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Música

Premiado disco Desempena, de Almério, ganha suntuoso registro ao vivo

Publicado em: 30/07/2020 14:52

 (Foto: Juarez Ventura/Divulgação)
Foto: Juarez Ventura/Divulgação


O álbum Desempena (2017), que fez o cantor pernambucano Almério vencer o Prêmio da Música Brasileira há dois anos na categoria Cantor Revelação, se materializa e ganha tons ainda mais palpáveis, corpóreos e emocionais no disco Desempena ao vivo, registro da apresentação realizada no palco do Teatro de Santa Isabel em 2018 que está sendo lançado pelo selo da Biscoito Fino. O show do projeto, aprovado pelo edital do Natura Musical de 2016, funcionou como uma ferramenta orgânica para disseminar a arte do artista de Altinho, no Agreste, por várias cidades do Brasil e até de Portugal, como Lisboa, Porto, Coimbra e Amarante.

A performance marcante de Almério, que tem um certo "quê" setentista, é acompanhada por por Philipe Moreira Sales (flautas e pífanos), Eduardo Slap (baixo), Marconiel Rocha (percuteria) e Ana Paula Marinho (percussão). Os músicos constroem uma sonoridade que passeia pelas raízes agrestinas, mas sem deixar de soar exclusivamente regional. A direção artística é de André Brasileiro, com direção musical de Juliano Holanda. O álbum está disponível no streaming, enquanto o registro audiovisual será disponibilizado no YouTube no final de agosto. As edições físicas estão suspensas por conta da pandemia.

"O show do Desempena chegou em um determinado lugar de entendimento meu, da minha equipe, do público. Era um lugar tão confortável para gritar e alertar sobre coisas importantes do Brasil. Isso que me fez ter a vontade de gravar. Sabe quando o show ‘azeita’? Ele construiu uma ponte muito natural entre eu e meu público", diz Almério, 39 anos, que tem praticado o distanciamento social na casa da família em Caruaru. "Eu divido apartamento com uma amiga no Recife, que é a minha percussionista (Ana Paula Marinho), mas ela ficou presa em Curitiba e não dava mais para ficar totalmente sozinho."

Capa do Desempena Ao Vivo (Foto: Biscoito Fino/Divulgação)
Capa do Desempena Ao Vivo (Foto: Biscoito Fino/Divulgação)


Almério começou a carreira cantando em bares de Caruaru e em montagens teatrais da cidade, quando também teve experiências como ator e amadureceu o seu domínio de palco. Existe um percurso de êxito até a chegada no palco do Santa Isabel, um espaço de memória cultural e política de Pernambuco. Ele estreou com um álbum homônimo, em 2013, viajando entre MPB, pop e regionalismo, com presença de pífanos, sanfonas, flautas, pianos, violinos, vários tipos de percussão e metais.

Em 2015, foi contemplado no edital nacional Natura Musical e venceu a categoria Voto Popular. Com a aprovação, gravou seu segundo álbum, Desempena, com produção de Juliano Holanda. Outro desdobramento com a visibilidade do disco foi o show no Palco Sunset do Rock in Rio, em 2017, ao lado do conterrâneo Johnny Hooker e da paulista Liniker. Também abriu shows do Grande Encontro, de Alceu, Elba e Geraldo.

O Desempena ao vivo seria lançado em 2019, mas precisou ser adiado por conta de um projeto com parceria da baiana Mariene de Castro, o Acaso casa ao vivo (Biscoito Fino). A data foi novamente repensada diante da pandemia. "Passaram vários meses e pensei: 'As pessoas precisam da arte’. Voltei a ouvir o show, percebi que ele ainda estava muito quente, levantando questões pertinentes. Eu acho que as pessoas deveriam pensar sobre tudo isso dentro de suas casas. E sem shows físicos presenciais, eu também precisava estar em movimento", diz Almério.

 (Foto: Juarez Ventura/Divulgação)
Foto: Juarez Ventura/Divulgação


O repertório segue a cartilha dos demais shows da turnê, com canções dos dois primeiros álbuns - composições autorais e de parcerias, como Juliano Holanda, Martins, Isabela Moraes, entre outros. "Quando fomos gravar, tive alguns insights, pois o público merecia algo novo. Tem uma música minha feita no último ensaio antes da gravação, que é Sob seus pés", conta. Outra canção que só aparece no álbum é Meu amorzim, composição do sertanejo PC Silva, presente no primeiro álbum solo de PC, lançado neste mês.

Para reforçar o tom político (que já está na performatividade), o cantor também interpretou a canção Androginismo, autoria de Kleiton & Kledir, que integra o repertório do grupo Almôndegas, banda gaúcha dos anos 1970. Almério construiu uma releitura ao vivo, com uma musicalidade orgânica e artesanal, influenciada principalmente pelas bandas de pífanos de Caruaru. Outra interpretação política é Divino, maravilhoso (1968), composição de Caetano Veloso e Gilberto Gil, que ficou notabilizada na voz de Gal Costa. "Esse é um show politicamente engajado, pois eu preciso estar muito atento para cuidar das pessoas com minha voz, sobretudo a comunidade LGBTIA+."

Enquanto o lançamento repercute entre o público, Almério tem deixado a "realidade ser a realidade", aguardando o momento de retorno. "Acredito que no pós-pandemia, nós, artistas, devemos continuar combatendo desigualdades, violências e a desumanidade que se instaurou no Brasil. Não podemos parar de cantar", afirma. "Por enquanto, estou levando minha arte para as lives, os webshows e plataformas. Tem uma mais recente chamada Ágora Sonora, no Zoom, que possibilita a venda de ingressos virtuais. É uma forma de fazer shows, consumir shows e não ficarmos triste."
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