17º Coquetel Molotov inicia programação virtual com debates, oficinas e série musical

A busca por transpor a experiência que um festival proporciona ao público para o meio digital levou o No Ar Coquetel Molotov a investir em novos formatos e uma programação extensa. O evento pernambucano inicia hoje e segue até 23 de janeiro, com uma grade de oficinas, masterclass, mentorias, shows imersivos e uma série conceitual, a maior aposta deste ano, que será exibida nos dois últimos dias. A iniciativa anda em consonância com a premissa de reinvenção do mercado cultural em decorrência da pandemia. Todas as atividades são gratuitas, com inscrições através do site coquetelmolotov.com.br.

De acordo com Benke Ferraz, diretor musical da série No ar e vocalista da banda Boogarins, traduzir as emoções e experiências que um festival proporciona para uma tela não é simples. “O Coquetel já teve uma experiência digital imersiva bem sucedida em julho, mas o momento do público é outro, e dos artistas principalmente. Isso foi o principal quesito para definir um conceito para a curadoria, dando bastante destaque para nomes locais que já carregam uma identificação com o festival e que também trouxeram novidades durante esse período tão complicado para a classe artística”, afirma. A produção audiovisual é do Bateu Castelo, com gravação de áudio da Fábrica Estúdios.

O produto foi gravado em meio à vegetação, às montanhas e ao som de animais no açude do estúdio Criatório, em Gravatá, no Agreste pernambucano, e na casa de shows Fauhaus, em São Paulo, e busca oferecer um olhar mais cinematográfico às performances. “Queríamos que essa edição fosse realmente recebida como uma obra de arte, um retrato de um momento único. Celebrar todo um cenário musical que orbita em torno do Coquetel, do pop ao experimental, do rock ao hip hop, juntando as peças de um modo que só o festival consegue reunir e dar sentido”, define Benke.

A produtora do Molotov, Ana Garcia, defende que a série tem o intuito de fornecer um conteúdo perene. “Pensamos em criar algo que pudéssemos assistir em dez anos e entender o que passamos e ainda estamos passando, o que foi a pandemia e como isso afetou o nosso meio. É algo além de lives e muito menos montar um palco para fazer um show em um local vazio. A ideia é levar o espectador para dentro do show, é intimista, é cru, é a nossa visão do que é um festival de música em uma tela”, explica.

A ciranda de Lia de Itamaracá, o instrumental de Amaro Freitas e o regionalismo de Alessandra Leão, trio pernambucano, o metal da paulistana Test e o trabalho performático da carioca trans Aretha Sadick estão entre os shows que compõem a série. Também contará com apresentações de Derek, Perera Elsewhere, Luiz Lins, Bella Kahun, Bell Puã, Avoada, Hrönir, Siba Carvalho, Guma, Mooniz e HoodBob. Haverá ainda o encontro inédito entre o grupo goaiano Boogarins e a vanguardista Ava Rocha.