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Jornalista e crítico pernambucano Carlos Eduardo Amaral lança primeiro romance

Publicado em: 03/06/2020 13:41

Carlos Eduardo Amaral (Foto: Edilson Bispo/Divulgação)
Carlos Eduardo Amaral (Foto: Edilson Bispo/Divulgação)


O jornalista e crítico musical pernambucano Carlos Eduardo Amaral, que já publicou cinco livros-reportagens sobre músicos do estado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), estreia no âmbito dos romances. O escritor, que também é compositor e arranjador, saiu da esfera musical no livro Sem relva, que aborda a relação antagônica entre um jovem estudante universitário de ciências sociais e o seu pai, um pastor evangélico. O estopim para o conflito geracional e ideológico se dá através de um protesto pela melhoria do transporte público no Recife. A rápida descrição do enredo revela temáticas bastante contemporâneas. Esse é o objetivo da obra: mostrar um Recife atual, fugindo de uma certa visão romantizada da cidade.

"O livro ainda aborda, de forma subjacente, o trabalho de base realizado pelas igrejas neopentecostais nas comunidades carentes e o sucateamento de determinadas corporações públicas, como a própria Polícia Militar", contextualiza Carlos Eduardo Amaral, em entrevista ao Viver. "O Recife de hoje também aparece na ausência de mobilização pela melhoria do transporte público, a abordagem da imprensa envolvendo os fatos ocorridos nesses episódios e até maus tratos aos animais ou preconceitos burgueses."

Sem relva começa com o pastor Godofredo, que prega em uma igreja neopentecostal da periferia, sendo comunicado pela polícia sobre a detenção do filho. O jovem participou de um protesto violento que resultou na captura de manifestantes que entraram em confronto com PMs. Após o episódio, pai e filho se veem obrigados a tratar suas diferenças, cada vez mais acirradas em um mundo dividido, durante os intervalos dos depoimentos prestados à polícia.

"O pastor e seu filho são justamente representações dessas forças que entram em contraposição na sociedade brasileira desde a segunda metade da década que estamos vivendo. No background, o universo cultural e espiritual de ambos são pano de fundo para expor um conflito geracional, familiar, que será revelado ao longo das páginas desse romance, na tentativa de uma resolução”, comenta.

Capa de Sem Relva (Foto: Divulgação)
Capa de Sem Relva (Foto: Divulgação)


Apesar de Sem relva não ser sobre música, o autor explorou o universo na obra ao criar uma dramaticidade semelhante à da música erúdita. Os títulos dos capítulos são escritos em italiano, pois a estruturação do livro foi feita sob a forma de uma ópera, o que possibilita adaptações para a música erudita, teatro e cinema. "Esse é um dos detalhes mais interessantes. Isso foi uma forma também de desenvolver o arco dramático ao longo das páginas", explica.

Formado em jornalismo e especializado em crítica cultural pela UFPE, Carlos Eduardo já recebeu prêmios como os da Fundação Nacional de Artes (Funarte), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e do Ministério da Cultura. Já apresentou trabalhos acadêmicos sobre música e ativismo político em Ottawa, no Canadá, e sobre música armorial em Buenos Aires, na Argentina. Na Cepe, o jornalista assina as livros-reportagens sobre vidas e obras de Clóvis Pereira (2015), Maestro Formiga (2017), Maestro Duda (2018), Getúlio Cavalcanti (2018) e Jota Michiles (2019). Os quatro últimos compõem o selo Frevo, Memória Viva, idealizado pelo autor. A iniciativa de redigir um romance surgiu no final de 2018. "Veio um impulso de dentro, algo que é necessário obedecer".

"Além de Sem relva, outras duas publicações vão completar uma trilogia desse projeto. Após esse romance sobre uma temática relacionada à terra, que é o transporte público, o segundo terá como pano de fundo um assunto relativo ao mar, e o terceiro, por sua vez, uma história relativa aos ares. Já iniciei o segundo, que vai aproveitar dois personagens desse primeiro, apesar das novas dinâmicas, cenários e personagens”, continua Carlos Eduardo. 

A versão e-book de Sem relva se encontra à venda pela Amazon, enquanto a versão impressa pode ser encomendada ao próprio autor, através do e-mail audicoes@gmail.com. "O recado mais importante desse livro, assim como toda a trilogia, é de que podemos nos guiar pelo poder transcendente da fé. A fé tem se despedido de nossas vidas, com o surgimento dos problemas que nos afligem, mas ela é um caminho para superarmos tudo isso", finaliza.
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