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Recifense lança álbum que mescla eletrônico experimental com elementos regionais

Publicado em: 22/06/2020 15:25 | Atualizado em: 22/06/2020 15:29

 (Foto: Gabriel Dietrich/Divulgação)
Foto: Gabriel Dietrich/Divulgação


O pernambucano radicado em São Paulo João Tenório lançou nas plataformas digitais, na última semana, o primeiro álbum de estúdio de um projeto com o nome artístico Semper Volt. Cristal conta com dez faixas - e três interludes - que exploram uma música eletrônica mais experimental, combinada com elementos brasileiros como zabumba, pandeiro e timbal, resultando em uma modulação brasileira das sonoridades feitas por bandas internacionais como Animal Collective e MGMT. Isso vai desde a mistura de sintetizadores com instrumentos orgânicos até a voz robótica. "Usei essas referências, mas tento contribuir com algo novo para a música, já que tanta coisa tem sido lançada hoje em dia", afirma o artista, que já perdeu o sotaque recifense.

A elaboração do álbum começou em 2018 e contou com produção geral de Ivan Gomes (Abacaxepa, Lê Coelho), mixagem de Ricardo Mosca (Maria Beraldo, 5 A Seco, Emicida) e masterização de Felipe Tichauer (Céu, Curumin). O baterista Carlos Bala (Djavan, Maria Bethânia, Gal Costa), que é pai de João Tenório, fez participações especiais em Sem nada e João player special, enquanto São Yantó marca presença em Massa crítica e Gelo. A arte da capa, que mostra o intérprete dividido entre o tecnológico e o natural, foi feita por Gabriel Dietrich.

Tenório não é novato na música. Ele já assinou como DJ e produtor musical de música eletrônica usando o nome Telefunken. Na infância e adolescência, teve aulas de piano, bateria, violão, harmonia e composição. O projeto Semper Volt começou a tomar forma em 2013, quando o artista começou a pensar combinações entre violão e voz com o eletrônico. Com esse nome, já lançou os EPs Flamboyant (2017) e Leve (2018). O nome artístico vem da necessidade de criar uma espécie de “nickname”. “Além de me destacar, queria algo relacionado ao eletrônico. Volt vem de voltagem, já semper vem do latino, é algo como a eletricidade se transformando em som”, explica.

Capa de Cristral (Foto: Gabriel Dietrich/Divulgação)
Capa de Cristral (Foto: Gabriel Dietrich/Divulgação)


"Eu tenho um interesse muito grande por música eletrônica mais underground, como techno, downtempo e o começo da EDM. É uma coisa mais complexa e quebrada, é menos para dançar e mais para ouvir. No fundo mesmo, acho que acaba não existindo um gênero definido. Talvez seja MPB contemporâneo", palpita o cantor, que afirma ter sido acostumado ao modelo do “faça você mesmo”. Cristal foi seu primeiro álbum com participação de músicos de longa data.

Para ele, uma das músicas que sintetizam a proposta do disco é Se junto, primeiro single que ganhou um clipe todo gravado em stop motion em casa, durante o período de quarentena. "A base da música é o forró, com zabumba e pandeiro. O álbum inteiro conta com violão, beats mais tropicais. Eu tentei me inspirar em coisas do Nordeste. A maior parte da minha família está espalhada pelas capitais daí. A comida nas festas aqui de casa é baião de dois. Um dos maiores momentos de epifania que tive foi assistir um cortejo de maracatu nação, aos 8 anos, em um carnaval de Olinda. Já morando em São Paulo, fiz parte de uma geração viciada no Afrociberdelia (1996), de Chico Science & Nação Zumbi."

No âmbito das temáticas, o recifense passeia pelo nonsense enquanto aborda sobre relacionamentos, cotidiano e política. Ordens do dia, que abre o álbum, expressa de forma divertida uma nítida automatização da vida. O tom político é mais presente em Segura a bronca, meu povo e Massa crítica. "Em 2018, quando começamos a produzir, estávamos passando por um momento muito atribulado que se estende até hoje. Não tínhamos uma pandemia sem precedentes, mas a crise política já estava dada. Eu gosto muito de me informar, então isso acaba aparecendo", conclui.

Ouça o álbum Cristal:

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