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HOMENAGEM

Há 23 anos, Capiba virava imortal na memória dos pernambucanos

Publicado em: 31/12/2020 09:00

Para marcar a data, o músico será imortalizado com uma nova estátua, erguida na AABB Recife (Foto: Divulgação)
Para marcar a data, o músico será imortalizado com uma nova estátua, erguida na AABB Recife (Foto: Divulgação)

A memória que circunda a trajetória de Capiba é de alegria. É manhã de sol, ruas preenchidas por cores e a mistura de sons característicos dos metais tradicionais que compõem o Carnaval pernambucano, eternizados em frevos-canções, frevos de bloco e frevos de rua que ecoam na memória de variadas gerações. São 23 anos de saudade celebrados nesta quinta-feira (31), são 23 anos em que a faixa É de amargar que ressoa em ruas históricas e ladeiras do Recife e de Olinda, se tornou também um alento para todos os brincantes. Dono de uma simpatia pouco comum, uma presença de espírito espetacular e sua reconhecida energia satírica, Lourenço da Fonseca Barbosa nos deixou no dia 31 de dezembro de 1997, aos 93 anos, vítima de uma infecção generalizada, contraída nos mais de dez dias internados na UTI de um hospital no Recife.

Para marcar a data, a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) Recife ganhará uma estátua de Capiba, produzida por Genézio Gomes, e se tornará a peça mais importante do acervo do Memorial AABB, presente no Salão Capiba. Por conta da pandemia do novo coronavírus, ainda não há previsão de inauguração da peça. Esta será a segunda escultura em homenagem ao músico. A primeira está fixada às margens do Capibaribe, na Rua do Sol, na apoteose do desfile do Galo da Madrugada.

Filho de maestro da banda municipal de Surubim, sua terra natal, Capiba se encontrou nos metais aos oito anos, quando começou a tocar trompa. Ainda pequeno, se mudou com a família para a Paraíba, onde trabalhou, ainda criança, como músico e pianista em cinemas. Sua trajetória o levou até aos gramados, onde atuou como zagueiro no Campinense Clube-PB, apesar de ser um declarado torcedor do Santa Cruz. A carreira não se estendeu por muito tempo e a despedida dos gramados se deu aos 20 anos de idade. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco com a valsa Meu destino. Seis anos mais tarde, se mudou para o Recife e se tornou funcionário do Banco do Brasil, onde conseguiu investir em seus estudos musicais.

Foram os versos "Eu bem sabia que esse amor um dia / Também tinha seu fim / Essa vida é mesmo assim / Não penses que estou triste / Nem que vou chorar / Eu vou cair no frevo que é de amargar”, do frevo-canção É de amargar, que o consolidou como compositor em 1934 e o tornou vencedor de uma disputa de músicas carnavalescas. A faixa Maria Betânia, gravada por Nelson Gonçalves, também recebeu destaque.

Capiba também musicou poemas de Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, João Cabral de Melo Neto e Carlos Pena Filho, que deu voz ao sucesso A Mesma Rosa Amarela (samba). Além das homenagens às cidades históricas de Pernambuco: Recife, cidade lendária; Olinda, cidade eterna; e Igarassu, cidade do passado. São mais de 200 obras gravadas, e estima-se, ainda, que o músico tenha deixado mais 400 composições inéditas, entre frevos e peças eruditas.

"Desce o caixão, entrega ao povo", lembra o jornalista recifense e amigo de Capiba, Luiz Felipe de Morais Moura sobre o que disse no dia do sepultamento do artista, quando milhares de pessoas se reuniram em volta do cemitério de Santo Amaro, no primeiro dia de 1998, para se despedir do ícone do Carnaval pernambucano. "Levamos uma Orquestra de Frevo para o cemitério, não podia entrar, mas conseguimos que ela tocasse do lado de fora, próxima o suficiente para os amigos, admiradores e familiares escutarem", conta Moura, que é presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet-PE).

“Capiba é o próprio hino musical de Pernambuco, mostrando ao mundo que Pernambuco poderia produzir canções de todos os ritmos, inclusive músicas eruditas. Ele marcou a cultura de um modo geral. Capiba não é só Carnaval, ele é bolero, valsa, samba-canção e tango. Independentemente do ritmo, ele criava a letra e botava música”, frisa.

MEMÓRIA
Imortal na memória do povo pernambucano, Capiba está presente nos blocos de carnaval todos os anos, não apenas no repertório das orquestras de frevo, mas em forma dos tradicionais bonecos gigantes. Em Surubim, cidade natal do carnavalesco, um projeto aguarda ser tirado do papel: o Museu Capiba. A Associação Cultural Capiba, presidida por Maria José Barbosa – Zezita, viúva do músico, espera a construção do local onde será armazenada e exposta toda a obra de Capiba. Em 2016, ganhou da Prefeitura Municipal de Surubim um terreno, mas de acordo com Luiz Felipe Moura, a obra ainda não teve início e a Associação está inativa há 8 anos. Ainda segundo o jornalista, os objetos e móveis estão guardados em dois cômodos na casa de Zezita.
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