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Foto: Divulgação/Netflix |
No início dos anos 1990, o piloto cubano René González se despede da mulher e da filha para mais um dia de trabalho. Mas aquele não foi um dia igual aos outros. René desertou. A bordo de um pequeno avião, deixou Havana e desembarcou em Miami.
Resolveu deixar para trás o regime de Fidel Castro, que naquele momento sofria o impacto da dissolução da União Soviética. René virou um traidor da pátria, inclusive para a própria família. Só que a história não era bem essa, o tempo veio mostrar.
Wasp network – Prisioneiros da Guerra Fria, que estreia nesta sexta-feira (19) na Netflix, é um filme dirigido pelo francês Olivier Assayas (Acima das nuvens, Personal shopper) coproduzido pela brasileira RT Features.
Traz um elenco de latinos consagrados ou em ascensão no cenário internacional: o mexicano Gael García Bernal, a espanhola Penélope Cruz, o brasileiro Wagner Moura, o venezuelano Edgar Ramírez, o argentino Leonardo Sbaraglia e a cubana Ana de Armas.
A partir da deserção de René González (Edgar Ramírez), o filme acompanha a trajetória dos integrantes da Rede Vespa, agentes da inteligência cubana que atuaram, infiltrados, em associações anticastristas fundadas nos EUA – eram 47 ao todo.
Na época, tais formações, criadas por dissidentes contrários ao regime de Fidel Castro, eram responsáveis por atos terroristas cometidos em nome da contrarrevolução ao regime comunista. Os agentes se infiltravam para tentar contê-los.
CONDENAÇÃO
René é um dos Cinco Cubanos, como ficou conhecido o quinteto de agentes presos em 1998 em Miami e indiciados por vários crimes. Condenados, os integrantes da Rede Vespa (que totalizava 12 agentes homens e duas mulheres) cumpriram longas penas.
Wasp network nasceu do livro Os últimos soldados da Guerra Fria (Companhia das Letras, 2011), do escritor e jornalista mineiro Fernando Morais, que revelou essa história quando nem todos haviam deixado a prisão. Na vida real, os espiões cubanos não tinham nada de James Bond – viviam com dificuldades, como tantos imigrantes latinos.
A força da história de espionagem se desvanece no drama pessoal dos personagens e em um roteiro confuso. O diretor criou três núcleos dramáticos. O principal é o de René e sua mulher, Olga (Penélope Cruz). Wagner Moura e Ana de Armas voltam a viver um casal, como no recente Sergio, sobre o diplomata Sérgio Vieira de Mello.
Aqui, o brasileiro interpreta Juan Pablo Roque, espião que se arrepende e volta para Cuba. Ana de Armas é Ana Margarita, a mulher com quem ele se casa em Miami. Gael García Bernal vive Gerardo Hernández, o chefe da Rede.
Os últimos soldados da Guerra Fria é o mais recente livro de Fernando Morais, que na última década vem se dedicando a um livro sobre o ex-presidente Lula. É também seu quarto livro-reportagem adaptado para o cinema – os anteriores foram Olga (1985), Chatô, o rei do Brasil (1994) e Corações sujos (2000).