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Foto: Marcos Serra Lima / EGO / Reprodução |
A socialite Val Marchiori foi condenada a pagar R$ 30 mil de indenização por danos morais à cantora Ludmilla. A decisão da 3ª Vara Cível da Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro, levou em conta comentários racistas feitos por Marchiori durante a transmissão dos desfiles das escolas de samba de 2016 na Rede TV.
"A fantasia está bonita, a maquiagem... agora, o cabelo... Hello! Esse cabelo dela está parecendo um bombril, gente!", afirmou a socialite na ocasião, referindo-se à cantora que desfilava na Sapucaí pela Acadêmicos do Salgueiro.
Marchiori já havia sido condenada pelos comentários em sentença anterior. Desta vez, a juíza Françoise Picot Cully afirmou que houve ofensa à honra de Ludmilla e de outras mulheres negras.
"Ao pontuar que o cabelo crespo visualizado no vídeo parecia com 'bombril', a primeira ré desqualificou um traço típico da raça negra, e ofendeu a honra subjetiva da autora. No cenário indicado, conclui-se que estão reunidos os elementos determinantes da formação do dever de indenizar", diz um trecho da decisão.
Ela acredita que os comentários de Marchiori tratou de maneira pejorativa um traço do fenótipo negro.
"A primeira ré, ao atuar como comentarista de carnaval em rede aberta de televisão, colocou-se a tecer comentários pejorativos, de cunho racista, ao comparar o cabelo da autora com a palha de aço conhecida pela marca bombril. Neste ponto, é notório que são as pessoas de pele negra, majoritariamente, que apresentam cabelos 'armados' e volumosos, como uma de suas características peculiares, identificadoras da raça. Ao pontuar que o cabelo crespo visualizado no vídeo parecia com bombril, a primeira ré desqualificou um traço típico da raça negra, e ofendeu a honra subjetiva da autora", afirma outra ponto da sentença.
O valor foi definido com base nos ganhos financeiros da socialite. A decisão prevê o pagamento dos R$ 30 mil com correção monetária a partir da publicação da sentença e juros desde a data em que o comentário foi proferido. O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) informou que cabe recurso da decisão.