Evento virtual do coletivo Pão e Tinta realiza leilão de obras, shows e debates

O grafitti, um dos pilares da cultura hip hop, tem adesão em diversas partes do mundo comou um instrumento de transformação social que promove intervenções artísticas enriquecedoras à paisagem urbana. Essas frentes dessa linguagem artística universal estão presentes nas iniciativas do Coletivo Pão e Tinta, que funciona há quase dez anos na Comunidade do Bode, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. Desta sexta-feira (9) até o domingo (11), o grupo realiza uma versão virtual de seu evento mais tradicional, o 9º Encontro Internacional de Artes Pão e Tinta, no canal do YouTube da Palaffit Produções, com o tema Sobre-Vivências Periféricas.

Após uma roda de diálogo sobre o tema do evento, às 15h desta sexta, uma das principais ações do projeto ocorrerá às 18h, quando cerca de 51 telas de artistas independentes periféricos serão vendidas em um leilão virtual, realizado em live no YouTube. A renda será revertida para que o coletivo continue realizando projetos sociais na comunidade. As obras foram criadas especialmente para a ocasião. Os artistas receberam incentivo financeiro, latas de spray e tela com recursos que, em boa parte, foram captados via Lei Aldir Blanc em Pernambuco. O leilão será intercalado com apresentações dos DJs Rosinha, HTTP e Faxa MC.

O encontro também homenageia Dona Silvonete Santos, comerciante local que morreu alvejada por uma bala perdida há 19 anos. Ela era mãe do grafiteiro Pedro Stilo, que integra o Artes Pão e Tinta, e dos jovens Lucas e Mateus Santos. A casa onde ocorreu a tragédia ganhou cores e vida com painéis de graffiti feitos por artistas do coletivo, transformando-se na Galeria Dona Silvonete Santos, um novo espaço cultural dentro da favela.

"Queremos revitalizar ainda mais esse espaço para contar outra história sobre ela. A vizinhança a conhece como a mulher que levou uma bala, mas ela foi uma pessoa de importância social, que acolheu muita gente vinda do Agreste", diz Pedro Stilo. Outros espaços da comunidade, como a Livroteca e a fachada de alguns pontos comerciais também foram revitalizados pelo projeto nos últimos meses. O objetivo é dar visibilidade para esses locais e fortalecer pequenos empreendimentos na crise.

No sábado (10), das 15h às 17h, acontecerão as oficinas Técnicas Artísticas (com Lis de Hórus) Mídias Sociais (Ingrid Casadevall) e Fotografia Digital com Smartphone (Firmino). As atrações musicais, com alguns shows gravados e outros ao vivo, começam às 18h, com nomes como MC Vinição, DJ HTTP, Pierre DuMangue e 21 OPT, Karla Gnom, Rayssa Dias, Sony e Calango, Deox/Mirim e a rapper Adelaide.

A programação musical segue no domingo, com MC Margot, DJ Rosinha, Teteu Batatinha, Nanny Nago, Okado Canal, Bixarte, Stiff, Léo da Bodega, e Barbarize, que apresentará ao vivo pela primeira vez o seu álbum visual. Dia do encerramento, o domingo será voltado para a cultura tradicional marisqueira, que marca a identidade cultural da Comunidade do Bode. As marisqueiras Amarina Rodrigues e Mirela Lourenço e a pescadora Maria Edna do Nascimento vão participar de lives para trocar saberes.

"As nossas ações presenciais sempre misturaram painéis de grafitti, batalhas de break, de MCs, apresentações musicais e leilão de artistas independentes periféricos. Dessa vez, conseguimos aglutinar todas as atrações de forma online. A programação da 9ª edição conta com oficinas, rodas de diálogo e trocas de conhecimento, sempre com enfoque nas sobrevivências periféricas. O coletivo sempre teve um destaque nesse sentido, por ser um coletivo autônomo, independente e que precisou se reinventar", diz Jéssica Jansen, coordenadora geral do projeto.

Onde: Youtube, no canal da Palaffit Produções

Quando: de sexta-feira (9) a domingo (11), das 15h à 0h