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CINEMA

Em tempos extremos, cinema distópico fala sobre nossa realidade

Publicado em: 23/05/2020 17:28 | Atualizado em: 23/05/2020 19:24

 (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução
O que dizem os filmes de distopias sobre o nosso futuro? E o tanto que já falam sobre o presente? A ameaça invisível na pandemia do novo coronavírus, os desastres ambientais, a ascensão de governos de extrema direita no mundo e outras lógicas de controle social. A primeira vez que a palavra “distopia” apareceu foi em um discurso no Parlamento Britânico, feito por Gregg Webber e John Stuart Mill, em 1868. Subvertendo a ideia de utopia, que o escritor Thomas More usou para designar um lugar perfeito em seu livro , o seu avesso pode ser traduzido justamente como esse “não-lugar”, ou simplesmente um “lugar ruim”. 

Essa fratura da civilidade e da própria história ganhou popularidade principalmente na literatura, com nomes como George Orwell, Aldous Huxley e Margaret Atwood. Inclusive, as temáticas próprias da ficção científica e das distopias têm configurado todos o lugares na lista de livros de ficção mais vendidos dos últimos dois meses, segundo ranking publicado na semana passada pela revista Veja. No cinema, as distopias atravessam gerações como uma das temáticas mais imaginativas e instigantes (e pessimistas) para se pensar a nossa sociedade. Aqui estão sete categorias com filmes que representam bem traços distópicos e que, de certa maneira, já apresentam alegorias semelhantes com nosso presente. E quem dirá o futuro...

ULTRAVIOLÊNCIA
A violência é algo que acompanha a história humana. Mas as distopias sempre buscam exagerar nesse aspecto para falar de um lugar extremamente bélico, em que o mundo esteve algumas vezes e poderá estar de forma mais aguda num futuro próximo. Na literatura e na sétima arte, que ganhou sua versão por Stanley Kubrick, Laranja mecânica aborda essa distopia da delinquência juvenil e ultraviolência, com o protagonisTa anti-herói alex delarge e sua gangue de “drugues”. Nas palavras de Kubrick, o filme é sobre “uma história de redenção duvidosa de um delinquente adolescente pela terapia de reflexo condicionado. Isso é, ao mesmo tempo, uma leitura corrente sobre o livre-arbítrio”.
 
 
 
CORPORAÇÕES
Quando não há um Estado forte, são as empresas que dominam o mundo nas distopias. É nesse cenário que se ambienta Blade Runner - O caçador de androides. O longa de 1982, dirigido por Ridley Scott, conta com uma história que se passa no século 21, quando uma corporação desenvolve clones humanos para serem usados como escravos em colônias fora da Terra, os replicantes. Eis que um ex-policial é acionado para caçar um grupo fugitivo vivendo disfarçado em Los Angeles.
 


MEDO E ALIENAÇÃO
Geralmente nos perguntamos como certas sociedades foram capazes de aceitar a tomada de certas medidas. Uma das chancelas recorrentes nesses filmes, um tipo de atmosfera geral, é a de medo e alienação coletiva. Em Eles vivem, do mestre John Carpenter, um trabalhador braçal chamado John Nada encontra óculos de sol que lhe permitem ler mensagens subliminares transmitidas pelos jornais e propagandas. O protagonista se vê em um mundo dominado por alienígenas, que trabalham “por debaixo dos panos”, manipulando uma sociedade de consumo, em estado de completa alienação.
 


TECNOLOGIA
Os drones, circuitos de segurança e chamadas por vídeo se tornaram banalidades no mundo contemporâneo. São usados para “o bem”, mas também assumem seus aspectos distópicos em nossa realidade, como já previam muitos filmes. Um deles é Alphaville, do diretor francês Jean-Luc Godard, que conta a história dessa cidade futurista dominada pelo computador Alpha 60, uma máquina que aboliu os sentimentos humanos.
 


AUTORITARISMO
Um traço recorrente nas distopias é o autoritarismo, com um líder extremista munido de poder absoluto. Em 1984, dirigido por Michael Radford e adaptação fiel do livro de Orwell, um estado é governado por um partido único, centralizado na figura do Grande Irmão. Uma das estratégias de dominação é o estado constante de vigilância, a tentativa de controle do pensar e a reescrita da própria história. Outro clássico literário que virou filme é Fahrenheit 451, escrito por Huxley e dirigido no cinema por François Truffaut. Na obra, o consumo de fontes de informação que não seja a TV controlada pelo governo, é um delito, e quem o comete deve passar por uma reeducação.
 

QUESTÕES AMBIENTAIS
As questões ambientais geralmente são bem latentes nesse possível futuro. Uma representação bastante sensível sobre o tema é a animação Wall-E, que trata da terra coberta por lixo no ano de 2100. Já em outra pegada, temos Expresso do amanhã, do diretor Bong Joon-ho (vencedor do Oscar com Parasita), no qual os únicos sobreviventes de uma fracassada tentativa de conter o aquecimento global vivem em vagões determinados por condição social.
 
 
 
A IDEIA DE VERDADE
O questionamento da verdade aparece de forma extremamente existencial e metafísica na distopia de Matrix, filme das irmãs Lilly e Lana Wachowski. O que de fato é a realidade que vivemos? O quão somos manipulados a viver em um universo ilusório? Com respaldo no mito clássico da caverna de Platão, a alegoria de Matrix lê uma sociedade imersa num universo programado, enquanto máquinas alienígenas dominam o mundo “real”.
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