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CINEMA

FestCurtas Fundaj exibe mais de 40 produções de 14 estados com temáticas urgentes

Publicado em: 07/07/2020 15:04 | Atualizado em: 07/07/2020 15:13

O curta-metragem 'O menino que morava no som', dirigido pelo pernambucano Felipe Soares, integra a programação (Foto: Rhaiza Oliveira/Divulgação)
O curta-metragem 'O menino que morava no som', dirigido pelo pernambucano Felipe Soares, integra a programação (Foto: Rhaiza Oliveira/Divulgação)

Um adolescente surdo busca conhecer o som, e, ao encontrar um objeto misterioso, descobre o inesperado. Este é o mote de O menino que morava no som, dirigido pelo pernambucano Felipe Soares, que será exibido no I Festival Nacional de Curtas da Fundaj (FestCurtas), realizado de forma digital, desta terça-feira (7) a domingo (12), no site. A programação conta com 44 curtas-metragens, entre ficções, animações e documentários, de 14 estados brasileiros. O evento contou com 520 filmes inscritos de 21 estados - Pernambuco e São Paulo tiveram 135 e 145 curtas, respectivamente - e oito de brasileiros que moram no exterior. Os trabalhos englobam diversos gêneros, técnicas e abordagens sociais e culturais.

O menino que morava no som
começou a ser idealizado por Felipe Soares em 2013, quando era professor de uma escola na periferia do Recife e conheceu Wallace dos Santos, de 12 anos, um aluno surdo. Até aquele momento, o diretor nunca tinha estabelecido contato com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Comecei a observar o comportamento de Wallace, suas dificuldades e a curiosidade em relação ao mundo dos sons, que ‘aparentemente’ ele não fazia parte, mas que, ao mesmo tempo, estava totalmente inserido nele”, explica.

O filme é uma ficção baseada em fatos reais que retrata a história de um garoto surdo, não alfabetizado e as dificuldades enfrentadas por ele em estabelecer a comunicação com o mundo ouvinte. O curta terá uma versão disponível com Libras e Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE). Outros seis da programação terão versão acessível. Segundo Felipe Soares, O menino que morava no som é o primeiro curta nordestino a ter acessibilidade comunicacional em Libras pensada da pré até a pós-produção. Durante o processo de pesquisa, feito em parceria com o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), foram entrevistados oito surdos para a construção dos personagens e três deles integram o elenco.

“É um filme que trata questões de extrema sensibilidade. Um ponto muito importante foi a participação dos surdos no elenco, mas não fazendo o papel de personagens surdos, e sim de ouvintes. Foi algo que ainda não tínhamos visto no cinema”, destaca. Todos os diálogos entre direção, produção, atores ouvintes e surdos foi coordenado pelo intérprete de Libras Carlos di Oliveira. Esta foi a segunda produção realizada por Felipe com recursos de acessibilidade. O primeiro curta, Autofagia (2016), foi lançado com audiodescrição. Mesmo não atuando no filme, Wallace ficou muito emocionado ao saber da realização.

“Tivemos muita dificuldade para encontrá-lo, passei anos sem vê-lo, mas essa procura e o reencontro foram momentos muito importantes para o processo do filme”, conta. O curta participou de premiações nacionais e internacionais e recebeu menção honrosa no Festival VerOuvindo, mostra especializada em obras com acessibilidade comunicacional. O filme seria exibido no Cinema São Luiz, com Wallace e os adolescentes surdos apresentando a sessão, mas a pandemia atrapalhou os planos.


Responsável pelo FestCurtas, Ana Farache se mostrou satisfeita com a qualidade dos trabalhos e o volume de inscrições. "Estamos bastante entusiasmados com a produção atual do segmento dos curtas no Brasil, que tem se estabelecido cada vez mais no nosso cenário audiovisual”, destaca. De acordo com Ana, que é coordenadora do Cinema da Fundação e da Cinemateca Pernambucana, a maioria dos filmes aborda temáticas que estão no centro do debate na sociedade. “Temas sobre gênero, minorias, etnias e desigualdade social foram majoritários nos filmes recebidos, apontando para um forte engajamento e comprometimento dos realizadores brasileiros com nossa realidade”, afirma.

