Pernambuco.com
Pernambuco.com
Notícia de Divirta-se

MÚSICA

Pernambucana Bella Kahun faz boemia contemporânea em álbum de estreia

Publicado em: 25/09/2020 11:09 | Atualizado em: 25/09/2020 18:47

Bella Kahun nas gravações do clipe Sorte (Foto: Nathalia Tenório/Divulgação)
Bella Kahun nas gravações do clipe Sorte (Foto: Nathalia Tenório/Divulgação)

A cantora pernambucana Bella Kahun, natural de Garanhuns, no Agreste, lançou nesta sexta-feira (25) o álbum Crua, o primeiro de sua carreira. Com 10 faixas inéditas, o disco dá continuidade ao R&B que a artista de 19 anos vinha apresentando em singles posteriores, mas também trazendo influências da MPB, do brega, do jazz e do bolero. O resultado dialoga com o que vem sendo feito por uma nova cena da música pop brasileira, com o adicional de ser um trabalho pernambucano.

Com gravação, mixagem e masterização de Mazili, produtor musical da PE Squad (selo também composto por Luiz Lins, da Zona da Mata), Bella construiu um universo que passeia pelo acústico e pelo eletrônico, pelo global e pelo regional, também com uma certa atmosfera de boemia que ganha tons visuais nos clipes de BoêmiaSorte, dirigidos por Rostand Costa - o segundo tem participação de Talula Mayim, drag queen do artista Alefe Passarim. A identidade visual é da tatuadora Bea Simões e da artista plástica Nie Fagundes. Moral assume os arranjos de guitarra e violão. As composições de Crua são desabafos de sentimentos da artista, do desejo à insegurança, e surgiram em sessões de violão.




Maria Isabela (nome de batismo da cantora) teve contato com universo artístico através de seu pai, Alexandre Ferreira Alves (conhecido como Seu Kahun), e tocando em botecos de Garanhuns. "Ele é um músico desconhecido, mas para mim é o melhor do Brasil. Garanhuns é uma terra de berço artístico muito forte, que influenciou muito a artista que sou hoje", diz Bella, em entrevista ao Diario. "Aos 19 anos, acredito ter uma bagagem interessante de evolução, após tocar em alguns eventos maiores e entrar para uma gravadora que me entende como pessoa, que entende minha identidade sexual e outras questões importantes para mim."

A trajetória de Bella Kahun na PE Squad começa em 2018, com os singles Bem me quer, Dúvidas de nós (essas duas mais românticas) e Lance casual (essa mais festiva e 'sacana'), produções que atingem um público jovem interessado em novidades locais que dialoguem com as batidas globais, assim como já é o público de Luiz Lins e de outros nomes que flertam com estéticas contemporâneas no Nordeste.

"O Crua inicialmente iria ser um EP, mas o conceito cresceu muito. Estava tão grande que chamamos de disco", explica Kahun, sobre o novo álbum. "Eu fiz as dez composições em 2019, quando também comecei a subir em palcos grandes, a exemplo de um evento do Sesc de São José do Rio Preto, onde MC Tha e Jaloo eram algumas das atrações. Eu consegui criar gosto de verdade sobre essa coisa de criar uma identidade artística. O Crua vem dessa ideia que tive, e que nem sabia que eu poderia executar."

Capa de Crua, álbum de estreia de Bella Kahun (Arte: Niê Fagundes e Bea Simões
)
Capa de Crua, álbum de estreia de Bella Kahun (Arte: Niê Fagundes e Bea Simões )

Na faixa Verso incerto, que funciona como uma interlude, Bella faz um desabafo na linguagem do repente: "Esse verso de agora vai soar como incerto, mas que é lasca ignorar o interior e dar Ibope para o resto. Então que seja um protesto. Eu faço até um repente. Dão valor demais para a capital e tão esquecendo da gente", diz ela na faixa.

"Ser do interior me fez ser um pouco vista como surpresa. 'Meu Deus, tu é do interior de Pernambuco e canta assim?'. Como se daqui não pudesse sair nada bom, mas Garanhuns é a terra de Dominguinhos", diz Kahun. "Ao mesmo tempo, aqui nunca foi nada fácil para mim. Apesar da capital ter uma outra ideia por conta do Festival de Inverno de Garanhuns ou do Viva Dominguinhos, acredito que a cidade seja culturalmente desvalorizada. Não dão espaço para a arte daqui, é um desperdício enorme. São esses dois lados que me marcam e que me movem. E eu não preciso ser uma voz do interior, porque ele já tem voz. Só não nos dão ouvido ou espaço."

Ouça o álbum Crua:

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Consulado da RPCh no Recife tem nova cônsul-geral
Mergulho no Brasil é uma possibilidade para os turistas chineses
Cenas da China aparecem em meio ao barroco brasileiro e intrigam pesquisadores
Ao vivo no Marco Zero 09/02 - Carnaval do Recife 2024
Grupo Diario de Pernambuco