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João Cabral de Melo Neto

Cepe relançará célebre 'dossiê' sobre João Cabral de Melo Neto

Publicado em: 09/01/2020 15:05

João Cabral de Melo Neto e Antonio Carlos Secchin. (Foto: Bob Wolfeson e Academia Brasileira de Letras/Divulgação)
João Cabral de Melo Neto e Antonio Carlos Secchin. (Foto: Bob Wolfeson e Academia Brasileira de Letras/Divulgação)
Os primeiros poemas de João Cabral de Melo Neto escaparam do desaparecimento por um acaso. Como vice-cônsul em Barcelona, no ano de 1947, relendo seus primeiros versos de adolescência, o poeta recifense quase os destruiu. Se não fosse pelos esforços de sua primeira mulher, Stella, que os recuperou e transcreveu tudo em um caderno, que apenas em 1990 viraria livro, teriam sumido. A história que remonta a sobrevivência da primeira escrita do poeta é uma das que compõem o livro João Cabral de ponta a ponta, escrito pelo crítico literário, ensaísta e poeta carioca Antonio Carlos Secchin. A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) prepara para abril o lançamento de uma reedição com material inédito.

A nova edição é uma espécie de dossiê, que analisa a obra do poeta recifense desde sua primeira produção. Parte do conteúdo já tinha sido publicada em 2014, no título João Cabral: Uma fala só lâmina (Editora Cosac Naify). “Atuo em dois projetos complementares: a organização da Poesia completa, pela Alfaguara, e a edição de João Cabral de ponta a ponta, pela Cepe. A nova edição é uma reunião de praticamente tudo que escrevi sobre o poeta ao longo dos últimos 40 anos, acrescida, em relação à edição de 2014, de um ensaio inédito, em que examino o complexo relacionamento entre Cabral e Drummond”, explica Secchin.  

Em um livro de Cabral consta um singelo registro dessa relação. "A Carlos Drummond de Andrade, meu amigo", escreveu na dedicatória de O engenheiro (1945). O poeta mineiro também foi padrinho de casamento do recifense. Os dois foram próximos durante todos os anos 1940, mas se afastaram na década seguinte. No ensaio, Secchin analisa desde momentos literários, entrevistas até cartas para pensar como essa relação e distanciamento segmentou a produção de ambos os poetas.

“João sempre admirou muito Drummond, mas houve um distanciamento. Ele comenta um pouco essa relação poética. De jeito nenhum eles falaram palavras duras um contra o outro. É como se Cabral afirmasse um caminho na poesia, e Drummond outro.”

Os primeiros poemas até sua última publicação, Sevilha andando (1989), estão presentes na análise Secchin. A edição apresenta ainda uma entrevista do pesquisador com o pernambucano, que o descreveu como “quem melhor analisou os desdobramentos daquilo que pude realizar como poeta”. Entre os materiais especiais da obra estão a transcrição de uma palestra do poeta na Faculdade de Letras da UFRJ, em 1993, um caderno de imagens com a reprodução de várias dedicatórias importantes e de capas ou folhas de rostos.
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