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O coletivo é formado por cerca de 70 artistas e profissionais do setor cultural (Fotos: Divulgação) |
Para ampliar o debate sobre a situação da cultura no Brasil e da crise do setor agudizada com a pandemia do novo coronavírus, artistas e profissionais pernambucanos criaram o Coletivo de Cultura Tereza Costa Rêgo. Nesta sexta-feira (10), às 19h, o grupo fará uma ação de estreia, de forma virtual, através da live Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural e as novas perspectivas para a cultura, transmitida no canal do YouTube do coletivo (
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O evento contará com a presença de Célio Turino (ex-secretário nacional de Programas e Projetos Culturais do Ministério de Cultura), Silvana Meireles (secretária executiva da Secult- -PE), Tereza de França (titular do segmento Cultura Popular de Matriz Africana na Secult- -PE), José Manoel Sobrinho (gerente de Cultura do Sesc-PE) e o fotógrafo Javier Alfaya. Também integram o bate-papo o jornalista Bruno Albertim, para apresentar a trajetória da homenageada (ele é autor da biografia Tereza Costa Rêgo: uma mulher em três tempos), e a poeta Cida Pedrosa, que lerá o manifesto do grupo, que já conta com 70 integrantes.
“Começamos a pensar no projeto há uns 10 anos, reunindo pessoas que gostavam de discutir políticas públicas voltadas à cultura no país. Naquela época, eram umas 80 pessoas dando pitaco e buscando soluções para o tema”, explica Cida. Agora, diante da pandemia, que atingiu em larga escala os artistas, o grupo percebeu que era ainda mais necessário se mobilizar em prol da cultura. “A gente quer se organizar para lutar contra a crise e fazer com que a cultura tenha vez e voz. Nesse momento, é importantíssimo difundir a Lei Aldir Blanc, para que mais pessoas tenham acesso”, pontua.
A lei nº 14.017, cujo nome homenageou um grande compositor brasileiro falecido em virtude da Covid-19, busca ajudar trabalhadores informais e organizações culturais que perderam renda no período. A promessa é de liberação de R$ 3 bilhões para pagamento de uma renda emergencial aos profissionais do setor, em três parcelas de R$ 600, e aos espaços artísticos com atividades paralisadas, como subsídio mensal, além de destinar recursos a ações de incentivo à produção cultural, como a realização de cursos, editais e prêmios.
“A ideia da live é mobilizar artistas e atingir lugares onde seja mais difícil o acesso à informação sobre seus direitos perante a Lei Aldir Blanc. Queremos chegar nos circos, nas comunidades que traba- lham com os folguedos, nos brincantes populares. Queremos ajudar as pessoas a se organizarem e a entenderem como funciona. E esse contato vai nos promover uma troca enorme de saber cultural”, ressalta Cida.
Os encontros, de acordo com a poeta, devem tratar de assuntos diversos e pretende abranger todas as linguagens culturais, diferentes saberes, possibilidades de criação, luta contra o preconceito de gênero, raça, orientação sexual e cunho religioso. “O espaço reunirá temas que fortaleçam a luta contra o fascismo, contra o autoritarismo, em prol da democracia e da retomada do Brasil para todos e todas”, destaca.
O Coletivo de Cultura Tereza Costa Rêgo carrega o nome de uma das maiores pintoras brasileiras, dona de telas em cores vivas, vibrantes e fortes. “A vida de Tereza se confunde com a luta feminista, a luta pela liberdade, pela cultura pernambucana. É essa força que buscamos trazer para o coletivo”, diz Cida. Aos 91 anos, a recifense Tereza é uma das maiores expressões modernas das artes plásticas, com traços que inspiram a liberdade feminina.