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RÁDIO

Novos programas da Frei Caneca debatem a ancestralidade dos povos africanos e indígenas

Publicado em: 24/07/2020 14:52 | Atualizado em: 24/07/2020 17:42

 (Foto: Cacau Gouveia/Divulgação, Divulgação, Pedro Henrique Reinaux/Divulgação)
Foto: Cacau Gouveia/Divulgação, Divulgação, Pedro Henrique Reinaux/Divulgação


A musicalidade e as raízes africanas e indígenas no Brasil ganharam espaço semanal na rádio. Os programas Baile Diamante Negro e Aldeias e Quilombos foram contemplados pelo edital de Apoio à Ocupação da Grade de Programação da Frei Caneca FM (105.1), emissora pública recifense que estreou nova grade na semana passada, com 21 atrações inéditas nesta semana, de um total de 44 novidades que vão ao ar.

"Os indígenas e quilombolas são povos que descendem de uma trajetória de muita exclusão. Ter a oportunidade de pautar cultura e ancestralidade em um veículo de comunicação como a rádio está sendo muito satisfatório. Queremos levantar questões importantes na comunidade, mostrar as conquistas, discutir dificuldades e os pontos em comum, como a questão da luta por terras”, conta a jornalista Manuela Lira, que divide a produção de Aldeias e Quilombos com o também jornalista Bruno Vieira. O programa é exibido semanalmente na rádio aos sábados, às 15h, e também disponibilizado no site www.freicanecafm.org.


A estreia contou com discussão sobre os desafios da pandemia para os povos indígenas e quilombolas. Em quatro blocos de 15 minutos, a atração explora a realidade nas comunidades pernambucanas, para propor um resgate da ancestralidade dos povos, além de pautar políticas públicas para os grupos étnicos. “O objetivo central é contribuir para a promoção da visibilidade, estimular o debate sobre as populações negras, quilombolas e indígenas de Pernambuco e do Brasil através de um diálogo direto com os povos”, explica Manuela.

As conversas serão guiadas por Bruno Vieira e contarão com a participação do líder do povo Truká, Maurílio Nogueira, que conversará sobre ativismo na juventude indígena, e Ney Siqueira, que contará a história do seu território Xukuru de Cimbres, região localizada no município de Pesqueira, no Agreste do estado. A professora Mazé Souza, representando o Quilombo Feijão e Posse, em Mirandiba, no Sertão, também marcará presença no programa. Foi a partir do contato próximo com aldeias e quilombos que a jornalista começou a se reconhecer dentro da ancestralidade brasileira.

“Eu sou militante, divido há alguns anos o espaço de luta com muitos indígenas. No ano passado, conheci o povo Xukuru de Cimbres e essa necessidade foi af lorando em mim. Comecei a me reconhecer nessa ancestralidade, me ver alí, também faço parte dessa história. Eu não sou negra, não sou indígena, mas me percebendo nesse contexto vi que também posso combater o racismo”, ressalta Manuela, que deseja contemplar no programa todos os 14 povos indígenas existentes em Pernambuco e parte das 200 comunidades quilombolas do estado. Dessas, somente Conceição das Crioulas, em Salgueiro, no Sertão, é uma titulada - ou seja, reconhecida oficialmente.

Diamante negro
A carência de musicalidades de raízes africanas nas pistas de dança despertou no produtor cultural Flávio Valdevino, o DJ Flavão, o interesse em criar o projeto Baile Black Diamond, que movimentou a cena underground com recortes da música negra, do afrobeat ao samba rock, em edições no Iraq Club, no bairro da Boa Vista, área central do Recife. Os encontros aconteciam há dois anos, mas foram interrompidos diante da pandemia.

“O Baile Diamante Negro é um irmão da festa Black Diamond. O rap é a espinha dorsal do programa, mas todas as suas vertentes e ramificações estarão contempladas. Tudo com que o rap dialoga e aglutina, o jazz, o afromusic, o samba jazz, estará presente”, adianta Valdevino. Baile Diamante Negro estreou na semana passada e é transmitido às sextasfeiras, sempre às 21h, na Frei Caneca FM.

“O programa tem como intuito mapear, explorar e descobrir as inúmeras facetas da música de raiz africana espalhadas pelas veias da cultura pop mundial. Artistas novos e contemporâneos ganham espaço junto a clássicos imortais, visando assim um entendimento mais amplo da black music”, explica o produtor. O programa de estreia discutiu a presença das mulheres no rap, desde os anos 1980.

“Quando falamos de rap, a primeira coisa que vem na cabeça são homens vociferando palavrões e discursos antissistema. Então o programa faz esse resgate, mostra como o ritmo é apresentado pelas mulheres, a ginga que elas têm...”, destaca. O episódio de hoje fará uma leitura sobre a presença do ritmo na América Latina. Além da contextualização, o programa conta com blocos musicais relacionados ao tema discutido.

Dia da Mulher Negra
No próximo sábado (25), para marcar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, a Frei Caneca FM vai ampliar o lugar de fala negro em sua grade, com a estreia da Faixa Preta, que será veiculada todos os sábados, das 15h às 18h.

A Faixa Preta estreia com o programa Reggae pelo Reggae, produzido pela sociedade civil. Selecionados no mesmo edital de conteúdo, os programas Aldeias e Quilombos e Oba Kò So, que estrearam recentemente na grade, completam a nova faixa, para demarcar e devolver territórios ancestrais simbólicos, políticos, sociais e culturais há muito invadidos e extirpados.

Neste sábado de estreia, a faixa abre, a partir das 15h, com o programa Aldeias e Quilombos. Na sequência, a partir das 16h, o Reggae pelo Reggae trará uma entrevista com a cantora Mis Ivy, uma das mais importantes vozes do Ragga no brasil. Dani Pimenta também participará da edição, falando sobre as mulheres no reggae. As músicas ficarão por conta de artistas como N’Zambi, Clube do Ragga, Feminine hi-fi, entre outros.

O programa Oba Kò So chega às 17h, abordando o tema Ogum e Tecnologia. Para discutir esta temática, contará com a participação da Yalorixá Mãe Beth de Oxum do Ìlé Àsé Osúm Kàre, terreiro localizado na cidade de Olinda-PE. Além da entrevista, o ouvinte poderá curtir ainda artistas brasileiros que trazem nas suas produções musicais referências sonoras sobre o Orixá Ogum.

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