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MÚSICA

Músicos fãs de Leonard Cohen e seu filho concluíram último álbum do cantor

Publicado em: 10/01/2020 09:50

A canção Thanks for the dance, que dá nome ao álbum, é mais um exemplo do acento pop que Leonard Cohen deu à valsa. (Foto: New Yorker/Reprodução)
A canção Thanks for the dance, que dá nome ao álbum, é mais um exemplo do acento pop que Leonard Cohen deu à valsa. (Foto: New Yorker/Reprodução)
Leonard Cohen deixou instruções precisas para seu filho, o produtor Adam, depois do sucesso de You want it darker e antes da sua morte, entre outubro e novembro de 2016: termine a missão, complete as canções que começamos. "Um dia, Adam me ligou e disse que Leonard gostaria de gravar vozes, porque ele tinha terminado algumas letras. Fui até a casa dele e passamos um tempo juntos, com um microfone e um laptop. Aquelas duas horas de trabalho se tornaram três anos", explica o engenheiro de som Michael Chaves no documentário The story of Thanks for the dance, lançado no canal oficial de Cohen no YouTube, em parceria com a La Blogothèque. "Foram canções em que trabalhamos juntos." O resultado é Thanks for the dance, o álbum de inéditas de Leonard Cohen lançado em novembro do ano passado e disponível nas plataformas digitais.
 
O cantor e compositor deixou gravados os seus vocais. Os arranjos e a produção ficaram por conta de uma equipe montada por Adam e Chaves. Depois de envolver o músico e produtor canadense Daniel Lanois no projeto, o grupo foi para Berlim participar do People Festival, onde eles mostraram o material inédito pela primeira vez e também escalaram alguns outros artistas. No fim, acabaram se envolvendo na produção Leslie Feist, Richard Reed Perry (Arcade Fire), Zac Rae (Death Cab For Cutie), Damien Rice e Patrick Watson, entre outros. "Eles estavam com uma situação praticamente ideal, porque eu ouvi uma das canções e, na hora, entendi uma linha de baixo", diz Perry, do Arcade Fire. "Silenciosamente, estávamos convidando o fantasma sagrado da música a adentrar a sala."
 
No documentário, fica clara a admiração dos envolvidos pela obra de Cohen, e também um sentimento dominante de que as canções, e especialmente sua voz elegante de barítono, ainda eram impactantes, singulares e contemporâneas. "A presença de Leonard é tão poderosa que, mesmo sabendo que ele havia partido, nós o sentíamos conosco no estúdio", diz Lanois. "Nunca se parece com um museu, mas sempre com um trabalho de arte vivo e respirando", diz Feist. "E isso é ainda mais encantador, porque todos nós sabemos que ele se foi."

BELEZA
Quando grandes artistas partem, eles deixam, nos melhores casos, uma obra consistente, uma busca contínua que, no caso de Cohen, não era pela perfeição, mas por um ideal de beleza que, humanista leal, ele sabia inalcançável. Quando um gigante como ele morre, a delicada questão de como manusear o que ele deixou de inédito é ainda mais sensível. Mas as instruções eram claras, e Thanks for the dance soa fresco, num momento que pedia por uma voz tão generosa quanto a de Leonard Cohen, a qual achamos que nunca mais ouviríamos.
 
Moving on traz o músico Javier Mas, parceiro antigo de Cohen, tocando a bandurria (espécie de bandolim espanhol) e dando um toque mediterrâneo que sempre acompanhou a vida do poeta numa canção de fim de relacionamento. The night of Santiago é um poema narrativo com ambientação da guitarra de Beck. Thanks for the dance, a música, é uma belíssima valsa – gênero que Cohen cultivou como ninguém no ambiente da música pop. Em Listen to the hummingbird, talvez a última nova canção de Leonard Cohen que ouviremos para sempre, o poeta ensina: "Ouça o beija-flor, não ouça a mim".
 
"Obrigado pela dança", diz Adam Cohen no fim do documentário, em referência ao título do projeto. "Obrigado pela dança da vida, obrigado pelos altos, os baixos, a doçura, o amargor, a tragédia, a comédia, a beleza, o azedume, a leveza… É assim que ele diria. É assim que nós nos referimos ao disco. A leveza com que todos estamos aqui."

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