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O projeto, que surgiu em 2017, busca colocar em evidência artistas locais das artes visuais. (Foto: Divulgação) |
Quando começou em 2017, a Propágulo tinha o interesse em se firmar como espaço numa nova geração das artes visuais locais. Recife continuava sendo berço de um circuito de arte jovem e independente que, apesar de grande alcance nas redes sociais, até hoje encontra dificuldade na manutenção de uma plataforma para estender o debate em torno de seus trabalhos. Passados três anos de atividades, o projeto já trabalhou com mais de 100 artistas e realizadores, como Flora Negri, Mário Miranda (Bros) e Aoruaura, publicaram quatro edições, com mais de 1,7 mil exemplares vendidos, e tiveram cerca de quatro mil pessoas presentes em exposições e eventos. Hoje, com os aparelhos e eventos culturais paralisados, a plataforma se remodela em outras possibilidades. Há um mês, a Propágulo lançou um serviço de assinatura digital.
A iniciativa tem se apresentado como uma via possível para manter aquecido o debate e o trabalho de realizadores independentes durante a pandemia, que vai de textos de aprofundamento sobre arte, arte impressa feita a partir da curadoria da revista e conteúdo por podcasts. O serviço pode ser assinado no site do Catarse: www.catarse.me/propaguloassinatura.
Em um momento de crise do mercado editorial, principalmente da mídia física, o projeto surge a partir da impossibilidade do encontro, como explica a redatora Nathália Sonatti. “Por ser uma iniciativa independente, a Propágulo está sempre buscando alternativas de manutenção e sustentabilidade do projeto. A gente tinha o lançamento de uma edição no mês de maio. Sempre tivemos o projeto muito pautado no presencial, no encontro. Então essa assinatura surgiu na tentativa de se adaptar”, afirma. A equipe conta com diversos colabores, além da equipe fixa formada por Nathália, Guilherme Moraes, Heitor Moreira e Rodrigo Souza Leão.
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Foto: Divulgação |
Apesar de impossibilitar várias atividades, a quarentena foi de certo modo um catalisador para a criação do serviço de assinatura. “A ideia acabou ganhando força porque essas relações pessoais tiveram que se adaptar também. O nosso público já consumia arte on-line e mesmo quem não consumia começou a pensar nisso como uma possibilidade. No meio independente, isso é uma cultura já presente: procurar financiamento e formas de conectar as pessoas e de sua iniciativa continuar acontecendo”, diz Nathália. São oferecidas quatro assinaturas, cada uma com uma abrangência de conteúdos e recompensas diferentes. O apoio mensal ajuda o projeto a remunerar suas atividades, que vão desde produzir textos, realizar as revistas, oficinas e exposições, até manter o espaço físico de trabalho do projeto.
Com conteúdos de diversas linguagens, o projeto é pensado para cada um funcionar de forma orgânica, mas adentrando uma espécie de eixo temático. “O podcast, por exemplo, será pensado por temporadas, cada um com seu tema. Já o Clube de Leitura é pensado a partir de turmas, cada uma com três leituras e em seguida se inicia uma nova fase. Mas mesmo dentro desses temas já pensados, estamos abertos para interferências do público, mapeando os interesses específicos de quem está assinando”, explica a redatora.
Na segunda semana, foram disponibilizados um texto sobre curadoria e ativismo e uma imersão no processo de elaboração visual da quinta edição da revista, que aguarda as atividades presenciais para ser lançada. A terceira e quarta semana do mês foram dedicadas a fechar a turma de 40 pessoas para o clube de leitura e também o lançamento da primeira edição do podcast AFTA, debatendo sobre curadoria. O primeiro mês de atividades do serviço se encerra com um material sobre produção de eventos em pandemia. Nesse primeiro momento, os conteúdos estão sendo experimentados pela equipe fixa, mas é de interesse que, em uma segunda fase, aconteçam entrevistas e colaborações com convidados, sempre através do recorte local e independente. “Eu acho que vão haver outras remodelações e transformações do projeto, porque acredito que a Propágulo surge disso, dessa busca de sempre estar em diálogo com artista e público.”