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O livro é composto por antigas entrevistas, registros históricos e acervo fotográfico da artista (Foto: Divulgação) |
"É terminar a leitura, encostar a cabeça no livro e ouvir um eterno aplauso", diz Nilson Raman, coordenador editorial da fotobiografia
Bibi Ferreira - Uma vida no palco, em homenagem a uma das maiores artistas brasileira. Lançada em junho em versão digital, a obra pode ser acessada gratuitamente através deste
link. A edição física ficou pronta em 5 de março, quando a pandemia começou a se instalar no Brasil, e os eventos de divulgação precisaram ser suspensos.
Cerca de 800 exemplares estão sendo vendidos por R$ 150. Os textos que compõem o livro são frutos de entrevistas realizadas pela jornalista Maria Alice Silvério, e as fotografias são de Wilian Aguiar, fotógrafo oficial da artista nos últimos 15 anos de sua carreira. Há ainda imagens de arquivo, reprodução de reportagens, depoimentos e recortes de críticas de jornais e revistas de várias épocas.
"Me deparei com a quantidade de material que ela tinha guardado. Ela tinha até roupa da maternidade, era um acervo muito grande, então pedi que fizéssemos uma biografia. Ela não quis, então propus fotobiografia, e ela adorou. A história e memória de Bibi mereciam um registro documental", diz Nilson, responsável pelo lançamento da publicação desde a primeira edição do livro, em 2003, para marcar as comemorações dos 60 anos de carreira da atriz, celebrados em 2001.
Agora, 20 anos depois, a segunda edição narra toda a trajetória de 77 anos de palco de Bibi, incluindo o período compreendido entre 2001 e 2019, ano de sua morte, aos 96 anos, que não foi contemplado na 1ª edição. "Começamos a edição em 2001, foi lançada em 2003, para comemorar os 60 anos. Foram dois anos fazendo o livro, e Bibi participou de todo o processo. Ela rabiscava, escrevia em cima, ia consertando os erros...", afirma Nilson.
"Depois de pronta e lançada a 1ª edição, mantive a equipe sempre próxima e fomos atualizando aos poucos. Quando Bibi completou 95 anos, falei para fazer um novo livro, ela topou. Logo em seguida, disse que iria deixar os palcos. Era 2017, comecei a editar pensando no encerramento de sua carreira, mas antes de lançarmos, em 2019, ela faleceu."
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Em dueto de abertura de turnê, Bibi beija Nilson Raman, parceiro de trabalho ao longo de 20 anos (Foto: Wilian Aguiar/Divulgação) |
Com o falecimento da artista, o livro ganhou um tom de despedida e textos de obituário. O projeto editorial contempla vários capítulos temáticos, desde o início da trajetória artística, os papéis mais marcantes, a relação familiar, as grandes matérias de jornais, como o The New York Times, e depoimentos de artistas e amigos.
Há ainda destaque para a relação dela com o Recife. "Ela tem uma história com o Teatro Valdemar de Oliveira, onde ajudou a construir a história do teatro pernambucano", destaca Raman. Bibi se apresentou diversas vezes na capital, lotando o Centro de Convenções da UFPE, o Teatro Guararapes e o Santa Isabel. Por quase três décadas, Raman se dividiu entre os papéis de amigo, empresário, produtor e mestre de cerimônias dos shows de Bibi.
"Fui muito privilegiado de trabalhar com ela. Pude viver e ver de perto a potência da artista que era Bibi Ferreira. Quando comecei a coordenar sua turnê, há mais de 20 anos, ela me disse duas coisas: 'Eu aturo tudo, menos a mentira'. E acrescentou: 'Odeio surpresas'. Essas mensagens me nortearam. Aprendi a melhor hora de propor, de conversar, sempre com muito respeito, amor e carinho. Nos tornamos amigos."
Para a jornalista Maria Alice Silvério, pesquisar a carreira de Bibi foi uma das tarefas mais árduas e gratificantes de sua vida profissional. "O volume de informações era enorme: inúmeros espetáculos, prêmios mais importantes, uma legião de fãs espalhados por todos os cantos do país, assim como em Portugal e na França, críticas nos mais significativos periódicos, nacionais e estrangeiros. As entrevistas com a artista a quem eu idolatrava foram a parte mais emocionante do projeto."