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LITERATURA

Semana do Livro de PE homenageia Clarice Lispector e sua relação com o Recife

Publicado em: 17/11/2020 17:07 | Atualizado em: 17/11/2020 17:11

A programação será realizada, digitalmente, nos dias 9 e 10 de dezembro, datas que marcam o nascimento e morte da escritora, respectivamente.  (Foto: Instituto Moreira Salles/Divulgação
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A programação será realizada, digitalmente, nos dias 9 e 10 de dezembro, datas que marcam o nascimento e morte da escritora, respectivamente. (Foto: Instituto Moreira Salles/Divulgação )

No ano de seu cententário, a escritora Clarice Lispector será a homenageada na 2 edição da Semana do Livro de Pernambuco. O evento integra a e.Bienal, a plataforma digital da Bienal Internacional do Livro do estado. A programação será realizada, digitalmente, nos dias 9 e 10 de dezembro, datas que marcam o nascimento e morte da escritora, respectivamente. Por meio de lives, a edição comemorativa contará com a presença de escritores, pensadores, profissionais da cadeia do livro e da literatura para celebrar a arte literária de Lispector e a sua relação com a cidade do Recife, onde passou a infância. A Semana é gratuita e oferecerá acessibilidade com intérprete de libras durante todos os encontros. 

Integram a programação, o historiador estadunidense e biógrafo de Clarice, Benjamin Moser, a arquiteta pernambucana Amélia Reynaldo, a professora universitária Eliane Robert Moraes e a jornalista Marilene Felinto. Realizado e produzido pela Vox Produções, Ideação e Cia de Eventos, a Semana do Livro tem curadoria assinada pelo jornalista e crítico literário Schneider Carpeggiani. 

De acordo com o curador, a escolha das temáticas e palestrantes busca aproximar Clarice da cidade do Recife a partir de novas perspectivas. "É também uma forma de fazer com que as pessoas prestem atenção no quanto os escritores criam a cidade a partir do olhar deles. Os escritores participam da construção de uma cidade e não apenas são influenciados por elas", explica Schneider. Para ele, Lispector é uma espécie de assombração, que marca o centro do Recife. "Em tempos de ataques à cultura, é importante voltar-se às origens e lembrar que somos feitos também por escritores e o Recife é feito por Clarice. Toda cidade tem o seu escritor que é uma espécie de assombração", completa. 

A abertura da Semana do Livro ficará a cargo do biógrafo Benjamin Moser, com a live "O primeiro beijo e outras histórias". "Não tinha como não abrir com Moser, ele foi fundamental para o sucesso que Clarice fez no exterior, ele conseguiu fazer uma costura dela que isso foi importantíssimo para fazer ela estourar lá fora", justifica Schneider. Moser pesquisou Clarice in loco no Recife e realizou tentativas de reconstruir a casa onde ela morava, sem sucesso. No bate-papo, ele fará também um recorte da relação dela com as raízes judaicas, trazendo um paralelo com o Recife, que abrigou a primeira Sinagoga das Américas. Em seguida, a professora da Universidade de São Paulo (USP), Eliane Robert Moraes, falará sobre "A potência do mínimo, segundo Clarice Lispector", analisando o interesse da autora pelas formas de vida reduzidas à essência, procurando interrogar a presença das coisas ínfimas na obra da autora e as figuras que dela decorrem.

No dia 10, a arquiteta Amélia Reynaldo reflete sobre "A cidade sitiada", fazendo um apanhado da história da Boa Vista, no centro do Recife, sob a luz das obras de Clarice, destacando o conto Felicidade clandestina, onde a cidade aparececomo cenário. Para encerrar a programação, a jornalista Marilene Felinto recebe o público para a conversa "Um mundo todo vivo tem a força de um Inferno", sobre suas leituras da obra de Clarice Lispector e da evocação que ela faz da infância no Recife. Ela retoma, ainda, alguns dos temas do romance A paixão segundo GH, sobretudo a forma como as empregadas domésticas são tratadas nas obras de Lispector.

O evento tem a preocupação em promover uma troca direta entre escritores e o público, incentivando à leitura e a valorização da produção literária local e nacional. “A II Semana do Livro está sendo idealizada para servir como um verdadeiro encontro cultural. Nesta edição virtual acreditamos que vamos atingir um público ainda maior, já que vamos estar nas redes e a obra de Clarice é reconhecida internacionalmente”, explica Guilherme Robalinho, da Vox Produções. A Semana do Livro é realizada em parceria com a Secretaria de Educação do Recife, e a programação vai servir como projeto de formação para professores da rede municipal.

Confira a programação:

9 de dezembro
18h
- O primeiro beijo e outras histórias, com Benjamin Moser
Na palestra, o biógrafo de Clarice Lispector, o norte-americano e ganhador do Prêmio Pulitzer 2020 Benjamin Moser, fala como conheceu a obra da autora e da travessia até a escrita da biografia “Clarice”.

20h - A potência do mínimo, segundo Clarice Lispector, com Eliane Robert
“Tudo o que é vivo se contrai” – diz Clarice Lispector em A descoberta do mundo, como que resumindo a razão de seu interesse pelas formas de vida reduzidas à sua essência. Do ovo à água viva, da baba ao ectoplasma, de uma tartaruga arfando a uma barata moribunda, toda sorte de “matéria vivente” que seja ínfima, insignificante ou mesmo informe atrai a sua atenção. A palestra da crítica literária Eliane Robert Moraes (USP) procura interrogar esse procedimento em obras da autora e as figuras que dela decorrem.

10 de dezembro
18h - A cidade sitiada, com Amélia Reynaldo
A cidade do Recife abrigou os anos de formação de Clarice Lispector e aparece como cenário de alguns dos seus principais contos, como Felicidade clandestina. A arquiteta Amélia Reynaldo (Unicap) faz um apanhado da história do centro do Recife à luz da obra da autora. E nos faz pensar em como uma cidade é também construída pela narrativa dos seus escritores.

20h - "Um mundo todo vivo tem a força de um Inferno", com Marilene Felinto
A escritora pernambucana Marilene Felinto fala de suas leituras da obra de Clarice Lispector e da evocação que ela faz da infância no Recife. E retoma ainda alguns dos temas do romance A paixão segundo GH, sobretudo a forma como as empregadas domésticas são tratadas nas obras de Lispector.
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