Ao final do período de exibição, um júri vai escolher os melhores curtas nas categorias Ficção, Documentário e Animação. Também haverá o Prêmio do Público, escolhido por votação on-line, e o Prêmio Cinemateca Pernambucana. Os vencedores ficarão em cartaz por uma semana no Cinema da Fundação, nas unidades Derby e Museu. “Consideramos providencial realizar o festival agora, no meio desta pandemia, justamente quando toda a cultura passa por um momento de tantas dificuldades e incertezas. Queremos contribuir, enaltecer e animar, como nos é possível, o setor do audiovisual no país”, afirma Ana Farache.

PROGRAMAÇÃO

A Barca, de Nilton Resende (2019 | AL)
A Era de Lareokotô, de Rita Carelli (2019 | SP)
A Hora Morta, de Márcio Coutinho (2020 | RJ)
A Morte Branca do Feiticeiro Negro, de Rodrigo Ribeiro (2020 | SC)
Aqueles Dois, de Émerson Maranhão (2018 | CE)
Arte a Metro, de Thiago Magalhães (2019 | RJ)
Batom Vermelho Sangue, de R.B. Lima (2020 | PB)
Carretéis, de Eudaldo Monção Jr. (2018 | BA)
Cidade Natal, de Ana Luisa Mariquito (2019 | SP)
Cleo - A Rainha Negra das Passarelas, de Artur Ianckievicz (2019 | PR)
Corpo Monumento, de Alexandre Salomão (2020 | PE)
Ditadura Roxa, de Matheus Moura (2020 | MG)
Ela que Mora no Andar de Cima, de Amarildo Martins (2020 | PR)
Êles, de Roberto Burd (2019 | RS)
Em Reforma, de Diana Coelho (2019 | RN)
Eu Te Vejo Daqui, de Kawanna Sofia de Oliveira (2020 | SP)
Hotel Central, de Tiago Martins Rêgo (2019 | PE)
Joãosinho da Goméa - O Rei do Candomblé, de Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra (2019 | RJ)
Julieta de Bicicleta, de Juliana Sanson (2018 | PR)
Linha de um Tempo Qualquer, de Luciana Malavasi e Bruno Lamberg (2020 | RJ)
Luis Humberto: O Olhar Possível, de Mariana Costa e Rafael Lobo (2019 | DF)
Mamãe Tem um Demônio, de Demerson Souza (2019 | SP)
Mar-celo, de Arthur Lotto (2019 | SP)
Marie, de Leo Tabosa (2019 | PE)
Mãtãnãg, A Encantada, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho (2020 | MG)
Memórias, de Andre Siqueira (2018 | PR)
Nadir, de Fábio Rogério (2019 | SE)
Nimbus, de Marcos Buccini (2020 | PE)
Num Piscar de Olhos, de Elder Gomes Barbosa (2020 | RJ)
O Afeto e a Rua, de Thiago Köche (2019 | RS)
O Homem das Gavetas, de Duda Rodrigues (2019 | PE/SP)
O Menino que Morava no Som, de Felipe Soares (2019 | PE)
O Quarto Negro, de Carlos Kamara (2019 | PE)
O Silêncio lá de Baixo, de Pamella Araújo (2019 | PE)
O Vizinho de Baixo, de Flávio Colombini (2019 | SP)
Parabéns a Você, de Andréia Kaláboa (2019 | PR)
Piu Piu, de Alexandre Figueirôa (2019 | PE)
Ruído Branco, de Gabriel Fonseca (2019 | SP)
Ser Feliz no Vão, de Lucas H. Rossi dos Santos (2020 | RJ)
Seremos Ouvidas, de Larissa Nepomuceno (2020 | PR)
Soccer Boys, de Carlos Guilherme Vogel (2018 |RJ)
Vinde como Estais, de Rafael Ribeiro e Galba Gogóia (2019 | RJ)
Volta Seca, de Roberto Veiga (2019 | PE)
1996, de Rodrigo Brandão (2019 | MG)

CURTAS COM VERSÃO ACESSÍVEL
Em Reforma (AD + LIB  LSE)
Marie (AD  LIB  LSE)
Mar-celo (AD  LIB)
O Menino que morava no som (LIB  LSE)
Batom Vermelho Sangue (LSE)
Cidade Natal (LSE )
O Quatro Negro (LSE)

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