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CRÍTICA

Crítica: '007 - Sem Tempo para Morrer' tem tempo de sobra para trama básica

Publicado em: 30/09/2021 19:00

Ator Daniel Craig se despede do papel como o mais longevo James Bond da história (Foto: Divulgação)
Ator Daniel Craig se despede do papel como o mais longevo James Bond da história (Foto: Divulgação)
Após a fraca recepção de 007 Contra Spectre, Hollywood decidiu dar mais uma chance para que o James Bond de Daniel Craig se despeça de forma digna. O ator mais longevo a interpretar o famoso espião, ao longo de 15 anos, encerra sua jornada com 007 - Sem Tempo para Morrer, que chegou nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (30), resultado de uma série de adiamentos. A distância de seis anos do último filme, porém, não parece ter sido o suficiente para a idealização de uma história com personalidade própria.

Afastado da MI6, Bond vive isolado na Jamaica depois de uma suposta traição da companheira Madeleine Swann (Léa Seydoux). A paz é interrompida quando o antigo colega da CIA, Felix Leiter (Jeffrey Wright), o tira da aposentadoria com a missão de resgatar um cientista em posse do conhecimento sobre uma arma biológica capaz de promover extermínios a partir de dados genéticos. O longa também conta com a participação de Ana de Armas, como uma espiã novata, Ralph Fiennes, como M, e Lashana Lynch, como uma agente que disputa o título de 007.

Ainda que a média seja aceitável, basta olhar para a última leva de filmes de James Bond para perceber uma clara montanha-russa de qualidade. A estreia de Daniel Craig em Casino Royale (2006) trouxe, através de uma desconstrução do ícone espião, a perfeita combinação de classe e brutalidade do seu intérprete, e permanece até hoje como o melhor da Era Craig. Abalada por uma continuação desconjuntada como foi Quantum of Solace (2008), a franquia se recuperou com o estouro de popularidade em Operação Skyfall (2012), mas novamente perdeu fôlego e interesse com Spectre (2015). Apelando para o padrão, poderia-se esperar um novo acerto, correto? Bem, mais ou menos.

Nas mãos do diretor Cary Fukunaga (da ótima primeira temporada de True Detective), o filme entrega uma trama sólida, que até flerta com o terror no cena de abertura e recupera o humor à franquia, provavelmente fruto da colaboração de Phoebe Waller-Bridge (Fleabag) no roteiro. Fora isso, a história é desnecessariamente protocolar e sem riscos, deixando na tentativa de emplacar uma carga emocional o seu verdadeiro diferencial. Se esse drama funciona, é mérito de seu protagonista e a bagagem criada ao longo de 5 filmes (que pela primeira vez na franquia foram conectados), e não do novo enredo.

O vilão interpretado por Rami Malek é apresentado de forma amedrontadora, mas perde força pela ausência (Foto: Divulgação)
O vilão interpretado por Rami Malek é apresentado de forma amedrontadora, mas perde força pela ausência (Foto: Divulgação)

Sem Tempo para Vilões
A ausência de riscos pode até garantir o entretenimento, mas impede a franquia de se livrar de seus próprios vícios, um deles sendo talvez seu elo mais fraco: as motivações. O oscarizado Rami Malek é o último a entrar para a galeria de vilões do James Bond de Craig, formada por atores de peso como Mads Mikkelsen, Javier Bardem e Christoph Waltz, mas também conhecida por subaproveitar os seus personagens e intérpretes. Como o próprio filme faz questão de admitir, o inimigo contemporâneo é invisível, o que em parte ajuda na aura de ameaça onipresente dos filmes, mas abrevia consideravelmente o tempo de tela dos seus antagonistas.

Se a maior parte da duração é despendida em capangas, resta ao vilão apenas uma aparição final para o grande discurso e o confronto derradeiro. E é sobre essa falta de tempo para desenvolvimento que surgem então caricaturas. Com completa consciência do posto de “vilão de James Bond”, Malek se esforça para deixar uma impressão marcante do seu maligno Lyutsifer Safin, mas que, com frases prontas e objetivos não convincentes, acaba por ser mais um rival esquecível.

Ao contrário do que diz seu título, o novo filme tem tempo de sobra (2h43min), sendo o mais longo da franquia, mas o preenche com uma ação distribuída o suficiente para impedir o enfadonho. O diretor explora com eficiência tudo o que o grande orçamento e efeitos podem comprar, mas se acerta no peso dado às cenas de ação, carece no quesito inventividade, algo que a série “rival” Missão Impossível só vem aprimorando. O estiloso carro Aston Martin até tem seu momento em uma frenética cena inicial, mas a verdade é que esse Bond nunca foi o Bond dos apetrechos. Busca-se muito mais um protagonista de ação, do que um espião nos moldes em que o gênero se consolidou.

Fato indiscutível é que Daniel Craig deixa uma grande marca na história do personagem criado por Ian Fleming, atualizando-o pela primeira vez para a Hollywood do século 21. Muito graças ao seu protagonista, a série de filmes retornou aos holofotes dos grandes lançamentos e eternizou talvez uma das versões mais memoráveis do James Bond. Localizado entre dois acertos e dois erros, 007 - Sem Tempo Para Morrer marca o 25º filme da franquia com uma trama básica, mas entregando o que mais se esperava dele: uma homenagem ao ator que conseguiu humanizar a figura do espião mais famoso do cinema.

Confira o trailer do filme:


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