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120 anos de Gilberto Freyre: Seminário no Recife discute legado do sociólogo

Publicado em: 11/03/2020 11:17 | Atualizado em: 11/03/2020 11:18

Gilberto Freyre. (Foto: Arquivo Publico de Pernambuco)
Gilberto Freyre. (Foto: Arquivo Publico de Pernambuco)

O infindável legado do pernambucano Gilberto Freyre, que completaria 120 anos neste domingo, será rememorado em mesas-redondas e conferências na Fundação Joaquim Nabuco. O seminário Gilberto Freyre: 120 anos de pioneirismo será realizado nesta quarta-feira (11) e quinta-feira (12), a partir das 14h30, na Sala Calouste Gulbenkian, no campus de Casa Forte, Zona Norte da capital. "A Fundação tem esse dever com o Mestre de Apipucos, que foi fundador dessa instituição. Dele, herdamos a vocação para a pesquisa cultural, a preservação da memória, a valorização das ideias e a difusão do conhecimento", diz o presidente da Fundaj, Antônio Campos.

"Com a celebração à figura, mas, sobretudo, à obra de Freyre, estamos cumprindo nossa missão. Gilberto foi inquieto. É preciso reconhecer suas contribuições para a compreensão da identidade do homem dos trópicos. Foi graças ao seu pioneirismo”, completa Campos, que comandará a abertura. A curadoria da programação é da antropóloga e escritora Fátima Quintas, membro da Academia Pernambucana de Letras. Às 15h, após a solenidade, começa a mesaredonda As várias faces de um escritor, sob coordenação do ensaísta Lucilo Varejão Neto, atual presidente da APL. Os escritores Alvacir Raposo, José Nivaldo Júnior e Lourival Holanda também participam do debate, além de Mário Hélio Gomes, gestor da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj.

“Raramente um escritor, após 120 anos de nascido, consegue tem uma obra ainda lida, comentada e tão atual. Gilberto preenche todas as características de um clássico, que comporta a cultura e continua muito tempo depois, suscitando debates e mostrando uma vitalidade muito grande", diz Mário Hélio. "No aspecto literário, ele começou no Diario de Pernambuco, onde se apresenta como escritor. Apenas depois aparece sua obra científica, destacada também por uma qualidade literária muito forte, com beleza e originalidade. Nem todo sociólogo e antropólogo é escritor, mas Freyre coloca a escrita em mesmo grau de importância do assunto que está sendo tratado." 

Memória e contemporaneidade
Anco Marcio Tenorio Vieira, Fátima Quintas e Antônio Campos.  (Foto: Facebook/Reprodução, Joao Velozo/DP e Tarciso Augusto/DP)
Anco Marcio Tenorio Vieira, Fátima Quintas e Antônio Campos. (Foto: Facebook/Reprodução, Joao Velozo/DP e Tarciso Augusto/DP)
Fátima Quintas, atualmente responsável pelos encontros do tradicional Seminário de Tropicologia, coordena a mesa-redonda Memória e contemporaneidade nesta quinta-feira (11), às 14h30. “Gilberto é memória, porque sempre foi preocupado com esse tema. O ser humano é feito de memórias, que dá ao indivíduo personalidade. Ao mesmo tempo, também é contemporaneidade, por ser absolutamente atual”, explica Quintas, que recebe no debate Gilberto Freyre Neto (secretário de Cultura de Pernambuco), Antônio Campos e os professores Anco Márcio e André de Sena.

Para Quintas, a junção desses opostos (tradicional e novo) é uma riqueza, exatamente como Gilberto gostava de fazer. “Ele costumava dizer que o mundo é feito de contradições que precisam ser olhadas de uma forma conjunta. Ele mesmo se definia como paradoxal: ‘Não tem nada mais cansativo do que aquilo que é unidade’. É justamente a oposição que dá entusiasmo à sociedade. Nós somos paradoxos.”

Importância de período nos Estados Unidos
Gilberto Freyre. (Foto: Arquivo DP)
Gilberto Freyre. (Foto: Arquivo DP)
O professor Antonio Dimas, especialista em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), fará uma conferência sobre a importância do período no qual o sociólogo passou nos Estados Unidos - importante, por exemplo, para ele se interessar por antropologia.

"Gilberto sai do Recife em 1918, aos 18 anos, para estudar nos Estados Unidos por quatro anos. Nos primeiros dois, fica em Wako, uma cidadezinha provinciana do Texas, cercada pelo racismo. Em seguida, no início dos anos 1920, muda para Nova Iorque, um centro migratório e extremamente cosmopolita. Nas duas passagens, convive com professores em ciências sociais de alto calibre e se encanta pela literatura inglesa”, comenta o professor, que esteve nos EUA quando soube de um acervo documental de correspondências entre Freyre e o editor Alfred A. Knopf, até hoje conservado pela Universidade do Texas.

“A obra de Gilberto teve uma recepção rigorosamente acadêmica nos Estados Unidos. Professores importantes nas áreas de Ciências Sociais recomendam constantemente sua leitura, mas não por acaso. É importante observar a atenção do próprio escritor para a tradução de sua obra na língua inglesa. Casa-grande & senzala já contava com tradução em francês, mas é em inglês que ela ganha ainda mais notoriedade. Gilberto sabia disso”, completa, ressaltando que Casa-grande & senzala (1933) só foi traduzido ao inglês em 1946, 13 anos após o lançamento no Brasil.
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