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RECBEAT 2020

Hot e Oreia é atração confirmada no Rec-Beat 2020. Confira entrevista com a dupla

Publicado em: 21/01/2020 07:45 | Atualizado em: 21/01/2020 09:44

A dupla mineira é a nova atração confirmada do festival Rec-Beat. (Foto: Divulgação)
A dupla mineira é a nova atração confirmada do festival Rec-Beat. (Foto: Divulgação)
“Vocês já sabem o que significa greia?”, perguntei aos mineiros Hot e Oreia. Mesmo eles desconhecendo a expressão típica do vocabulário nordestino - que logo tratei de apresentar -, talvez não exista palavra melhor para definir a dupla. Ambos mesclam com maestria o humor e a acidez da crítica social e são a nova atração anunciada para o Rec-Beat 2020. O festival chega à 25ª edição, de 22 a 25 de fevereiro, no Cais da Alfândega, Bairro do Recife, como vanguarda na aposta de novos artistas e sonoridades durante o carnaval.
 
Mário Apocalypse (Hot) e Gustavo Aguiar (Oreia) se conheceram através do Duelo de MCs, que há dez anos é realizado no Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte. A partir da vivência da arte de rua, os dois se tornaram amigos e colaboradores constantes por muito tempo, formando o coletivo DV Tribo, grupo que tinha como integrantes artistas como Djonga, Clara Lima e FBC. Ano passado, já firmados como um duo de rap, que nega o título de rappers, lançaram o disco de estreia, Rap de massagem. Em entrevista ao Viver, a dupla fala sobre a carreira. 
 
Hot e Oreia mesclam com criatividade a crítica social ao humor. (Foto: Reprodução/Youtube)
Hot e Oreia mesclam com criatividade a crítica social ao humor. (Foto: Reprodução/Youtube)
 
ENTREVISTA - Hot e Oreia

A formação de vocês está muito ligada a eventos de Belo Horizonte como o Sarau Vira-Lata e Duelos de MCs. Como vocês se descobriram MCs?
Hot: A gente se criou dentro desses espaços, nos conhecemos dentro da batalha. Pela raiz da coisa. A gente é chamado de MC, porque é sobre a cultura de rua que acontece nos espaços públicos de BH. Sempre tivemos isso de buscar de vários lugares e trazer para o nosso. Foi assim que tivemos a ideia de criar o Sarau Vira-Lata. Inclusive, foi aí que conhecemos Djonga. Esses espaços nos ajudaram a nos descobrir como artista. A parada era performance, né? Sempre ao lado da galera do circo e do teatro.

Vocês também têm uma formação que vem das artes cênicas, certo?
Hot: Sim, eu sou neto de Álvaro Apocalypse, fundador do Grupo Giramundo, uma das maiores companhias de teatro de bonecos do mundo. Fui criado nesse universo.
Oreia: Eu fui mais no universo do Sarau Vira-Lata mesmo. Mas sempre fui palhaço desde pequeno. Durante a adolescência, fiz teatro, quando tinha uns 15 anos.

Como vocês se conheceram e tiveram a ideia de montar o projeto?
Oreia: Primeiro formamos o grupo Filhos de Sandra, mas sempre tivemos um milhão de projetos juntos. Com o fim do DV, pensamos em seguir juntos. Foi algo mais de oficializar como uma dupla.

A faixa Eu vou, além de uma parceria com Djonga, tem um clipe cheio de referências ao Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Qual a relação de vocês com esse trabalho?
Hot: Tanto a obra literária, quanto a cinematográfica, acho que representa o Brasil de forma muito honesta. Desde que assistimos, quando a gente era bem moleque, piramos com a coisa do João Grilo e Chicó. Além do Jesus preto e tudo mais. A gente ficava ‘Caraca! Como a galera conseguiu fazer um filme desse no Brasil?’ Assistimos a tudo e demos uma parada antes de fazer clipe. Também associamos muita coisa do trabalho ao momento que a gente está vivendo, né? Tanto que a ideia do clipe veio antes que a música em si.
 
O grupo tem o Auto da Compadecida entre suas referências. (Foto: Reprodução/Youtube)
O grupo tem o Auto da Compadecida entre suas referências. (Foto: Reprodução/Youtube)
 
Como vocês enxergam essa articulação entre crítica social e humor no trabalho de vocês?
Oreia: É bem natural pra gente. O rap é muito sobre a crítica e, mesmo falando que não somos rappers, sempre estamos criticando muita coisa. Mas também fazemos muita música sobre autocrítica, que muita gente acha que é sobre outras pessoas, mas acaba sendo sobre nós mesmos.

Vendo seus clipes lembrei muito de uma excentricidade e de uma greia meio humor da MTV, tipo Hermes e Renato. Também já vi muita gente comparando a Mamonas Assassinas. Quais são as referências de vocês no humor?
Hot: Mamonas é uma referência, com certeza. A gente tem muita coisa de desenho animado, além de clássicos tipo Tiririca e Chaves. A gente gosta da “tosqueira” (risos).

Já conheciam o festival Rec-Beat? qual é a expectativa?
Hot: A gente está muito feliz de participar. Nunca fomos, mas sabemos que é um dos festivais mais legais do Brasil, sempre sendo resistência e luta. Recife é um dos picos mais fortes de cultura. Vamos levar um pouco do disco novo pro show.


REC-BEAT
Quando foi criado, em 1993, o Rec-Beat tinha como intenção ser uma festa itinerante, que apresentava os novos sons de uma cidade em plena efervescência e criação cultural. O evento manteve a tradição, tornou-se palco de novos artistas e celebração de nomes já consagrados.
 
Para Antonio Gutierrez, criador do festival, uma das maiores conquistas foi manter a qualidade e posição de espaço de experimentação. “A nossa maior satisfação é se manter intacto. Manter frescor, rigor e encontro de bandas novas com a tradição. Chegar nesse estágio com o festival pulsando é o maior motivo de comemoração. É um festival que não envelheceu, pois estamos sempre na vanguarda.”

O Rec-Beat recebeu artistas da cena local logo no início como Mundo Livre S/A, Eddie, Nação Zumbi e Cordel do Fogo Encantado, além de nomes de dentro e fora do Brasil. “O conteúdo é sempre um recorte do que achamos mais interessante”, diz Gutierrez.
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