Terça do Vinil celebra 12 anos de atividade com show de Nação Zumbi

Pendurada na janela do Xinxim da Baiana, em Olinda, a velha vitrola do pesquisador musical e DJ Juniani Marzani, o 440, reproduzia uma coletânea de músicas brasileiras atraindo olhares dos poucos frequentadores do espaço. Era uma noite de terça-feira, e ele comemorava a demissão com alguns amigos com uma audição das suas músicas preferidas. “Eu trabalhava em uma empresa que detestava. Então, em uma segunda-feira, decidi pedir demissão e chamei uns amigos para comemorar comigo no dia seguinte, uma terça. Pedi ao dono para levar alguns vinis para tocar, já que era um dia de pouco movimento, e ele autorizou”, conta.

O que era para ser um encontro de amigos na calçada de um bar, há 12 anos, reuniu um público surpreendente e a ideia foi repetida nas semanas seguintes por três meses. O projeto tomou corpo e foi intitulado de Terça do Vinil, passando por diferentes espaços: Bodega de Véio e Fortim do Queijo, em Olinda; Rua da Moeda, Pátio de Santa cruz, galeria joana d’arc, Cais do Sertão e Torre Malakoff, no Recife. O aniversário de 12 anos do projeto, que se tornou uma das maiores festas em atividade permanente no estado, será comemorado neste sábado (11), às 21h, no Catamaran Tours, no bairro de São José, com shows de Nação Zumbi, Orquestra do Maestro Oséas, Sambadeiras e, claro, discotecagem do anfitrião, o DJ 440. Os ingressos custam a partir de R$ 60.

'A Terça superou o DJ 440, apesar de eu ser a base, o pontapé desse projeto', pontua o DJ 440. (Foto: Dani Neves/Divulgação)

“Nos dois últimos anos, temos vivido um novo momento na Terça, de forma natural, e decidimos comemorar isso com uma grande festa”, explica o DJ 440. Para além da tradicional audição de vinis semanal que toma as ruas com público de cerca de duas mil pessoas, o projeto se tornou um selo, tem realizado parcerias com o Festival Rec-Beat e vem sendo apresentado em vários estados brasileiros, além da atuação em grandes cidades do exterior, como Lisboa, Madri, Paris, Berlim, Miami e Nova York. “A Terça, desde o início, recebe muitos turistas interessados por música brasileira e, aos poucos, fomos construindo relações com produtores musicais e DJs que nos convidaram para realizar edições lá fora”, conta.

“Chegar aos 12 anos da Terça me deixa muito emocionado. Eu estou ainda mais feliz com essa expansão, eu não esperava. Sou apaixonado por essa troca musical com os amigos, DJs e amantes de música. A Terça superou o DJ 440, apesar de eu ser a base, o pontapé desse projeto”, pontua. Marzani atua como DJ há mais de 20 anos e realiza frequentes pesquisas musicais para se atualizar das novidades, reapresentar clássicos e continuar renovando o público. Apaixonado por música desde criança, Marzani encontrou, nos discos e fitas cassete do pai, o espaço para experimentar os primeiros ruídos dos sons e produzir suas primeiras seleções musicais.

“Meu pai amava música, então eu ouvia os discos e fitas dele, inclusive ele ficava irritado porque eu regravava as fitas com as músicas que eu gostava”, admite. Os encontros semanais da Terça do Vinil para este ano ainda estão indefinidos. Há alguns lugares em vista, mas nada confirmado. Porém, uma mudança está sendo definida: o projeto pode deixar de ser gratuito. “Estamos pensando em tornar a festa paga. É uma tristeza ter que tomar essa decisão, principalmente porque levantamos a bandeira da democratização do acesso, mas fica inviável seguir executando o projeto sem patrocínio e sem apoio do poder público.”