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CANTIGAS

Em seu primeiro álbum, Laura Tamiana estuda ciclos da vida

Publicado em: 15/09/2021 08:40

O álbum traz cantigas brasileiras e de países da Àfrica Ocidental, onde a cantora realiza projetos de estudo (Foto: Laís Domigues/Divulgação)
O álbum traz cantigas brasileiras e de países da Àfrica Ocidental, onde a cantora realiza projetos de estudo (Foto: Laís Domigues/Divulgação)
Reconectar os ouvintes à sabedoria cíclica da vida através da música. Essa é a principal proposta da artista pernambucana Laura Tamiana em seu primeiro disco, Lunar, que reúne composições próprias e cantigas tradicionais do Brasil e da África Ocidental, onde tem trabalhado. Com 13 faixas e inúmeras participações de artistas locais e internacionais, o álbum já está disponível nas plataformas de streaming. Junto a ele, um encarte produzido por Laís Domingues que utiliza os processos da cianotipia e do bordado para trazer mais informações sobre cada música.

Começando pela faixa Iniciação, que retrata a coragem de nascer, e terminando com Despedida, sobre a morte necessária, o álbum se desenha como um ciclo completo, movimento que Laura tem estudado nos últimos anos. “Não sabemos o quanto vão durar, mas tem um padrão de inteligência pelo qual a vida dá continuidade. Tudo que é vivo se move em ciclos, inclusive o nosso fazer criativo. Tenho investigado esses ciclos na confiança que estar mais consciente deles pode nos trazer mais potência e conexão com a vida”, explica a artista.

O disco conta com uma instrumentação base de vozes, cordas (Rodrigo Samico) e percussões (Helder Vasconcelos, Johann Brehmer e Rodrigo Félix), sobre a qual novos instrumentos e participações surgem. Essa fluidez foi deixada intencionalmente pela cantora-intérprete estreante para contemplar parceiros importantes no seu percurso, como Alessandra Leão e André Hosoi, do grupo Barbatuques, de São Paulo. Compondo desde 2014, a multiartista paulista radicada no Recife conseguiu concretizar seu disco graças ao apoio da Lei Aldir Blanc e a pausa nas viagens acarretada pela pandemia da Covid-19, que também inspirou canções como Dilema da Flor, sobre os medos do confinamento.

Por outro lado, o isolamento também foi um grande desafio para alinhar a gravação das inúmeras participações. Cada artista, escolhido de forma artística e afetiva, teve que gravar remotamente do seu local. Na África, os artistas alugaram estúdios, enquanto no Brasil, a maioria teve condições de gravar em casa. Só em Recife foram três espaços utilizados. “Foi ao mesmo tempo uma boa forma de se adaptar e de contar com participações incríveis de lugares tão diversos”, relata Laura.

Gravar os instrumentos remotamente foi uma dificuldade, mas permitiu participações especiais de todo o mundo (Foto: Divulgação)
Gravar os instrumentos remotamente foi uma dificuldade, mas permitiu participações especiais de todo o mundo (Foto: Divulgação)

Cantigas
Como um álbum conceitual, o repertório escolhido constrói uma narrativa própria, para ser ouvida sem interrupções. Formado majoritariamente por composições já existentes de Tamiana, o álbum também traz o poema musicado Flecha, da mãe da cantora, e cantigas tradicionais de países africanos. Uma delas, intitulada Ajuda Eu, Tambor é um arranjo de três cantigas: uma brasileira, uma do Togo e uma da Costa do Marfim; com voz de artistas de cada um desses países.

Desde o início de 2018, Laura tem viajado regularmente para Burkina Faso, no oeste africano, para trabalhos ao lado do contador de histórias François Moïse Bamba e participações no Festival Internacional dos Patrimônios Imateriais (FIPI). Nessas viagens, relata que, quando a comunicação linguística não é possível, a música sempre surge como um viés de troca. A tradição de pergunta e resposta no canto é muito comum, e portanto fácil de aprender em poucas repetições, tornando-se uma forma de comunicação entre eles.

Segundo Tamiana, a cultura musical brasileira e de alguns países da África apresentam “uma irmandade muito íntima”, que pode ser percebida sensorialmente. “A gente sabe o quanto as matrizes africanas são importantíssimas para a nossa cultura no Brasil. Mas quando temos a oportunidade de ir lá e ver, é realmente muito marcante como você reconhece. É um tambor ou uma flauta daquele lugar que você vai reconhecendo, muitas vezes com swings e sotaques bem diferentes. Eu quis celebrar essa potência do encontro pela música e essas raízes de irmandade que temos”, conta.

Escute abaixo o álbum Lunar:

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