques da programação (Divulgação)
O longa 'Um Conto de Amor e Desejo' é um dos destaques da programação (Divulgação)
O Festival Varilux de Cinema Francês marca presença na retomada cultural de todo o país, trazendo populares filmes das mais novas safras francesas pelo 12º ano, incluindo o Recife nas 50 cidades de sua rota de exibições. O projeto começou oficialmente sua programação na última quinta-feira, trazendo uma delegação de artistas dos filmes em cartaz para as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, com o diretor Philippe Le Guay e os atores Sami Outalbali, Olivier Rabourdin e Benjamin Voisin para uma série de debates e conversas com a imprensa. O Diario de Pernambuco, à convite da organização do festival, foi ao Rio de Janeiro acompanhar essa abertura.

“É uma grande emoção para nós já começar a ver as salas se encherem para assistirem nossas sessões, ver o público interagir com os artistas. É essencial essa troca e esse interesse para uma obra de arte como um filme, porque as pessoas não só assistem, mas também refletem, questionam e oferecemos um espaço para isso. É emocionante ver essa troca voltar a acontecer e a cultura voltar a renascer no país”, afirma Emmanuelle Boudier, fundadora do festival, sobre o retorno da programação às salas de cinema, saindo do esquema remoto como foi na edição do ano passado.
 
Emannuelle e Christian Boudier na abertura do festival, no Rio de Janeiro (Rogério Resende/Divulgação)
Emannuelle e Christian Boudier na abertura do festival, no Rio de Janeiro (Rogério Resende/Divulgação)
 
 
A capilaridade e pluralidade de cinemas ocupados é uma das principais diretrizes do festival, chegando tanto nas grandes redes, como nos cinemas de rua, esses últimos sendo espaços que o festival dedica uma atenção especial. A abertura carioca, por exemplo, costumava ser realizada no Cine Odeon, no centro da cidade, mas neste ano foi realizada nos cinemas do grupo Estação, histórico na ocupação das salas de rua da cidade, que passa por um momento crítico nos últimos meses, com ameaças de despejo do cinema. No Recife, o Varilux costuma ocupar salas parecidas, como no caso do Cinema São Luiz e as salas da Fundação Joaquim Nabuco.
 
Delegação francesa viajou ao Rio para abertura do festival (Rogério Resende/Divulgação)
Delegação francesa viajou ao Rio para abertura do festival (Rogério Resende/Divulgação)
 
 
“Nós fazemos questão de trabalhar com todo tipo de cinema e fazemos questão que essa diversidade seja mantida. Para nós, os cinemas de rua são muito importantes porque garantem que o cinema independente seja mostrado. Nós representamos o cinema francês, portanto, um cinema independente, então para nós é muito importante lutar para que esses espaços continuem existindo, algo que fazemos desde a primeira edição”, relata Emannuelle.

FILMES

Um dos destaques da programação deste ano é o longa Um Conto de Amor e Desejo, da cineasta tunisiana Leyla Bouzid. O longa gira em torno de Ahmed (Sami Outalbali, da série Sex Education), um jovem francês de origem argelina que começa a estudar literatura na Universidade de Sorbonne e, ao se conectar com a literatura árabe e com uma jovem tunisiana Farah, passa também a entender melhor sua própria identidade e sua relação com sexo e afetos. 

E se a jornada de autoconhecimento de Ahmed é conduzida pela literatura, Sami precisou também encarar esse mergulho para dar conta de seu personagem. “Quando peguei o roteiro, já havia um livro sendo mencionado, então fui logo atrás de ler e durante a produção do filme, foram aparecendo mais obras no filme e eu sempre ia lendo. Eu adoro ler, voltei a fazer isso há alguns anos e a literatura hoje é uma parte muito importante da minha vida, me acalmando e me inspirando. É um refúgio magnífico”, elabora Outalbali, em entrevista ao Viver.

E se a literatura é uma arte silenciosa, Um Conto de Amor e Desejo incorpora esses silêncios enquanto uma força dramática. É na introspecção que Ahmed lida com seus conflitos, abrigando seus sentimentos em olhares disfarçados, respirações e gestos muito sutis. “Existe uma tendência nos filme em se querer falar demais. Mas muita coisa pode ser transmitida pela silêncio, quando se fala pouco ou se fala nada. Tive um grande diálogo com Leyla nesse sentido, antes do filme, para poder construir esses momentos”, conclui.
 
 

É no silêncio que se constrói também boa parte dramática de outro longa, mas agora saindo do campo do drama juvenil para o do thriller de investigação. É o caso de Caixa Preta, dirigido por Yann Gozlan. Na trama, um funcionário de uma agência estatal de aviação fica encarregado de investigar um acidente aéreo que fez 300 vítimas fatais, entrando em uma emaranhada de trama de conspirações corporativas e o misterioso sumiço de um colega investigador.

Mas a investigação não acontece entre perseguições por ruas ou por meio de grandes momentos dramáticos de interrogatórios e ações físicas. É uma investigação do século 21, por meio de telas e principalmente por fones, com o investigador Mathieu se dedicando a ouvir cada detalhe do que tem acesso das gravações de avião. 

“A tensão do filme vem dessa introspecção do Mathieu e do fato do espectador não saber se ele realmente encontrou algo estranho ali ou se ele próprio está fora de si. Aos poucos, as pessoas começam a olhar atravessado, ele vai sendo isolado e a tensão vai progredindo a partir dessa reclusão dele e dessa investigação que se dá por meio telas e da escuta”, afirma Olivier Rabourdin, ator do filme.

O filme traz a investigação com esse outro imaginário, distante das agências policiais e jurídicas, entrando nessa seara mais técnica, em especial com ligações diretas com o mundo corporativo. “É um thriller com muita tensão, mas o personagem principal não se parece em nada com um policial. Ele é mais um whistleblower, que vai entrar nessa briga contra uma versão oficial que ninguém questiona e ele percebe que alguma coisa não se encaixa”, comenta Rabourdin.
 
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Além destes dois e de todos os outros longas, as sessões de clássicos do Varilux deste ano homenageia o emblemático ator Jean-Paul Belmond, com trabalhos lendários ao lado de nomes como Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Melville e Phillipe de Brocca. Deste último, será exibido no Recife O Magnífico. A programação completa pode ser encontrada no site do festival.

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