O produtor musical recifense Viktor KR, 23 anos, é o primeiro brasileiro a ser finalista da Battle of the Beat Makers, uma das principais disputas mundiais para produtores ligados aos gêneros musicais rap e trap. O concurso será realizado em 21 de março no The Opera House, em Toronto, maior cidade do Canadá. Adriel Viktor Félix da Costa mora no Jordão Baixo, na periferia da Zona Sul, e concorre com outros 32 beatmakers (criadores de batidas, em tradução literal para o português) de 14 países, sendo o único da América Latina. Na primeira fase da seleção, ele concorreu com 256 produtores.
No Canadá, o jovem precisa apresentar 15 faixas instrumentais autorais. No total, serão oito horas de batalha. O vencedor ganhará 5 mil dólares. Fundado em 2005 pela Sound Supremacy Entertainment, a Battle of the Beat Makers já descobriu produtores renomados como o vencedor do Grammy Boi-1da, responsável por God's plan, de Drake, e Not afraid, de Eminem. T-Minus, Sevn Thomas, WondaGurl e FrancisGotHeat são outros nomes que já passaram pela disputa.
'Vaquinha' para viagem
"Eu queria muito de participar de uma batalha do tipo aqui no Brasil, como acontece no Rio de Janeiro. Não consegui encontrar inscrições, então fiz pesquisas em inglês e encontrei essa, conhecida como a principal disputa de beatmakers. Decidi me inscrever para me provar", conta, em entrevista ao Viver. O jovem explica que já está com visto aprovado e hospedagens acertadas, mas ainda não conseguiu comprar as passagens aéreas. Um financiamento coletivo foi lançado para arrecadar a quantia de R$ 6 mil. A vaquinha pode ser acessada clicando aqui.
Atualmente, Viktor faz parte da produtora pernambucana de trap HoodCave, composta por artistas como NexoAnexo, MC Klebinho, HoodBob, JOMA, Ororo e Rudah.
Histórico
Viktor KR. (Foto: Hoodcave/Divulgação)
A sua história com a produção musical começou na pré-adolescência. "Ganhei da minha mãe um rádio que tinha um toca fitas. O aparelho também permitia registrar áudios, então eu gravava canções de funks que rolavam no Recife, mas com a minha voz por cima", lembra o jovem. "Aos 14, ganhei um notebook. Foi quando comecei a produzir funk já no final da época do 'funk de galera' do Recife, em 2010".
Ele começou sendo DJ de palco de Shevchenko e Elloco, permanecendo com a dupla até 2012. Ao mesmo tempo, também vendia batidas para artistas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte, como o MC Play BH, por cerca de R$ 40 cada. Em 2014, influenciado pela entrada na igreja, começa a produzir funk gospel. Foi quando produziu o álbum A vida dela, dos MCs Daubinho e Nobre, tido como um dos primeiros projetos de funk gospel do Nordeste. "Chegamos a fazer shows na Marcha para Jesus do Recife", relembra.
O diálogo com a música trap, vertente mais eletrônica do rap norte-americano, começa em 2015. "Eu estava muito ligado no cenário de música ligada à cultura do MC, do rap ao funk. Acompanhei toda a evolução do rap lá fora e aqui também. Decidi assumir um desafio de produzir o que estava acontecendo no cenário mundial", diz Viktor, que trabalhou com singles de artistas recifenses como Câmara Secreta e MC Klebinho, que atualmente faz parte da HoodCave. Ouça algumas faixas produzidas por KR recentemente: